30 de dezembro de 2014

REVIRAVOLTA: AMIGA DE TURISTA ITALIANA É PRESA E POLÍCIA INVESTIGA SEGUNDO SUSPEITO

Investigação aponta série de relatos falsos que levam testemunha à categoria de suspeita da morte de Gaia Molinari.

A Polícia pediu a prisão preventiva da turista Mirian França Melo, 31, que passou de testemunha a suspeita de envolvimento na morte da italiana Gaia Barbara Molinari, 29. A delegada adjunta da Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur), Patrícia Bezerra, informou que a farmacêutica de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, mentiu durante o primeiro depoimento, que foi realizado na última sexta-feira (26). A equipe da Deprotur encontrou uma série de contradições nas informações repassadas por Mirian durante a investigação in loco, na praia de Jericoacoara. A delegada Patrícia Bezerra foi pessoalmente ao local, acompanhada de Mirian, que naquele momento ainda era considerada testemunha. A turista do Rio de Janeiro foi confrontada em Jericoacoara e não pôde mais sustentar as informações do primeiro depoimento.

Ainda segundo a delegada, em determinado momento do primeiro depoimento, Mirian tentou induzir a Polícia sobre um determinado suspeito, repassando falsas informações. Mirian planejava retornar ao Rio de Janeiro ontem, quando foi presa, segundo a Polícia.

Mãe   

Em entrevista ao jornal Extra, do Rio, a mãe de Mirian, Valdicéia França, informou que a filha e Gaia se conheceram na cidade fluminense. A aposentada disse não saber se as duas eram conhecidas da faculdade ou de outro lugar, mas que eram amigas e decidiram viajar juntas. Os primeiros levantamentos da Polícia Civil indicavam que a farmacêutica e a italiana se conheceram em um hostel em Fortaleza, onde Gaia trabalhava para garantir a hospedagem e Mirian estava a passeio. Segundo informações do vice-cônsul da Itália em Fortaleza, Roberto Misici, a italiana morava em Paris, mas estava no Brasil desde novembro. Ela visitou Rio de Janeiro e São Paulo antes de chegar a Fortaleza. A italiana trabalhava como relações públicas de uma grande empresa em Paris, conforme ressaltou o cônsul.
Outro detalhe acerca da investigação é que Mirian tentou antecipar a passagem dela e de Gaia de Jericoacoara para Fortaleza para o dia 24, mas o sistema da empresa de transporte estava fora do ar. No depoimento, a agora suspeita disse que a antecipação da viagem seria pelo fato de que Gaia estaria doente.

Mirian ainda disse que marcou com a vítima para se encontrarem no hotel, mas que ela não apareceu e a farmacêutica preferiu embarcar sozinha para Fortaleza para não perder a passagem. Da Capital cearense, a turista do Rio seguiu para a praia de Canoa Quebrada, em Aracati, onde foi localizada pelos agentes da Polícia Militar e encaminhada novamente a Fortaleza.

A delegada ainda não recebeu os exames toxicológicos, que devem apontar se a italiana ingeriu bebida alcoólica ou alguma substancia ilícita. A delegada também aguarda o exame de DNA e o resultado do laudo que deve apontar se houve crime sexual contra Gaia. O único laudo divulgado aponta que Gaia morreu vítima de asfixia mediante estrangulamento.

Anteriormente, a Polícia Militar deteve um nativo de Jericoacoara que foi investigado como suspeito, mas segundo o comandante da Polícia Militar, coronel Júlio Aquino, o homem foi encaminhado à Delegacia de Proteção ao Turista para averiguação. Em seguida, foi levado à sede da Perícia Forense, onde passou por exames periciais e foi liberado. Para o comandante, a realização dos exames foi necessária para resguardar a integridade física do próprio suspeito, que estava sendo apontado pela população como o autor do crime. A PM estaria recebendo várias ligações anônimas informando que o homem seria o responsável pelo crime, mas após os exames foi descartado o envolvimento.

A linha de investigação de latrocínio (roubo seguido de morte) foi descartada. A Polícia, porém, ainda mantém a possibilidade de um crime passional e divulgou que existem duas linhas de investigação.

Consulado

Até o fechamento desta edição, o corpo de Gaia continuava na sede da Perícia Forense do município de Sobral, mas os restos mortais seriam encaminhados a Fortaleza, onde será embalsamado. Anteriormente, o cônsul da Itália em Fortaleza informou que o corpo seria cremado ainda na Capital. Contudo, na manhã de ontem, a informação foi que a família teria mudado de ideia e, após a liberação, o corpo será levado para a Itália.

O processo de embalsamamento será realizado por uma empresa em Fortaleza que foi indicada pelo consulado. Toda a ação foi autorizada pela família de Gaia na Itália. "Estamos representando o consulado da Itália em Fortaleza, que está sob a jurisdição em Recife, onde temos o consulado geral que está ligado diretamente à embaixada. Desde o acontecimento o nosso consulado sempre esteve atento seguindo todas as evoluções dos acontecimentos. Se citou que o consulado havia sido contactado e não houve retorno, temos um contato de emergência que atende esses casos. Nós estamos acompanhando tudo para dar o melhor para que os familiares dessa vítima consigam todos os detalhes, os mais corretos possíveis", relatou o cônsul. O oficial da Polícia italiana no Brasil, Roberto Donat, tem acompanhado todas as etapas da investigação.

O policial italiano ressaltou a força tarefa que foi montada pela Polícia Civil e Polícia Militar, representada na coletiva pela delegada Patrícia Bezerra e pelo responsável pelo Comando de Policiamento do Interior (CPI) Sul, coronel Júlio Aquino. Além da Coordenadoria de Operações Aéreas (Ciopaer) que também tem sido uma ferramenta essencial para as investigações in loco.

O caso

A turista italiana Gaia Barbara Molinari, 29, foi encontrada morta na última quinta-feira (25), por um casal de turistas que caminhava para a Pedra Furada, ponto turístico da Praia de Jericoacoara. Ela trajava apenas biquini e havia uma bolsa nas costas que continha objetos pessoais como uma cópia do passaporte e chicletes.

Jéssika Sisnando
Especial para Polícia
Fonte: DN

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