Ele perdeu membro em acidente durante viagem
para ver filho recém-nascido. 'Tem gente com a situação pior que a minha e que
não para de lutar', diz.
A história do sargento José Nelson dos Santos
Silva, de 45 anos, tinha tudo para terminar no dia 15 de agosto de 2015, quando
ele sofreu um grave acidente próximo de Goiânia (GO). Em uma colisão com um
caminhão, ele perdeu um braço, mas manteve a vida e a vontade de dar a volta
por cima.
"Quando eu acordei viu o braço amputado
pensei: a vida acabou, acabou tudo para mim, meus sonhos morreram", conta
emocionado. Jose Nelson é policial militar desde 1993, quando saiu de Arco
Verde (PE), após passar em um concurso público no Tocantins.
O acidente aconteceu justamente em um momento
de grande alegria para ele, logo após o nascimento do segundo filho.
"Eu estava viajando para Goiânia para
ver o meu filho. Estava com meu cunhado. Já chegando na cidade percebi que ele
cochilou."
"Quando eu chamei, ele tirou o máximo
que pode, mas bateu na lateral do caminhão, que arrancou a porta do lado
direito onde eu estava. Eu fui arremessado e perdi muito sangue. Vi que o braço
já estava praticamente apartado."
Durante os três meses de recuperação, o
sargento ouviu várias vezes que seria aposentado. "Os colegas sempre
falando que automaticamente eu iria aposentar. Isso soava como uma facada.
Tinha acabado meu sonho de sair com o sentimento de dever cumprido."
"Depois levantei a cabeça, lembrei dos
meus filhos e percebi que não tinha nada perdido. A vida continua. Tem muita
gente com a situação pior que a minha e que não para de lutar. Sabia que ainda
poderia contribuir com a sociedade", afirmou.
O pedido de Silva soou estranho até para o
médico. "Perguntei se poderia optar por trabalhar e ele até brincou: mas
está faltando um braço. Aí eu respondi, estou deficiente, mas não estou
inválido."
O sargento saiu do setor operacional e
atualmente trabalha no setor de transportes da 2ª Companhia Independente da
Polícia Militar, em Augustinópolis, extremo norte do Tocantins.
"Foi um recomeço. As vezes a gente está
nessa situação e tende a se ver como um aleijado, mas tenho atendido as
expectativas dos meus comandantes. Sou grato porque me deram a chance de
terminar o meu dever", finalizou.
Inspiração
Para os comandantes, o sargento é motivo de
inspiração. "Ficamos consternados quando ele sofreu o acidente e por tudo
que passou. Mas ficamos ainda mais admirados por ele ter tomado a iniciativa de
permanecer na corporação como um policial da ativa", comentou o comandante
da 2ª CIPM, major Denyure de Meneses Cavalcante.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário