Ações simples são apontadas como opção para o estudante não optar pela violência em situação de conflito
Mais uma morte dentro de escola. O terceiro crime de homicídio, neste ano, que mostra a vulnerabilidade das instituições diante da violência. O assassinato de um estudante de 23 anos em uma escola estadual, na última quarta-feira à noite, só aumenta o clima de tensão que marca a rotina de professores, alunos e diretores de unidades educacionais de Fortaleza.
Para especialistas, não basta militarizar as instituições e potencializar os conflitos com a presença de policiais armados dentro das escolas. Por outro lado, quem estuda ou trabalha nos locais acredita que, por enquanto, só isso pode deixar a comunidade escolar mais segura e os pais tranquilos.
InsegurançaPara especialistas, não basta militarizar as instituições e potencializar os conflitos com a presença de policiais armados dentro das escolas. Por outro lado, quem estuda ou trabalha nos locais acredita que, por enquanto, só isso pode deixar a comunidade escolar mais segura e os pais tranquilos.
O problema é que os casos de violência são cada vez mais constantes. De acordo com o assessor comunitário do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Laudenir Gomes, os casos estão banalizados e nem todos vão a público. Ele conta que, neste ano, por exemplo, uma gangue entrou em escola do Jangurussu e assaltou alunos, professores, diretoria.
De imediato, pensa-se logo em policiar os estabelecimentos. Mas, na opinião de Gomes, que é integrante do Comitê Cearense da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, isso não resolve. Ao contrário, pode acirrar o problema. "Militarizar é tornar o ambiente ainda mais hostil", alerta. Isso, na visão de Gomes, gera uma série de confusões: "todos se perguntam quem está no controle, se o diretor ou o policial e, ao final, não se sabe quem manda".
Por outro lado, a banalização da questão requer medidas mais ostensivas. Prova disso é que pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revela que, no Brasil, 35% dos alunos já viram arma branca dentro da escola e 12%, arma de fogo. "Isso coloca um desafio para a escola. Primeiro é preciso abrir as portas para o debate e fazer disso algo permanente. Os acontecimentos não são pontuais, são fruto de segregação social, de má divisão de renda, de desigualdade", esclarece.
Segundo ele, é inquestionável que os casos acontecem mais na periferia e em escolas públicas, mas não há regra. Ele atribui a maior frequência em bairros periféricos à falta de espaço de lazer, de políticas públicas para a juventude, entre outros aspectos. "Então a escola vira palco de confronto dessas diferenças", resume.
Entre os dias 2 e 8 de maio se celebra a Semana de Ação Mundial, cujo tema neste ano é "Por uma educação não discriminatória". A discussão se volta para três principais tipos de discriminação: distanciamento social dos portadores de deficiência, violência física contra meninos gays e meninas lésbicas e violência psicológica contra negros. Aqui, o evento se encerra no sábado, às 9 horas, com o debate "Opressão, discriminação e violência nas escolas", na sede do Cedeca.
"Fortaleza é uma das cidades mais homofóbicas. Juntando isso às facilidades de se conseguir uma arma, a violência de manifesta das mais variadas formas", analisa o assessor do Cedeca. Exemplo disso são os rabiscos nas portas de banheiros, pichações dentro da escola e nos seus muros, bullying e, de forma extrema, crimes que culminam com assassinatos.
Gomes informa que, ao longo dos anos, a violência nas escolas ganha novas feições. Se antes a maioria dos casos era de conflitos entre professor e aluno, ocasionados por repreensões ou notas baixas, hoje não se pode falar no assunto sem abordar o uso de drogas, a exclusão social, a intolerância e a homofobia.
Crimes
Na noite do dia 4 de maio, Alessandro Rosa da Silva, 23, foi morto no pátio da Escola de Ensino Fundamental e Médio Joaquim Alves, no Pan-Americano. O crime aconteceu às 21 horas e, conforme a Polícia, foi praticado por outro jovem, identificado como José Williame, que terminou sendo capturado próximo do colégio e levado para o 5º DP (Parangaba). Testemunhas afirmaram que, na hora do intervalo, Alessandro resolveu ir até a rua, onde o assassino já estava a esperá-lo. Havia montado uma tocaia. Percebendo que seria morto, o estudante correu para o interior da escola, mas foi perseguido.
O primeiro crime do tipo, neste ano, no Ceará, foi dia 28 de março, um rapaz identificado como Thiago Freitas de Menezes, 19, foi assassinado, a tiro, dentro do Colégio Polivalente, no Conjunto Prefeito José Walter. Segundo apurou a Polícia, ele foi vítima de um crime premeditado. Quando recebeu o primeiro tiro, correu para dentro da escola, onde acabou sendo fuzilado. Dias depois, o assassino apresentou-se à Polícia e alegou que era ameaçado por Thiago.
O segundo assassinato em escola no Ceará, neste ano, ocorreu em Sobral, onde bandidos invadiram a unidade de ensino. O vigia reagiu e matou um dos assaltantes
Fonte: Seduc/DN
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