O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) divulgou, na noite desta quinta-feira (19), uma série de áudios de interceptações telefônicas colhidas durante a operação "Masmorras Abertas", que resultou no afastamento de sete agentes penitenciários, incluindo servidores de cargos estratégicos da Secretaria da Justiça (Sejus). A liberação dos áudios foi autorizada pela Justiça.
Os servidores afastados são suspeitos de
formar uma organização para facilitar a entrada de celulares nos presídios e
dificultar as fiscalizações nas unidades prisionais, de acordo com o MPCE. Eles
também recebiam dinheiro de presos para mudar os internos de cela, conforme a
vontade dos presos.
Os servidores afastados também são suspeitos
de associação criminosa, inserção de informações falsas no sistema de
informação da Secretaria da Justiça, corrupção passiva, omissão na fiscalização
de entrada de celulares e material proibido nos presídios e violação de sigilo
profissional.
Dentre os afastados está o coordenador da
Coordenadoria do Sistema Penal, Edmar de Oliveira Santos; o diretor da Casa de
privação provisória de Liberdade II, Herlano Walquer Falcão Macieira; o diretor
adjunto da Casa de Privação Provisória de Liberdade I, Mauro César Ximenes
Andrade; o coordenador adjunto da Coordenadoria do Sistema Penal, Celso Murilo
Rebouças de Mendonça; o coordenador de Patrimônio da Secretaria de Justiça e
Cidadania, Paulo Ednardo Oliveira de Carvalho; a diretora do Centro de Triagem
e Observação Criminológica, Francisca Celiane de Almeida Celestino; e o agente
penitenciário João Augusto de Oliveira Neto.
Nos áudios divulgados é possível ouvir uma membro de uma facção criminosa de Fortaleza, identificada como Gizeuda, organizando um esquema com uma amiga, denominada Lu, para mudar internos de cela. "O Rafael (referindo-se a um dos internos), ele tem uma ordem judicial que ele não pode, ... judicial não, ordem da Secretaria, que ele não pode ser mudado de rua. Pro Mauro mudar ele de rua, tem que pedir autorização do Neto", comenta, referindo-se aos agentes envolvidos. Lu comenta em seguida: "Então de um jeito ou de outro tinha que molhar a mão de um e a mão de outro. Saía com R$ 2.500".
Nos áudios divulgados é possível ouvir uma membro de uma facção criminosa de Fortaleza, identificada como Gizeuda, organizando um esquema com uma amiga, denominada Lu, para mudar internos de cela. "O Rafael (referindo-se a um dos internos), ele tem uma ordem judicial que ele não pode, ... judicial não, ordem da Secretaria, que ele não pode ser mudado de rua. Pro Mauro mudar ele de rua, tem que pedir autorização do Neto", comenta, referindo-se aos agentes envolvidos. Lu comenta em seguida: "Então de um jeito ou de outro tinha que molhar a mão de um e a mão de outro. Saía com R$ 2.500".
Transferência de presos
No segundo áudio, uma outra mulher, identificada
como Mimosa, conversa com Lu, pedindo para que ela consulte Gizeuda sobre
valores para transferência de presos. "Pede pra Gizeuda passar lá pela 1
(CPPL 1) e ver o quanto é que sai a mudança de rua do Rafael e pagar e me passa
o valor".
O terceiro áudio traz Gizeuda conversando com
Herlano Falcão Macieira, o ex-diretor da CPPL II. Ela pede para que ele entre
em contato com Edmar de Oliveira Santos, coordenador da Coordenadoria do
Sistema Penal. Ela reclama que não está conseguindo entrar no presídio.
"Porque eu vim aqui entrar no presídio aqui e disseram que não pode mais
entrar com a identidade. Eu já explico essa situação pro Edmar", ela diz.
O quarto áudio traz uma conversa entre
Gizeuda e Edmar. Ela busca confirmar se haverá transferência de presos para
outras unidades prisionais. "Eu só confio ouvindo da boca do
coordenador", ela fala enquanto ri. Edmar confirma a ela que não haverá
transferências. "Não tem ordens minhas pra nada. Nem eu recebi ordem
também não".
No último áudio, Gizeuda conversa com uma
outra amiga, de nome Valeska. Elas falam sobre a entrada de celulares para o
Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa. "Tem uns corre lá de com força,
lá pro Auri, ó", comenta Gizeuda, ao que Valeska responde: "Tem é. Dá
certo, a minha cunhada não tá lá? Ela bota lá pra ela", afirmando que a
detenta pode fazer o comércio de celulares dentro do presídio, cobrando até R$
1.000 por aparelho.
Fonte: G1Ce
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