27 de julho de 2013

MERCADO DA MORTE: QUEM SÃO AS PESSOAS QUE VIVEM DO TRÁFICO DE DROGAS?

“Cada vez mais jovens estão envolvidos. Imagina pessoas de 19 anos liderando quadrilhas?”, indaga sociólogo.

O número de pessoas presas acusadas de tráfico de drogas vem aumentando a cada ano no Ceará. No atacado ou no varejo, os traficantes tentam levar suas mercadorias aos consumidores. E fregueses para comprar maconha, cocaína, heroína, ecstasy e LSD não faltam. Mas, afinal, qual o perfil dos que vivem do tráfico de entorpecentes?


De acordo com a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), até julho de 2013, 1.191 pessoas estão/estiveram reclusas no Sistema Penitenciário respondendo ao artigo 33 – importar, exportar, produzir, transportar ou fornecer drogas. Durante todo o ano de 2012, 1.230 estiveram abrigadas nas penitenciárias cearenses.
A maioria são homens, em uma faixa etária um pouco acima da dos estudantes, de 18 a 20 anos. “Cada vez mais jovens estão envolvidos. Imagina pessoas de 19 anos liderando quadrilhas?”, indaga o sociólogo Roseno Amorim.
Não é raro encontrar mulheres e até idosos na área. Para não gerar pistas, casais de namorados também oferecem drogas. Confirmando a informação, segundo dados da Sejus, do total de presos nas penitenciárias por tráfico em 2013, 220 são mulheres e 971 homens, representando 22,6% pessoas do sexo feminino nas penitenciárias respondendo ao artigo 33.
“Os homens continuam dominando o tráfico, mas as mulheres estão se infiltrando, seja ajudando o companheiro ou participando ativamente do negócio”, explica.
Tráfico na porta das escolas
Os traficantes costumam iniciar o “trabalho” na porta das escolas. “Eles vão para a porta dos colégios para induzir os adolescentes a usarem drogas. Até porque as escolas são os lugares que ninguém esperaria isso, mas acontece sim”, alerta Amorim.
Se o traficante fica na porta de um colégio de periferia, por exemplo, provavelmente se vestirá como os estudantes do local. Nas primeiras abordagens, geralmente puxa conversas despretensiosas com os alunos. Aos poucos, se torna conhecido e passa a ser procurado.
O sociólogo acredita que a atitude deve partir da escola para evitar esse tipo de prática. “É preciso educar as pessoas desde crianças. Mas, infelizmente, as nossas escolas estão acordando agora para fazer trabalhos preventivos. E o problema da droga acontece há muito tempo”, comenta.
Jovens de classe média
Engana-se quem achava que os traficantes eram apenas aqueles que viviam em situação de vulnerabilidade social. Os jovens da classe média também estão entrando no mundo do tráfico. “Isso antes era incomum. Agora já existe uma parcela considerável de pessoas da classe média traficando principalmente as drogas mais industrializadas, como ecstasy, heroína e LSD”.
São pessoas que têm acesso à viagens internacionais para comprar drogas e distribuir nas festas. “Antes era mais o pessoal do morro, da favela, que via isso como forma de ganhar dinheiro ‘fácil’. As coisas mudaram”, desabafa Amorim.
Consumo de droga
O aumento da demanda de drogas mostra que a procura também cresceu. Afinal, se não tem procura, não tem oferta. Muitos consomem entorpecentes para aliviar algum problema.
“Vivemos em uma sociedade muito complexa, com alto nível de stress e problema diariamente. As pessoas, em vez de se tratarem procurando acompanhamento médico, preferem usar drogas como válvula de escape. Isso acaba acarretando problemas muito mais sérios”.
E o tráfico continua…
Apesar do grande número de presos por tráfico de drogas, é ilusão que os traficantes parem de fazer seus negócios quando são presos. “Com a telefonia celular, eles comandam o tráfico de dentro dos presídios ou então deixam o cargo para a companheira assumir. Quando isso vai parar?”.
Ajuda para combater o tráfico
Cid Gomes anunciou, na tarde da última quarta-feira (24), que está buscando parceira com a Polícia Federal para identificar os principais traficantes no Ceará. “Nós não somos os maiores produtores de droga, por isso a PF tem papel fundamental no sentido de apreender as drogas no aeroporto, já que as drogas pesadas entram por lá. Então a fiscalização deve ser bem feita”, finaliza o sociólogo.

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