''As crianças (são) usadas como suicidas,
incluindo crianças com deficiência ou aquelas que foram vendidas a grupos
armados por suas famílias'', diz relatório.
A ONU denunciou nesta quarta-feira, 4, o
recrutamento no Iraque por "grupos armados", especialmente pelo
Estado Islâmico (EI), de "um grande número de crianças", inclusive
portadoras de deficiência, para se tornar combatentes, homens-bomba e escudos
humanos.
É "um problema enorme", declarou em
Genebra Renate Winter, membro da Comissão das Nações Unidas para os Direitos da
Criança (CRC), cuja tarefa consiste em garantir que os Estados respeitem a
aplicação dos tratados internacionais sobre os direitos infantis e que divulgou
um relatório sobre a situação das crianças no Iraque.
"As crianças são usadas como suicidas,
incluindo crianças com deficiência ou aquelas que foram vendidas a grupos
armados por suas famílias", dizem os autores do relatório.
Eles também explicam como alguns menores foram
transformados em "escudos humanos" para proteger as instalações do EI
dos ataques aéreos, forçados a trabalhar em postos de controle ou utilizados na
fabricação de bombas para os jihadistas.
O comitê exigiu que Bagdá criminalize
expressamente o recrutamento de pessoas menores de 18 anos em conflitos
armados.
O CRC também denuncia os numerosos casos de
crianças, principalmente aquelas pertencentes a minorias étnicas do país,
submetidas a violência sexual e outras formas de tortura ou que foram
simplesmente assassinadas pelo EI.
Embora o governo iraquiano seja responsável pela
proteção de seus cidadãos, Winter reconheceu que é atualmente difícil processar
membros de "grupos armados não-estatais" por tais crimes.
Segundo ela, o governo deve tentar fazer todo o
possível para proteger as crianças nas áreas que controla, e resgatá-las de
lugares controlados pelo EI.
O comitê, no entanto, ressalta que algumas
violações dos direitos das crianças não poderiam ser atribuídas apenas aos
jihadistas.
Relatórios recentes indicam que menores de idade
foram obrigados a ficar de plantão em postos de controle das forças do governo
e que crianças foram mantidas presas em condições difíceis depois de acusações
de terrorismo. Além disso, relatou casos de casamentos forçados com meninas de
11 anos.
Uma lei que permite aos estupradores evitar
qualquer tipo de processos desde que se casem com suas vítimas foi
particularmente criticada pela CRC, que rejeitou o argumento das autoridades de
Bagdá de que esta era "a única maneira de proteger a vítima da retaliação
por sua família".
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