Terceiro laboratório estourado pela Polícia em
2015 mostra expansão do comércio de anabolizantes em Fortaleza. Prisão de
jovens universitários de classe média alta define o perfil do mercado de alto
custo.
A desarticulação do terceiro laboratório
clandestino de anabolizantes, em quatro meses, e a prisão de dois
universitários confirmam a existência de um mercado intenso e lucrativo em
Fortaleza. O perfil dos envolvidos com a fabricação dos produtos é o mesmo:
jovens entre 16 e 30 anos pertencentes à classe média alta. Conforme
investigações e depoimentos, os principais pontos de comercialização são
academias de ginástica do bairro Aldeota.
A ação policial que culminou na prisão em
flagrante dos estudantes de Engenharia Ambiental Luigi Gustavo Tadeu da Silva,
22, e de Direito Felipe Teixeira Dobel Benigno, 21, ocorreu na tarde da última
terça-feira, 18. Foram apreendidos 4.700 comprimidos e duas mil ampolas de
inibidores de apetite, estimulantes sexuais e substâncias anabolizantes. Em
2015, as apreensões desses tipos de produtos já somam 221 mil comprimidos e
ampolas.
No laboratório descoberto, no bairro Cidade
2000, onde morava Luigi, a Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCDT)
encontrou óleos, pós, frascos e invólucros de cápsulas, além de recipientes de
uso químico e substâncias como oximimetolona, atanazolona, trembolona e
testosterona. Com Felipe (suspeito de distribuir os produtos), no apartamento
onde ele morava com os pais, no Meireles, foram identificadas também as drogas
trembolona e testosterona, além de oxandrolona. Todas são esteroides conhecidos
por provocar aumento rápido dos músculos do corpo.
Nova ação policial
Os dois jovens estavam sendo monitorados desde
julho, quando houve a segunda ação da Polícia de combate ao comércio de
anabolizantes, com a prisão de três pessoas. Todos os detidos foram autuados
pelo artigo 273 do Código Penal, que trata da adulteração de substâncias
medicamentosas. Considerado crime hediondo, tem uma pena maior do que a de
tráfico, podendo chegar a 15 anos.
De acordo com a diretora-adjunta da DCDT,
Patrícia Bezerra, esse tipo de ação policial é novo no Estado. “A gente está
mais acostumado a falar (na apreensão) de maconha ou cocaína”, afirmou, em
coletiva sobre o caso ontem. As investigações sobre o novo mercado continuarão.
“Temos elementos no nosso banco de dados de outros procedimentos e depoimentos.
Nossa meta é alcançar todos os envolvidos, da entrada dos produtos no Estado a
distribuidores e consumidores”, disse.
Anabolizantes e festas
O comércio de substâncias com valor e perfil de
mercado altos unem a venda de anabolizantes com a de drogas sintéticas. “A
gente verifica que nas festas rave, onde existe tráfico intenso de êxtase e
LSD, há uma questão de não ingerir bebida alcoólica, porque são pessoas com
corpos bonitos, sarados. Talvez exista uma ligação por esse viés”, analisa
Patrícia.
Fonte: O Povo
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