Secretário da Justiça diz que unidades ainda
estão destruídas após as rebeliões de 30 dias atrás. Cenário é propício para
fugas e motins
Um mês após a greve dos agentes
penitenciários do Estado, que durou 17 horas e culminou na morte de 18 presos,
os internos ainda circulam livremente no pátio dos presídios destruídos durante
as rebeliões nas unidades da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Servidores ouvidos pelo O POVO apontam que pouca coisa mudou com relação à
crise do sistema carcerário, agravada após aquele fatídico 21 de maio, quando
os agentes cruzaram os braços.
Nos últimos 15 dias, uma morte foi registrada
e classificada como “possível suicídio”. Já as fugas e tentativas de escape são
recorrentes. Cerca de 60 presos já conseguiram fugir e apenas 32 foram
recapturados. Na avaliação do titular da Secretaria da Justiça e Cidadania
(Sejus), Hélio Leitão, que confirmou a precariedade das unidades, os últimos
episódios ainda são “fruto da instabilidade criada com a greve ilegal”, que
teria sido “agudizada” no intervalo da paralisação.
O cenário descrito pelo secretário é de total
destruição nas unidades. Celas, ruas e vivências tiveram grades arrancadas ou
retorcidas. A situação estaria contribuindo para os inúmeros túneis
descobertos, fugas ou tentativas recentes. “Eles quebraram as celas e estão
soltos, contidos apenas pela muralha. Isso propicia a realização de fugas e
atos de indisciplina”, disse Leitão. Conforme O POVO publicou em 31 de maio,
após a greve, em média, um túnel foi encontrado por dia nos presídios do
Estado. Nem mesmo a presença de 120 homens da Força Nacional tem impedido as
ações. A expectativa é que o grupo permaneça no Estado até meados de julho.
Situação precária
O secretário apontou as Casas de Privação
Provisória de Liberdade (CPPLs) 1, 2, 3, 4, em Itaitinga, e a unidade Prisional
Adalberto de Oliveira Barros Leal, conhecida como Carrapicho, em Caucaia, como
as mais depredadas. Segundo ele, as CPPLs 1, 3 e 4 estão passando por reformas.
As obras em Caucaia devem ter início na próxima semana. Os trabalhos têm
previsão de 90 dias para serem concluídos. As reformas custarão R$ 6 milhões.
“O pior momento passou”, disse Leitão, ao
destacar que o sistema prisional do Ceará e do Brasil vive em crise permanente.
“Nossa massa carcerária intramuros é hoje de 16,5 mil presos, sendo seis mil
deles excedentes”.
Entre a última sexta-feira e ontem, O POVO
tentou ouvir o presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores do Sistema
Penitenciário do Ceará (Sindasp/CE), Valdemiro Barbosa. Entretanto, ele não
estava na sede do órgão e as chamadas para o celular não foram atendidas.
Fonte: O Povo
Um comentário:
Os carcereiros perderam o moral na cadeia e quem manda hj é os presos. Realidade dos fatos
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