O caso está sendo investigado, sob sigilo, pela
Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur).
Já se passaram 30 dias desde que a turista
italiana Gaia Barbara Molinari, 29, foi encontrada sem vida no caminho para a
Pedra Furada, na Praia de Jericoacoara, em Jijoca, a 287 quilômetros de
Fortaleza. Neste período, ninguém foi apontado como autor do homicídio. Para a
Polícia Civil, responsável pela investigação, o caso é "extremamente
complexo".
Gaia foi encontrada na tarde do último dia 25 de
dezembro com sinais de espancamento em uma trilha, vestindo biquíni e com uma
bolsa contendo documentos. Ela estava em Jericoacoara acompanhada de uma
turista do Rio de Janeiro, a doutoranda em Farmácia, Mirian França, 31. A
fluminense, no entanto, afirmou que, um dia antes do corpo de Gaia ter sido
encontrado, ela teria viajado para Canoa Quebrada, no Litoral Leste.
Investigações
Segundo as investigações, as duas teriam se
conhecido em Fortaleza, em um hostel onde ambas estavam hospedadas. Gaia,
inclusive, trabalhava no estabelecimento em troca de acomodação. Mirian prestou
depoimento no dia 26 na Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur)e, depois,
em Jericoacoara, quando foram feitas diligências. Contudo, no dia 29, foi presa
preventivamente. Segundo a Polícia, ela teria entrado em contradição durante os
depoimentos tomados.
A prisão da mulher repercutiu e transformou-se
em polêmica quando a mãe de Mirian, Valdicea França, afirmou não conseguir
manter contato com a filha. Valdicea ainda acusou que a prisão deu-se baseada
em preconceito, por Mirian ser negra.
Após polêmica entre a Associação dos Delegados
de Polícia Civil do Ceará (Adepol) e o defensor público cearense Emerson
Castelo Branco, Mirian foi posta em liberdade pelo juiz José Arnaldo dos Santos
Soares no dia 13 de janeiro, com a condição de que não deixe o Ceará durante 30
dias.
As investigações estão sob o comando da
Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur), presididas pela delegada adjunta
Patrícia Bezerra com o apoio de policiais da Divisão Antissequestro (DAS) e da
Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Em nota, a Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) explicou os motivos para, após um
mês, ainda não haver resolução para o crime. Segundo informações da SSPDS,
ainda é necessário aguardar para que as responsabilidades sejam apuradas.
"As investigações continuam em andamento.
Trata-se, no entanto, de um caso extremamente complexo, com características
geográficas muito peculiares, as quais exigem um tempo maior para o
desvendamento completo do crime", afirmou. Ainda conforme a Secretaria, as
condições do local onde o crime aconteceu e o corpo foi encontrado também
dificultam os trabalhos. A Pasta destaca que houve diversas diligências feitas
na área onde Gaia foi encontrada morta.
"O fato de o corpo ter sido encontrado em
local ermo, distante de testemunhas, bem como de qualquer espécie de iluminação
pública - por ser em uma reserva ambiental; o fato de várias pessoas envolvidas
na investigação não serem moradoras do Estado do Ceará; o fato de o corpo ter
sido encontrado muitas horas após o crime, entre outros, tornam o trabalho de
investigação mais delicado e complexo".
Na continuação das investigações, ainda são aguardados
resultados de exames periciais. O Inquérito Policial corre em sigilo e, por
isso, o que se sabe é que preliminarmente não foi encontrado vestígio de sêmen
na vítima, o que poderia, em um primeiro momento, descartar crime sexual. Uma
das linhas de investigação da Polícia é a de crime passional.
Outros exames
"Os exames periciais solicitados
inicialmente já foram realizados. No entanto, outros foram pedidos e
encontram-se em andamento. Os resultados não podem ser divulgados, pois, nos
termos do que determina a Lei brasileira, o Inquérito Policial é
sigiloso", afirmou a SSPDS.
O corpo da estrangeira seguiu para a Itália no
dia 13 de janeiro e foi sepultado dia 17, na Província de Piancenza. Na noite
de ontem, uma missa pelos 30 dias de morte da italiana foi celebrada na Igreja
Redonda, no bairro Parquelândia, em Fortaleza.
Levi de Freitas
Repórter
Fonte: DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário