30 de março de 2013

XADREZES DAS DELEGACIAS COMEÇAM A FICAR VAZIOS.


A remoção total dos presos retidos nas DPs deve demorar ainda duas semanas. Todos passam por triagem.

Cerca de 300 presos já foram transferidos das delegacias de Polícia Civil da Capital para a Casa de Privação Provisória da Liberdade Agente Penitenciário Elias Alves da Silva, a CPPL IV, localizada no Complexo Penitenciário da Grande Fortaleza, localizado no Município de Itaitinga.
Nas próximas duas semanas, a operação, que foi suspensa por conta do feriadão da Semana Santa, deverá ser concluída com o total esvaziamento dos xadrezes das unidades policiais.


A transferência dos presos provisórios vem sendo feita pela Polícia Civil com o apoio da PM, através do seu Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). Até a última quinta-feira, nenhum incidente ocorrera durante o traslado dos detentos.

Conforme ficou acertado entre a Secretaria da Justiça e da Cidadania do Estado (Sejus) e a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a remoção dos presos para a nova CPPL acontece após ser feita uma triagem dos detentos. No novo presídio, eles estão sendo separados em ´Vivências´ (alas) e celas de acordo com vários critérios, como idade, grau de periculosidade, nível de reincidência e motivo da prisão (incidência penal). A perigosa ´mistura´ de presos vem sendo evitada pela Sejus para aliviar as tensões nas unidades penitenciárias.

De acordo com o diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), delegado Jairo Façanha Pequeno, por dia, estão sendo transferidos das DPs para a CPPL IV em torno de 60 presos.

Superlotação

Até o começo da operação, um contingente de quase 900 presos superlotava as carceragens das 35 delegacias distritais da Grande Fortaleza, além das metropolitanas de Caucaia, Maracanaú, Maranguape, Itaitinga, Pacatuba, Guaiúba, e Eusébio. Contudo, a maior preocupação das autoridades era com as delegacias distritais que atuam como plantonistas, como o caso 2º DP (Aldeota), 7ºDP (Pirambu), 30º DP (São Cristóvão) e o 34º DP (Centro), onde estava concentrado o maior número de presos.

O excesso de presos nas carceragens vinha provocando constantes casos de fugas, brigas entre os internos, motins e também episódios de resgates, em que os policiais civis responsáveis pela guarda das DPs eram rendidos, desarmados, por vezes agredidos, e tinham suas armas roubadas pelos invasores.

Tensão

Com o esvaziamento das delegacias, a atenção das autoridades se volta agora para as unidades prisionais, onde, nas últimas três semanas, vários episódios de violência foram registrados, entre rebeliões e assassinatos. O mais grave deles ocorreu na madrugada do último dia 11, quando aconteceu um confronto entre os presos de dois pavilhões após uma agressão na hora da visita. O resultado foi trágico. Pelo menos, 10 presos acabaram morrendo em consequência de asfixia ou queimaduras provocadas pela queima de colchões.

Na última quinta-feira, foi registrada a 19ª morte violenta nas unidades prisionais da Grande Fortaleza, quando um preso, que cumpria pena por estupro, foi morto. O corpo de Raimundo Luiz Rodrigues Gomes, 42, foi encontrado nas dependências da Penitenciária Francisco Hélio Viana de Araújo, em Pacatuba.

Segundo constatou a Perícia Forense do Estado (Pefoce), o corpo apresentava lesões provavelmente provocadas por ´cossoco´, arma branca que é fabricada pelos próprios detentos.

FERNANDO RIBEIRO/EDITOR DE POLÍCIA
Foto: Natinho Rodrugues
Fonte: DN

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