O governador defende que seu
sucessor não pode ser responsabilizado.
O governador Cid Gomes (Pros)
disse que seu sucessor, Camilo Santana (PT), não poderá ser responsabilizado e
nem deverá absorver as sequelas da tensão que marcou o relacionamento entre
Governo e a Polícia nos últimos três anos. Em uma das áreas mais delicadas da
gestão, Cid avalia que zera tudo a partir de janeiro de 2015. “Não há nada que
ele (Camilo), pessoalmente, tenha tido participação. Portanto, ele começa com o
clima zerado. E espero que, por parte da tropa, ninguém vá atribuir a ele
alguma tensão que tenha havido comigo”, afirmou Cid em entrevista exclusiva
após visita ao O POVO.
O esgarçamento da relação entre o
Executivo e a Polícia Militar é apontado como um dos fatores para o agravamento
da situação da segurança pública no Estado. A crise despontou durante a greve
da categoria em janeiro de 2012, sucedida por sindicâncias contra policiais,
expulsões nas corporações e emergência de lideranças políticas dentro da PM,
como o deputado estadual eleito Capitão Wagner e o deputado federal eleito cabo
Sabino – ambos filiados ao PR, em oposição a Cid.
“Com Camilo, obviamente, isso
zera. Camilo não teve participação, nem para o bem nem para o mal. Eu, por
dever, determinei a abertura de sindicâncias, e muita gente, dentre as quais o
cabo Sabino, foi excluído dos quadros da PM. Imagino que eles devem ter ódio
por conta disso. Mas isso é uma imposição de quem está com essas
responsabilidades. Não sinto nenhum prazer de tirar o ‘ganha pão’ de um pai de
família. Mas policia tem de ter hierarquia, disciplina”, argumentou.
“O tempo irá curar”
Cid defende que dedicou atenção
ao setor de segurança, do fardamento aos instrumentos de trabalho. A tese dele
é de que a crise na relação é resultado de contaminação política nos quarteis.
Questionado sobre reclamações de policiais sobre suposta perseguição e falta de
diálogo com o Governo, ele rebateu: “Quem são esses que reclamam? Você não pode
confundir o corpo com as lideranças. As lideranças viraram política. Vivem do
antagonismo, e vão querer permanentemente alimentar um antagonismo. Vão mentir
sempre, vão contar versões diferentes do que é a realidade”, criticou.
Às vésperas de deixar o cargo,
Cid disse que a greve da PM foi o pior momento de sua vida e que “o tempo irá
curar as feridas”. “E sofri muito, pessoalmente, imagino também que as pessoas
que estavam lá (na greve), no nível de tensão, também. Porque certamente lá não
faltavam boatos de que um helicóptero iria jogar gás lacrimogêneo... Isso tudo
fica marcado”, refletiu.
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