20 de janeiro de 2012

FUI "ABENÇOADO", DIZ DETENTO DO CEARÁ APROVADO EM UNIVERSIDADE PELO SISU.

Um detento de 20 anos foi aprovado na primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para a Universidade Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), no Ceará. Édipo Renan Martins Barros prestou Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 2011, para, segundo ele,  medir conhecimento, mas foi surpreendido pelo resultado. ''Sinto-me abençoado'', disse. “Tenho um sonho de seguir carreira militar, quero estudar direito e agora sei que ainda posso tentar”, afirmou.

 Barros foi condenado a seis anos e oito meses de prisão em regime semiaberto por um assalto em 2010. Ele conta que estudou 10 anos em uma escola militar e que deve a isso o conhecimento adquirido para obter aprovação no Enem. “Claro, minha família e os professores do presídio viram meu interesse e me apoiaram muito”, disse o detento que vai se matricular no curso Interdisciplinar em Ciências Humanas na Unilab nesta quinta-feira (19).

Após um ano e três meses cumprindo a pena em regime semiaberto, Barros, além da aprovação no Sisu, conseguiu passar para o regime aberto, tendo de comparecer uma vez por mês ao presídio. “Trabalho de segunda a sexta-feira no IPPOO-I [Instituto Penal Professor Olavo Oliveira 1], o que me ajuda na remição da minha pena. E ser estudante universitário pode ajudar também”, afirma Barros.

Apesar de a universidade ser localizada em Redenção, a 63 km de Fortaleza, ele diz que pretende fazer o curso. “Quero vir trabalhar todos os dias e à noite ir para a faculdade”, disse o detento. “Depois de dois anos e meio posso escolher estudar teologia, ciências sociais e quem sabe até abrir caminho para o direito que é o que realmente quero”, explica.

Condenação

Barros disse ter sido condenado no dia 2 de outubro de 2010. Data que não esquece. O rapaz conta que, meses antes, vivia um “relacionamento conturbado” e com o fim do namoro, segundo ele, acabou se aproximando de amizades "erradas". “Um mês depois de conhecer essas pessoas eu estava roubando e fui preso”, conta o jovem que diz ser abençoado também por ter o apoio “da família, dos amigos e força de vontade”. “Sem isso, sem o apoio da família, quem sai [da cadeia] volta a delinquir”, afirma.

Fonte: G1 CEARÁ
CAMOCIM POLÍCIA 24hs

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