Muito
tem se investido na intenção de tornar amigável a figura do policial militar
junto à sociedade. É válido apostar em iniciativas que apresentem uma boa
imagem em escolas, feiras, exposições, através de iniciativas na área cultural,
social, do esporte, entre outras. Mas, apesar do empenho nessas frentes,
deve-se ter em mente que os policiais não foram feitos para serem adorados por
todos.
Nos
conflitos da infância, há vários momentos em que a criança desenvolve, ainda
que momentaneamente, um sentimento ruim ante seus pais, cuidadores ou quaisquer
outros responsáveis pela sua tutela. Na adolescência, muitos são os conflitos
com os funcionários que controlam a disciplina no ambiente escolar. Na
juventude e idade adulta, é a vez da Polícia fazer o papel de freio e arcar com
o dissabor de ser malquista por cumprir tal missão.
Todo
ser humano deseja ser dono de si, gozar da plenitude do discernimento, sendo
soberano em suas liberdades e senhor das razões. Porém, a autoridade policial
aparece justamente no instante em que é necessário estabelecer um limite, que
necessariamente deve ser observado, ainda que para isso a coerção seja aplicada
mediante uso da força.
Quando
o guarda intercepta um veículo para checagem de documentos, é natural que o
condutor se sinta incomodado pela interrupção da ação que praticava sem desejar
ser interrompido. O jovem não gosta de prestar declarações sobre as motivações
de suas atitudes em determinado local, mulheres ficam descontentes com
vistorias feitas na intimidade de suas bolsas. É para essas e outras missões
incômodas que os policiais são preparados e destinados.
Daí
a necessidade de aceitar que, a despeito da importância de praticar ações
comunitárias visando uma identidade de polícia cidadã, o agente da lei
representa um incômodo na psicologia de cada indivíduo. À medida que ele é
investido de certa autoridade, colocando-o relativamente em situação superior no
âmbito de suas ações, isso provoca naquele que se subordina uma inquietação
desconfortável.
Há
de se ter maturidade e mediar esse conflito subconsciente de forma razoável,
preservando uma boa relação interpessoal. Delira quem supõe que chegará o dia
em que todos serão só sorrisos ao ver um policial, e também equivoca-se aquele
que assume uma postura que justifique a repulsa constante da população. A
Polícia está nas ruas para ser chata, estabelecer limites e restringir
liberdades. Um senso claro relativo à supremacia do interesse público sobre o
privado é necessária para facilitar a aceitação da condição que se apresenta
para as partes.
Autor: Victor Fonseca/Tenente da Polícia Militar da Bahia e estudante de Jornalismo
2 comentários:
Excelente matéria.
De fato, eis aí um esboço do contrato social advindo da filosofia de Jean-Jaques Rousseau e do Espírito das Leis de Montesquieu.
Pois os órgãos de segurança pública não poderiam exercer seu mister, pedindo licença, lhes convidando ou dizendo vamos a delegacia por favor, pois, se assim fosse não haveria êxito nenhum em suas funções.
Mas a ordem deve ser efetivada muitas vezes mediante certos constrangimentos, porque se não queremos ser constrangidos, pois, que andemos na linha respeitando os bons costumes e as legislações vigentes e como bom cidadão respeitar o trabalho policial que é árduo e essencial à sociedade(coletividade), à soberania, à paz e à fraternidade.
Parabéns pela matéria.
Algumas pessoas tem medo da PM simplesmente porque seus pais falam assim pra eles: "pare de fazer bagunça, senão vou chamar a polícia pra te levar" ou então, quando um policial fardado ou uma viatura, passa por uma mãe com seu filho que não quer obedecer as ordens dela, essa mesma mãe diz:"Tá vendo a polícia alí ou tu me obedece ou eu chamo eles pra te prender" Moral da história: Os pais não devem promover esse tipo de ação contra seus filhos, por que quando eles crescem, eles vão demonstrar isso que seus pais os ensinaram inconscientemente quando estiverem na presença de policiais. Então pais, parem de ensinar seus filhos a odiarem as polícias.
Postar um comentário