Inteligência investigava denúncia de mão de obra escrava e acabou por chegar a uma quadrilha de golpistas.
O faturamento da fábrica chegava a cerca de R$ 160 mil por dia, segundo a Polícia. Todo o maquinário empregado na produção dos produtos falsos custou em torno de R$ 6 milhões. Cinco pessoas que estava no local foram presas. Nenhuma delas portava documentos.
O coordenador da Coin, major Cícero Henrique, contou que, há mais de 90 dias, recebera uma denúncia dando conta que pessoas trabalhavam em regime de escravidão no imóvel. Começaram, desde então, as diligências sigilosas em torno do caso.
Por volta de 6 horas de ontem, o sítio foi localizado. Para surpresa dos policiais, havia no local um superestrutura. "Só o maquinário está avaliado em torno de R$ 6 milhões", confirmou o major Hideraldo Bellini. O delegado Jaime de Paula Pessoa Linhares, titular da Delegacia de Defraudações e falsificações (DDF) foi ao local e ficou impressionado com o que viu.
Organizado
Para a Polícia, não resta dúvida de que o grupo criminoso é bastante organizado. Para evitar que os vizinhos sentissem o cheiro, os bandidos vedaram todas as saídas de ar. Nos galpões, foram encontrados muitos ventiladores utilizados para amenizar o calor decorrente do ambienta sem circulação de ar.
Além dos cigarros, os golpistas também fabricavam as embalagens e até o selo fiscal. "Essa marca falsificada é de um cigarro paraguaio e mesmo o produto original, verdadeiro, não pode ser comercializado no Brasil", frisou Jaime de Paula Pessoa.
Presos
Os cinco homens presos são de Pernambuco, identificados como João Alves Machado, José Henrique Siqueira, Josinaldo Vieira da Silva e os irmãos Daniel e Gabriel Silva Nascimento. Nenhum portava documento. Eles negaram que trabalhassem em regime de escravidão e disseram que recebiam salário de R$ 2 mil. O dono do sítio, um auditor fiscal do Estado (identidade preservada) disse para a Polícia que locara o imóvel há cerca de sete meses. O acordo foi verbal e o aluguel era de R$ 12 mil. Ele disse, ainda, que não sabia que na sua propriedade funcionava uma fábrica clandestina de cigarros e que pessoas trabalhavam em regime de escravidão.
Distribuição
O dono da fábrica clandestina não foi ainda localizado pela Polícia. Os indícios apontam que a distribuição dos cigarros falsificados acontecia no Ceará e em vários Estados do Brasil.
Em média, eram fabricadas 400 caixas de cigarros por dia, dando uma renda diária de R$ 240 mil, com lucro médio de R$ 160 mil por dia. A quantidade de alojamentos mostra que mais pessoas trabalhavam no local. Cerca de duas toneladas de fumo foram apreendidas, além de folhas de papel para confeccionar os cigarros, os selos e as embalagens. O diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPE), Jairo Pequeno, acionou fiscais da Secretaria da Fazenda (Sefaz) e da Receita Federal para auxiliar nas investigações.
NÚMERO
160 mil reais era o lucro médio por dia que a quadrilha obtinha com a venda dos cigarros falsificados em vários Estados do Nordeste
FERNANDO BARBOSA/
REPÓRTER
Fonte: DN
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