Um recruta do Exército Brasileiro (EB), de 18 anos,
morreu após passar mal em treino realizado em Maranguape, Região Metropolitana
de Fortaleza (RMF). O jovem chegou a ficar dois dias internado no Hospital
Militar.
Conforme relatos de amigos, Francisco Igor Vieira
Alves teria se queixado de mal-estar e dores no corpo logo após a realização
das atividades em um acampamento militar. O jovem, que morava na Caucaia, na
RMF, cumpria serviço obrigatório.
De acordo com o Exército, o treinamento teve início
no último dia 6 e encerrou no dia 10. Os recrutas foram levados ao Distrito de
Penedo, em Maranguape, região de mata densa que é costumeiramente utilizada
pelos militares para a realização de atividades e treinamentos.
Conforme relatos de amigos de Igor, o jovem teria
sido submetido junto aos outros membros do pelotão a uma marcha com distância
de 8 a 12 km, carregando uma mochila e equipamentos nas costas. Durante a
caminhada, o recruta teria reclamado de mal-estar, tendo sido encaminhado ao
Departamento Médico do Exército no local, que o liberou para retornar às
atividades.
Ainda de acordo com o relato de pessoas próximas ao
recruta, ele teria dito que também reclamou em outras ocasiões de desconforto
físico.
O grupo militar retornou a Fortaleza em 10 de abril.
Quando guardava os equipamentos no 23º Batalhão de Caçadores (23 BC), Igor teve
outro mal-estar e foi socorrido ao Hospital.
Na unidade, ficou internado sob observação, tendo
sido levado à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Na tarde de 13 de abril,
uma semana após o início das atividades em Penedo, Igor teve seu quadro clínico
agravado. Ele não resistiu e morreu.
Segundo a família do jovem recruta morto, uma das
suspeitas é que Igor tenha contraído a síndrome conhecida como Rabdomiólise, em
que há degeneração muscular e insuficiência renal no paciente (ver quadro). Os
parentes dizem aguardar o resultado do laudo, cuja promessa foi de 70 dias após
a morte, para entenderem o que de fato aconteceu com Igor.
Liberado
O Exército garante que forneceu todo o suporte
necessário ao jovem tanto durante a estadia em Maranguape quanto após a
emergência médica por ocasião do mal-estar no 23 BC. "Ele apresentou
melhora e a equipe médica percebeu que o recruta tinha condições de continuar
nas atividades", disse o Exército, por meio da Assessoria de Imprensa da
10ª Região Militar.
Conforme os militares, o laudo médico com a causa da
morte do recruta ainda não foi finalizado. "Uma sindicância foi aberta
para apurar o que aconteceu no acampamento e, juntamente com o resultado do
laudo, chegar a uma resposta definitiva".
Ainda através da Assessoria de Imprensa, o Exército
Brasileiro explicou que as atividades físicas são as mesmas nos Batalhões
espalhados em todo o País.
"O treinamento é gradual e estava compatível
com o que o recruta já vinha vivenciando dentro do quartel. A marcha é uma
atividade de rotina, prevista no Manual de Instrução e acontece em todo o
Exército", frisou.
O EB ressaltou que também tem acompanhado o momento
junto à família do jovem. "A família está sendo assistida. Todos os
integrantes do Exército Brasileiro estão consternados com a perda trágica de um
jovem no exercício do dever. É algo irreparável", afirmou.
Controvérsia
Amigos de Igor afirmam que o jovem teria morrido de
Rabdomiólise. O Exército, porém, diz que não é possível afirmar que Igor tenha
contraído a síndrome. "Aguardamos os laudos para podermos indicar com
segurança qual a real causa da morte do recruta", informou.
No último dia 12, em matéria publicada no caderno
Vida, do Diário do Nordeste, o especialista em medicina esportiva, Dr. Marcus
Vinicius Strozberg, alertou para o fato que a sobrecarga de exercícios físicos
pode desenvolver uma série de problemas.
"A grande questão é que, quando não há o
repouso suficiente, a resposta do organismo fica ruim, pois o organismo não
compensou. Então, o que acontece é que ele treina novamente e exige mais do
físico. Numa situação de overtraining, tudo começa a piorar. A massa muscular e
a velocidade de resposta, em vez de aumentar, diminuem e a pessoa treina ainda
mais para melhorar a performance e ocorre o contrário, piora", justifica.
Fonte: DN
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