Algumas delas atuam como verdadeiras
empresas, com sistema de hierarquia e setores de trabalho
Atualmente, quatro organizações criminosas
dominam o Estado. A reportagem do O Povo apurou e esclareceu como essas facções
funcionam, quando surgiram, quais os perfis dos membros, quem são seus líderes
e como elas atuam no Ceará.
O Comando Vermelho (CV) possui cerca de 9.056
membros e surgiu no estado do Rio de Janeiro. A Família do Norte (FDN) tem pelo
menos 663 integrantes e nasceu no Amazonas. Os Guardiões do Estado (GDE) é uma
facção cearense, que teve sua origem no bairro Conjunto Palmeiras, conta com
cerca de 5.718 membros, e a organização paulista Primeiro Comando Capital (PCC)
tem 3.230 integrantes, no Ceará.
Comando Vermelho
Possui pelo menos 9.056 membros nas
penitenciárias cearenses. Está abrigada nas CPPLs I e IV, e nos presídios de
Caucaia, Pacatuba e Sobral, além de 26 cadeias públicas. Maior número de
membros dentro das cadeias cearenses.
É a mais antiga das 4 facções criminosas que
atuam no Ceará. O Comando Vermelho Rogério Lemgruber (CVRL), mais conhecido
como Comando Vermelho (CV), foi criado em 1979, na prisão Cândido Mendes, na
Ilha Grande, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.
A instalação da organização criminosa no
Ceará aconteceu de forma desordenada na década de 1980, quando protagonizou
grandes assaltos, mirando instituições bancárias e joalherias.
Não possui um "código de conduta
rígido", cada liderança da facção tem autonomia para agir como quiser em
seus territórios. O CV estaria por trás do rapto e execução de 4 adolescentes,
com idades entre 13 e 16 anos, que cumpriam medidas em unidade socioeducativa
na Sapiranga, sob a tutela do Estado.
A chacina na Cadeia Pública de Itapajé, que
deixou 10 presos mortos, e o ataque à Cadeia Pública de Pentecoste, com dois
mortos e nove feridos, também são atribuídos ao CV. Os membros têm perfil jovem e agressivo. A
facção costuma se utilizar de mecanismos
de tortura, decapitação, esquartejamento e carbonização para impor medo.
663 membros nos presídios do Estado. Aliada
ao CV, divide o domínio da penitenciária de Sobral com a facção carioca, mas
está presente em outras unidades ocupadas pelo comando.
Facção criminosa transnacional, a Família do
Norte (FDN) é especializada em tráfico internacional de drogas e é considerada
a terceira maior do Brasil. Foi criada em 2006, no Amazonas, pelos traficantes
e ex-rivais José Roberto Fernandes Barbosa, o Compensa, e Gelson Carnaúba, o G.
Por conta da localização de origem, próximo
aos países produtores de drogas, controla rotas. A FDN atua de maneira ordenada
há pelo menos cinco anos. Apesar de ser considerada violenta, tem
características empresariais, com estrutura hierarquizada e divisão funcional
de atividades, com núcleo jurídico e estatuto próprio. No território cearense e
também em outros estados, se aliou e abastece parte do CV.
Em novembro de 2015, durante a operação La
Muralla deflagrada pela PF no Brasil e em outros quatro países, com o apoio da
Interpol, 80 pessoas foram presas, sete delas em cidades cearenses. Entre os
capturados estava Joleardes Celestino Lopes, 28, O Giba, um dos líderes do
grupo. Morava em um flat, na avenida beira mar, em fortaleza, e atuava como
empresário do ramo da construção civil.
Em outubro de 2017, 11 pessoas ligadas à
facção foram capturadas pela Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas.
Guardiões do Estado (GDE)
5.718 membros ativos nas penitenciárias
cearenses. Domina o IPPOOII, a CPPL II e a unidade Professor Sobreira, todas em
Itaitinga, além de penitenciária regional do Cariri e 23 cadeias públicas.
Em número de membros soltos, a GDE é
considerada a facção mais numerosa do Ceará. Foi criada no bairro conjunto
palmeiras, em Fortaleza. Teria surgido de uma dissidência do PCC, em 2015. Seus
fundadores estariam insatisfeitos com as diretrizes da facção paulista.
A cisão deu à GDE autonomia e
"rebeldia". Apesar de ter um estatuto próprio, tem regras pouco
estabelecidas, liderança pulverizada e pouca hierarquia. É bastante agressiva
também pelo perfil de seus membros: muito jovens, com média de 17 anos, que
buscam visibilidade.
Seus membros protagonizaram a chacina das
Cajazeiras em 27 de janeiro deste ano, com 14 pessoas mortes, e também a
Chacina do Benfica, em 9 de março, com 7 mortos. Um dos primeiros líderes do
grupo foi preso em 2014. Edgly Dutra Barbosa, 35, o Dudeca, foi capturado em
Maracanaú. Após fugir, foi recapturado em julho do ano passado, em Aracati.
Outro líder da GDE, Mazola Pereira da Costa, o Márcio Magneto, 47, foi preso em
abril do ano passado, em Maracanaú, acusado de tráfico. Atualmente, Auricélio
Sousa Freitas, o Celim, é uma das
lideranças buscada pela polícia. Estima-se que a GDE já domine 70% das
comunidades periféricas de Fortaleza. Capilaridade ganha durante a pacificação
de 2016.
Primeiro Comando Capital (PCC)
Está abrigada na CPPL III, em Itaitinga, e
domina 20 cadeias públicas. Teria 3.230 membros no sistema prisional do Estado.
O primeiro comando Capital (PCC) é
considerado o maior e mais organizado grupo criminoso do País. É a única facção
á qual se atribui status de "cartel", por conta de sua atuação no
tráfico internacional. Foi criada por 8 pessoas, em 1993, no Anexo da Casa de
Custódia de Taubaté, em São Paulo. Tem perfil empresarial, com rigorosa cadeia
hierárquica.
A facção dispõe de departamento jurídico,
conselho fiscal, diretoria financeira, presidência, auditoria, dentre outros
setores. O grupo se estabeleceu no Ceará no início dos anos 2000. Muitos de
seus líderes no Estado estão presos. Entre eles, está Francisco Márcio
Perdigão, 39, capturado pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, em
agosto do ano passado, no Bom Jardim.
Em março de 2016, a Polícia Federal (PF)
prendeu, em Fortaleza, o traficante Alejandro Juvenal Herbas Camacho Junior,
irmão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC. Alejandro
teria iniciado o processo de pacificação entre as facções, ocorrido no Ceará,
em 2016.
Em fevereiro deste ano, Rogério Jeremias, o
Gegê do Mangue, e Fabiano Alves, o Paca, duas lideranças nacionais do grupo,
foram encontrados mortos em Aquiraz. Dias depois, outro chefe da facção,
Claudiney Rodrigues, o Cláudio Boy, foi detido no Aeroporto de Guarulhos (SP),
ao desembarcar de Fortaleza.
Redação O POVO Online
com informações do repórter Thiago Paiva
3 comentários:
Todos malditos.
Nenhuma delas é mais sujá do que senado da República...
É de lá qui vem ú comando..
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