29 de julho de 2013

HOMEM FURA BLITZ E É MORTO POR PM EM PARACURU

Um jovem de 25 anos foi morto com um tiro disparado por um cabo da Polícia Militar, na tarde do último sábado. A vítima estava em um carro que desviou de uma blitz no município de Paracuru, a 88 quilômetros de Fortaleza. O motorista Darlan de Castro Silva foi baleado nas costas. Ele estava no banco traseiro do veículo. Segundo a Polícia, o militar alega que o disparo foi acidental.
 
De acordo com o relato de testemunhas, Darlan seguia com outras três pessoas em um carro modelo C3, da marca Citroën. O grupo estava participando de um churrasco e havia saído para comprar carnes e bebidas. O amigo Gerardo Magalhães, que estava ao lado de Darlan no banco traseiro, conta que, ao avistarem a blitz, decidiram fazer um retorno, antes de passar pela barreira.
Charles Freitas, amigo de Darlan que conduzia o veículo, diz que decidiu retornar antes de passar pela blitz porque estava sem os documentos do veículo, que pertence a uma tia dele. O desvio seria para pegar os documentos e, em seguida, continuar o trajeto.
O policial militar está detido no 5º Batalhão da PM, no bairro José Bonifácio

Os amigos afirmam não terem notado que estavam sendo perseguidos por policiais. “Peguei uma estrada de piçarra. Depois de uns 10 ou 15 minutos, fui desviar de uma poça d’água e ouvi um tiro. Quando olhamos para trás, vi o policial, que me abordou com uma arma na cabeça, perguntando se a gente queria fugir. Nem sabia ainda que o tiro tinha acertado o meu amigo”, detalha Charles.
De acordo com informações da Delegacia de Paracuru, o tiro disparado pelo policial acertou a carroceria do C3, perfurou o banco traseiro e atingiu as costas de Darlan. Ele foi socorrido pelos amigos no próprio veículo, mas já chegou sem vida ao hospital. “O policial não fez nada, foi embora não sei pra onde, nem chamou socorro”, denuncia Gerardo Magalhães.
Conforme o capitão Isaac Rodrigues do Nascimento, comandante da 2ª Companhia do 11º Batalhão da PM, sediada em Paracuru, o cabo autor do disparo alegou que o carro desviou da blitz e houve perseguição. Ainda segundo o capitão, dois policiais em duas motos passaram a seguir o carro, até que um dos policiais não conseguiu alcançar o primeiro motociclista e ficou para trás.
“O policial contou que fez um disparo de advertência para o alto. Em um segundo momento, o carro parou em estrada carroçal, enlameada. O policial disse que estacionou a moto e caiu (junto com o veículo). A arma disparou e pegou nas costas do jovem”, diz o capitão.
O comandante informa ainda que o cabo se apresentou de forma espontânea na Delegacia Regional de Itapipoca, onde prestou depoimento. Ele foi submetido a recolhimento transitório e está detido no 5º Batalhão da Polícia Militar, em Fortaleza. 
“Querido e trabalhador”
Darlan era casado e pai de uma menina de seis anos. O pai dele, Francisco Antônio da Silva, 58 anos, conta que o filho era muito conhecido na cidade e querido por todos. Ele trabalhava como motorista em um depósito de materiais de construção no município. “Meu filho era um trabalhador, um menino direito. Não tinha quem não gostasse dele. Esse policial acabou com a minha vida e da minha mulher”, lamentou, emocionado.

Onde
ENTENDA A NOTÍCIA
No município de Paracuru, a 88 quilômetros de Fortaleza, jovem morreu por tiro disparado por policial militar. Incidente ocorreu após carro em que vítima estava desviar de blitz. O PM alega que tiro foi disparado acidentalmente. 
Saiba mais 
O cabo autor do disparo não teve o nome divulgado pela Polícia Militar. 
O capitão Isaac Rodrigues do Nascimento, comandante da 2ª Companhia do 11º Batalhão da Polícia Militar, disse que o policial era lotado em Paracuru há cerca de cinco anos. 
A arma e a motocicleta do policial foram apreendidas e passarão por perícia. 
O capitão Isaac disse ainda que todos os policiais que estavam na blitz asseguraram que houve perseguição policial porque os ocupantes do carro fugiram da barreira. 
A blitz estava montada na entrada da cidade de Paracuru. O disparo ao jovem aconteceu na localidade de Boi Morto, segundo a Polícia.
O pai de Darlan, Francisco Antônio, informou que o filho, a esposa dele e a neta de seis anos estavam morando com ele. Darlan estava terminando uma casa para morar com a esposa e a filha. “Ele não teve nem gosto de morar na casinha dele”, lamentou o pai.
Darlan, que nasceu e vivia em Paracuru, foi sepultado na tarde de ontem, no cemitério da cidade. “Muita gente compareceu”, disse o pai do jovem.
Fonte: O POVO

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