21 de março de 2020

CEARÁ É O ESTADO DO NORDESTE COM MAIOR NÚMERO DE INFECTADOS POR CORONAVÍRUS


O último boletim da Secretaria de Saúde do Estado registrou 68 infectados até ontem. Número de suspeitos não foi divulgado 

O novo coronavírus evoluiu no Estado do Ceará. Com alta transmissão, o contágio da Covid-19 tornou-se comunitário, ou seja, a pessoa pode ser infectada na própria região, sem necessidade de viagem ao exterior, por exemplo. O anúncio foi da Secretaria da Saúde (Sesa), acompanhado do novo boletim epidemiológico: 68 casos confirmados, até ontem (20). 
Índice crescente e que representa evolução de 2.100% desde o 1º registro, há cinco dias, quando eram três doentes. E os espaços afetados são Fortaleza (63), Aquiraz (1), Fortim (1), Sobral (1) e Juazeiro do Norte (1), além de um paulista que testou positivo, o que deixa o Ceará na liderança de casos do Nordeste. 
A Pasta também comunicou que não irá mais divulgar números de casos suspeitos ou descartados. O documento diário será mais simples, com dados voltados para o registro de infectados, sem descrição de idade ou sexo. 
No Brasil, o processo de pandemia é ainda mais notório, com 904 contaminados distribuídos entre os estados e o Distrito Federal. São 11 óbitos, sendo nove em São Paulo e dois no Rio de Janeiro - apenas Roraima e Maranhão não registram a doença. 
Um cenário grave, mas previsto pelo Governo do Estado, segundo o titular da Sesa, Dr. Cabeto. Antes da divulgação dos números latentes, o Executivo lançou um decreto prevendo contenção para estabelecimentos comerciais a fim de evitar qualquer aglomeração - supermercados, redes hospitalares e farmácias são exceção e seguem abertos. 

"Nós já temos transmissão comunitária. Nessa fase não sabemos mais a área do contágio ou quem é o pessoal que foi infectado. Agora passa a ser contato múltiplo e o isolamento social fica ainda mais importante, reduz o número de contágio. Isso muda as estratégias", explicou o titular da pasta. 

O panorama tornou necessária a escala de prioridade no atendimento. Apesar dos sintomas similares aos das demais influenzas - febre, coriza ou náusea - o rigor é maior no atual coronavírus pela dificuldade respiratória que impõe no infectado. 
Assim, as unidades hospitalares darão preferência de socorro a idosos acima de 80 anos, pessoas com doenças imunossupressoras, que estejam realizando tratamento de câncer, com diabetes ou insuficiência cardíaca. 
Em contato com a reportagem, o doutor Eduardo Finger, médico clínico geral e imunologista, ressaltou que a estratégia é importante para frear a disseminação da doença. Traçando um paralelo com a Europa, o especialista explicou que muitos serão contaminados, no entanto, os sintomas serão leves, sem necessidade de uso do corpo médico local para tratamento. 
"Existe uma diferença crítica entre todo mundo se infectar de uma vez, que foi o que aconteceu na Itália, quando todo mundo procura hospital no mesmo dia, ou uma transmissão mais lenta, em que você não sobrecarrega a capacidade de atendimento e sempre vai ter lugar para mais um paciente. No fim das contas, quem vai morrer não é quem pega o vírus, é quem a gente não pode oferecer o suporte avançado de vida se ele tiver doença grave. A enorme maioria vai ter mais medo que sintomas, vai passar seus cinco dias febris em casa, depois vai melhorar", analisou. 
O plano segue, inclusive, uma restrição ao teste para confirmação da Covid-19. Como os suspeitos locais são muitos, a quantia sobrepõe o número de exames, o que inviabiliza um laudo clínico na população geral. A tendência é a adoção do diagnóstico clínico-epidemiológico, quando o médico contabiliza a doença exclusivamente por meio dos sintomas. 

 Fonte: DN 

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