2 de maio de 2016

PREOCUPANTE! MAIS DE 5 MIL LICENÇAS PSIQUIÁTRICAS DE PMS NÃO SÃO RENOVADAS NO CEARÁ.


O retorno de tantos policiais licenciados levanta diversas questões; na PM, não há psiquiatra à disposição

O número de licenças médicas psiquiátricas concedidas a policiais militares reduziu drasticamente no Ceará. De 5.258 licenças publicadas nos Boletins do Comando Geral da Polícia Militar do Ceará (PMCE), no ano de 2014, foram somente cinco registradas até o dia 28 de março deste ano de 2016.
O retorno dos policiais de licença às atividades levanta vários questionamentos. E aponta algumas falhas no sistema. Haveria agentes da PM nas ruas sob efeito de remédios? Ou, pior, com quadro clinico de debilidade mental e portando arma de fogo sob a tutela do Estado?
Outra questão é que, para gozar das promoções através da 'Lei Camilo', sancionada ano passado, o policial não poderia estar de licença médica. Esse poderia ser outro fator para a miraculosa 'cura' em massa verificada.
Fato é que, no Ceará, não há psiquiatra destinado a atender a tropa da PM. Todos os atendimentos neste sentido são feitos ou por médicos dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) ou por profissionais particulares, por planos de saúde privada.
Os dados de licenças médicas psiquiátricas foram obtidos pela reportagem junto à Associação dos Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares do Estado do Ceará (Aspramece). Conforme balanço da entidade, a média era de 5.407 licenças por ano, no período entre os anos de 2010 a 2014. Em 2015, ano da sanção da Lei de promoções para os militares, teve início a redução dos afastamentos médicos: somente 1.760 licenças foram publicadas no Boletim do Comando Geral.

O presidente da Associação, Pedro Queiroz, revelou preocupação com a situação. "Os números (das publicações de concessão de licenças médicas) são bastante alarmantes. A gente percebe que as licenças caíram de forma vertiginosa. Saímos de sete mil para mil e poucas ano passado. Esse ano, só foram publicadas cinco licenças, o que a gente sabe que não é verdade", disse.
Para argumentar, o presidente da Aspramece apontou a equipe de saúde mental da Polícia Militar como exemplo de desatenção do Estado para com o tema abordado.
Há três psicólogas e três assistentes sociais à disposição da tropa, que ultrapassa as 17 mil pessoas no Estado. Destas, uma psicóloga e duas assistentes sociais ficam à disposição do Colégio Militar, uma psicóloga e outra assistente atendem à Cavalaria da PM e apenas uma profissional de Psicologia, em uma sala na sede da Secretaria da Segurança e Defesa Social (SSPDS), tenta dar conta do resto da demanda.
"Temos 17 mil militares, fora as esposas e filhos, que acabam sofrendo também com a patologia do pai ou mãe. O Estado não pode apenas cobrar e não dar ao policial a segurança psicológica que ele precisa para enfrentar essa violência desenfreada. Outro problema é termos dentro da Corporação um monte de gente supostamente trabalhando sob efeito de psicotrópicos de auto controle, de tarja preta", indicou Pedro Queiroz.

Apoio

O coordenador de saúde e assistência social da PM, tenente-coronel Paulo Simões, relatou também preocupação com a situação. Ele exaltou a atuação do Centro Biopsicossocial (CBS) da PM, no bairro Farias Brito, que serve de apoio a quem o busca.
"Para nós é uma tristeza. Percebemos que existem 'bombas humanas' na Polícia, surtando. Qualquer pessoa surta, mas a partir do momento que um policial põe a farda, ele já vai se estressando, pela violência que enfrenta, a falta de respeito às autoridades. E tem complicado muito, trazido mais surtos para dentro da Corporação", disse.
O coronel detalhou que, antes de um policial ser acompanhado pelo CBS, é preciso que o comandante do Batalhão tenha a sensibilidade de perceber a necessidade daquele comandado.
"Recebemos relatórios mensais de cada unidade, Capital e Interior, onde o comandante local nos conta sobre os colegas que estão com problemas de saúde, em serviços leves trabalhando no quartel. Aí ele diz se é problema clínico ou psicológico. É o primeiro momento em que vemos o problema", explicou.
Simões admite a necessidade de ampliação da equipe de saúde voltada para os PMs. "No CBS, atuam ainda quatro médicos, sendo dois clínicos-gerais, uma endocrinologista e um cardiologista. Mas temos uma carência muito grande. Não temos um psiquiatra e não podemos contratar mais pessoal. Nosso sonho era que cada Batalhão tivesse uma assistente social e uma psicóloga", comentou.
Acerca da diminuição de laudos publicados, o coronel disse preferir crer na boa fé. "Mandamos os atestados para a perícia medica, e eles avaliam o atestado. Se está dizendo que o policial ficou bom, quem sou eu para dizer o contrário? A Polícia precisa passar por uma reeducação mental. Toda a tropa era pra ter uma avaliação anual. Nós adoecemos e choramos igual a todo mundo e temos de nos conscientizar que também precisamos de ajuda", avaliou.

Centro Biopsicossocial da Polícia Militar do CearáRua Tereza Cristina, 1575 - bairro Farias Brito - Fortaleza - (85) 3101.2236

Fonte: DN

3 comentários:

Anônimo disse...

Só o q se viu foi PM q estava de licença, retornando para não perder as promoções.

Anônimo disse...

O quadro da segurança pública tá cheio de gente doente, é stresse de mais , cumpade.

Anônimo disse...

Ô área estressante essa dos caras, ainda tem gente q fala bobagem.