O ex-jogador Zé Elias, de 34 anos, reencontrou os dois filhos que tem com a atual mulher em sua casa no Pacaembu, Zona Oeste de São Paulo, na tarde desta sexta-feira (19). Ele deixou a delegacia após ficar 30 dias preso – o ex-jogador foi detido no dia 21 de julho por não pagar pensão alimentícia aos dois filhos, de 8 e 10 anos, que tem com sua ex-mulher.
“Vivi muitas emoções como jogador. São emoções diferentes, mas com a mesma intensidade desta que estou vivendo agora ao reencontrar os meus filhos. Não tem nada que pague receber um beijo deles”, disse, em sua casa. “Não posso reclamar. Sou um privilegiado porque tenho uma família e amigos que me apoiaram. Lá dentro, vários colegas não tinham ninguém para dar um apoio para eles.”
A Justiça de São Paulo autorizou a libertação do ex-jogador no início desta tarde.
"O importante é levantar a cabeça. Paguei como determina a lei. Agora é dar um exemplo para meus filhos", disse, ao deixar a delegacia. "Estou aliviado porque a liberdade não tem preço. O que a gente passou aqui é um aprendizado. A gente aprende a dar valor a pequenas coisas, como um beijo da esposa, um abraço nos filhos."
Ele elogiou o pai, que o visitou por diversas vezes na delegacia. "É nessas horas que a gente sabe as pessoas com que pode contar. Indepentemente dos problemas que tive com ele no passado, ele veio aqui, me apoiou. No Dia dos Pais eu fiquei sabendo que ele veio de ônibus me visitar. Esse apoio é muito importante."
Após o reencontro com o filho, José Elias, pai do ex-jogador, disse que ainda se preocupa com a situação: “Fico preocupado porque haverá mais guerrinhas (judiciais), mais contestações. Mas só de saber que agora que ele está fora ele vai poder falar algumas coisas, vai poder se defender, já nos tranquiliza. Antes, por causa do segredo de justiça, ele não tinha condições de defender”.
Zé Elias também agradeceu a mulher. "Se eu consegui superar tudo isso, é porque eu tenho realmente uma mulher que me ama."
Ele disse que tem saudade de "trabalhar", mas que não pode mais voltar a jogar bola devido a problemas de saúde. "Agora só quero pensar em encontrar meus filhos."
Sobre o cotidiano na cadeia, disse que fez amigos no local. "Fiz amigos aqui que pretendo reencontrar aqui fora." Antes de deixar a delegacia, ele disse que os colegas de cela rezaram, "um hábito toda vez que alguém é liberado".
"Eu não fiz nada. Eu sei disso. Mas foi uma coisa que tive de cumprir. É o que a lei determina. Agora é seguir em frente. O importante é deitar na cama e dormir com a consciência daquilo que faz", disse Zé Elias, que escreveu um livro sobre a experiência na cadeia. “No livro, que é mais um diário, vou descrever situações como ter que socorrer um colega com deficiência visual que às duas da madrugada teve uma crise de insuficiência de insulina por ser diabético. É difícil estar preparado para uma situação dessas.”
Expectativa
"Não planejamos nada para hoje, só quero que ele aproveite o encontro com os filhos. Foi uma lição de vida, toda a família vai sair fortalecida", disse a mulher dele, a médica Renata de Loreto Ribeiro do Val Moedim.
"Não planejamos nada para hoje, só quero que ele aproveite o encontro com os filhos. Foi uma lição de vida, toda a família vai sair fortalecida", disse a mulher dele, a médica Renata de Loreto Ribeiro do Val Moedim.
Zé Elias ficou preso na carceragem da delegacia que é destinada a presos que deixam de fazer o pagamento de pensões. Ele se apresentou à Divisão de Capturas da Polícia Civil no dia 21 de julho após receber um mandado de prisão. O processo está em andamento desde 2006, quando o ex-jogador solicitou a revisão do valor da pensão.
No dia 2 de agosto, a Justiça de São Paulo reduziu o valor. Em decisão publicada no Diário da Justiça Eletrônico, a juíza Graciella Salzman, do Fórum de Barueri, reduziu para um salário mínimo o valor a ser pago a cada filho – antes, era de R$ 25 mil para cada um.
O presidente da Comissão de Direito de Família da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP), Nelson Sussumu, disse que o valor devido pelo ex-jogador não pode justificar uma nova prisão. “A dívida vai ficar, mas se torna uma dívida passível de penhora de bens. Se ele não pagar [a pensão] daqui para frente, ele pode voltar à prisão. Mas por essa mesma dívida, não."
José Elias Moedim Júnior foi revelado no Corinthians, clube que defendeu profissionalmente de 1993 a 1996. Ele também teve passagens por outros times grandes, como Bayer Leverkusen, da Alemanha, Internazionale, Bologna e Genoa, da Itália, e pelo Santos. O ex-atleta defendeu a Seleção Brasileira e conquistou a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.
Fonte: G1/CAMOCIM POLÍCIA24HS
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