Investigação aponta série de relatos falsos que
levam testemunha à categoria de suspeita da morte de Gaia Molinari.
A Polícia pediu a prisão preventiva da turista
Mirian França Melo, 31, que passou de testemunha a suspeita de envolvimento na
morte da italiana Gaia Barbara Molinari, 29. A delegada adjunta da Delegacia de
Proteção ao Turista (Deprotur), Patrícia Bezerra, informou que a farmacêutica
de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, mentiu durante o primeiro depoimento,
que foi realizado na última sexta-feira (26). A equipe da Deprotur encontrou
uma série de contradições nas informações repassadas por Mirian durante a investigação
in loco, na praia de Jericoacoara. A delegada Patrícia Bezerra foi pessoalmente
ao local, acompanhada de Mirian, que naquele momento ainda era considerada
testemunha. A turista do Rio de Janeiro foi confrontada em Jericoacoara e não
pôde mais sustentar as informações do primeiro depoimento.
Ainda segundo a delegada, em determinado momento
do primeiro depoimento, Mirian tentou induzir a Polícia sobre um determinado
suspeito, repassando falsas informações. Mirian planejava retornar ao Rio de
Janeiro ontem, quando foi presa, segundo a Polícia.
Mãe
Em entrevista ao jornal Extra, do Rio, a mãe de
Mirian, Valdicéia França, informou que a filha e Gaia se conheceram na cidade
fluminense. A aposentada disse não saber se as duas eram conhecidas da faculdade
ou de outro lugar, mas que eram amigas e decidiram viajar juntas. Os primeiros
levantamentos da Polícia Civil indicavam que a farmacêutica e a italiana se
conheceram em um hostel em Fortaleza, onde Gaia trabalhava para garantir a
hospedagem e Mirian estava a passeio. Segundo informações do vice-cônsul da
Itália em Fortaleza, Roberto Misici, a italiana morava em Paris, mas estava no
Brasil desde novembro. Ela visitou Rio de Janeiro e São Paulo antes de chegar a
Fortaleza. A italiana trabalhava como relações públicas de uma grande empresa
em Paris, conforme ressaltou o cônsul.
Outro detalhe acerca da investigação é que
Mirian tentou antecipar a passagem dela e de Gaia de Jericoacoara para
Fortaleza para o dia 24, mas o sistema da empresa de transporte estava fora do
ar. No depoimento, a agora suspeita disse que a antecipação da viagem seria
pelo fato de que Gaia estaria doente.
Mirian ainda disse que marcou com a vítima para
se encontrarem no hotel, mas que ela não apareceu e a farmacêutica preferiu embarcar
sozinha para Fortaleza para não perder a passagem. Da Capital cearense, a
turista do Rio seguiu para a praia de Canoa Quebrada, em Aracati, onde foi
localizada pelos agentes da Polícia Militar e encaminhada novamente a
Fortaleza.
A delegada ainda não recebeu os exames
toxicológicos, que devem apontar se a italiana ingeriu bebida alcoólica ou
alguma substancia ilícita. A delegada também aguarda o exame de DNA e o
resultado do laudo que deve apontar se houve crime sexual contra Gaia. O único
laudo divulgado aponta que Gaia morreu vítima de asfixia mediante
estrangulamento.
Anteriormente, a Polícia Militar deteve um
nativo de Jericoacoara que foi investigado como suspeito, mas segundo o
comandante da Polícia Militar, coronel Júlio Aquino, o homem foi encaminhado à
Delegacia de Proteção ao Turista para averiguação. Em seguida, foi levado à
sede da Perícia Forense, onde passou por exames periciais e foi liberado. Para
o comandante, a realização dos exames foi necessária para resguardar a
integridade física do próprio suspeito, que estava sendo apontado pela
população como o autor do crime. A PM estaria recebendo várias ligações
anônimas informando que o homem seria o responsável pelo crime, mas após os
exames foi descartado o envolvimento.
A linha de investigação de latrocínio (roubo
seguido de morte) foi descartada. A Polícia, porém, ainda mantém a
possibilidade de um crime passional e divulgou que existem duas linhas de
investigação.
Consulado
Até o fechamento desta edição, o corpo de Gaia
continuava na sede da Perícia Forense do município de Sobral, mas os restos
mortais seriam encaminhados a Fortaleza, onde será embalsamado. Anteriormente,
o cônsul da Itália em Fortaleza informou que o corpo seria cremado ainda na
Capital. Contudo, na manhã de ontem, a informação foi que a família teria
mudado de ideia e, após a liberação, o corpo será levado para a Itália.
O processo de embalsamamento será realizado por
uma empresa em Fortaleza que foi indicada pelo consulado. Toda a ação foi
autorizada pela família de Gaia na Itália. "Estamos representando o
consulado da Itália em Fortaleza, que está sob a jurisdição em Recife, onde
temos o consulado geral que está ligado diretamente à embaixada. Desde o
acontecimento o nosso consulado sempre esteve atento seguindo todas as
evoluções dos acontecimentos. Se citou que o consulado havia sido contactado e
não houve retorno, temos um contato de emergência que atende esses casos. Nós
estamos acompanhando tudo para dar o melhor para que os familiares dessa vítima
consigam todos os detalhes, os mais corretos possíveis", relatou o cônsul.
O oficial da Polícia italiana no Brasil, Roberto Donat, tem acompanhado todas
as etapas da investigação.
O policial italiano ressaltou a força tarefa que
foi montada pela Polícia Civil e Polícia Militar, representada na coletiva pela
delegada Patrícia Bezerra e pelo responsável pelo Comando de Policiamento do
Interior (CPI) Sul, coronel Júlio Aquino. Além da Coordenadoria de Operações
Aéreas (Ciopaer) que também tem sido uma ferramenta essencial para as
investigações in loco.
O caso
A turista italiana Gaia Barbara Molinari, 29,
foi encontrada morta na última quinta-feira (25), por um casal de turistas que
caminhava para a Pedra Furada, ponto turístico da Praia de Jericoacoara. Ela
trajava apenas biquini e havia uma bolsa nas costas que continha objetos
pessoais como uma cópia do passaporte e chicletes.
Jéssika Sisnando
Especial para Polícia
Fonte: DN
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