De maneira geral os policiais brasileiros sofrem
de baixa autoestima profissional, sentindo-se na condição de quem não tem
amparo por parte dos governos e da sociedade para a realização do seu trabalho.
Não é incomum ver policiais desacreditados sobre a possibilidade de prestar
algum serviço que seja reconhecido, aplaudido e elogiado, e então muitos
admitem fazer apenas o que não lhes gera ônus.
É inquestionável que as polícias precisam ser
fiscalizadas. Os abusos da força e os envolvimentos com o crime devem ser
apontados, devassados e solucionados. Mas não basta isso. Assim como acontece
na educação familiar, é importantíssimo dizer “não” aos filhos no momento
certo, mas também é preciso ser encorajador e propositivo. É preciso reconhecer
as boas práticas, indicando o que precisa ser continuado e valorizado.
“COM APENAS DEDOS APONTADOS AOS SEUS ERROS, OS POLICIAIS SENTEM-SE ACUADOS, ISOLAM-SE, VITIMIZAM-SE, NEGAM SUA CONDIÇÃO E EVITAM SE EXPOR, DIALOGAR E OUVIR”
Os casos de brutalidade e corrupção policial que
tanto incomodam a sociedade geram tamanho ressentimento que tem inviabilizado o
olhar acolhedor às boas práticas (que geralmente são citadas apenas para evitar
a generalização). Com apenas dedos apontados aos seus erros, os policiais
sentem-se acuados, isolam-se, vitimizam-se, negam sua condição e evitam se
expor, dialogar e ouvir.
Nesse sentido carecemos de veículos de
comunicação propositivos, que afirmem a importância e a valor dos policiais –
obviamente, dentro de uma lógica cidadã, humanitária e legal. O ciclo precisa
ser quebrado: pelas polícias que devem buscar a correção nas suas posturas e
pelo conjunto da sociedade, que deve reconhecer e elevar a autoestima de seus
policiais. Uma coisa tem muito a ver com a outra.
Matéria reproduzida do Abordagem Policial
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