Tudo o que você pensa que sabe sobre o grupo
radical islâmico pode estar errado
Desde 2011, quando começou a agir com mais
violência e intensidade, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante – também
chamado de ISIL ou ISIS, abreviações do nome em inglês – tem assombrado a vida
de países do mundo todo.
A ONU estima que os atos do grupo terrorista
tenham deixado 230 mil mortos e milhões de desabrigados na Síria, no Iraque e
em outros países que tenham sido alvos de ataques.
Por falta de conhecimento ou por culpa das
informações desencontradas divulgadas sobre o grupo, muita gente não entende
muito bem os objetivos do Estado Islâmico e como ele funciona. Desmistifique
agora 6 mitos sobre os extremistas islâmicos:
1 - O Estado Islâmico não tem objetivo
definido
Ao contrário do que possa parecer por causa
das notícias divulgadas, o Estado Islâmico não é uma organização louca,
desorganizada, somente disposta a matar infiéis ao islamismo.
A primeira coisa necessária para entender o
Estado Islâmico é saber que o grupo tem um objetivo bastante claro: instaurar
no Oriente Médio um califado, forma de governo monárquico e totalitário
comandado pela Sharia, um conjunto de leis da fé do Alcorão (o livro sagrado do
Islamismo), da Suna (os escritos sagrados sobre a vida do profeta Maomé),
misturados a tradições e costumes dos primeiros séculos do Islã.
Depois de compreender isso, também é
importante ter saber que o Estado Islâmico é extremamente organizado, com
lideranças territoriais bem definidas, um mercado negro de arte e matéria-prima
que financia o grupo e planos estratégicos completamente claros, como a limpeza
cultural e religiosa que estão realizando ao destruir monumentos e sítios
históricos da região.
Portanto, todas as ações malucas do grupo têm
objetivo, seja ele promover a limpeza citada acima, chamar a atenção da
imprensa, incutir o medo nos infiéis ou atrair novos combatentes.
2 - Todo muçulmano apoia o Estado Islâmico
Toda nova pesquisa realizada por
observatórios de direitos humanos no Oriente Médio mostra que, cada vez mais,
menos muçulmanos apoiam a estratégia violenta e desumana do Estado Islâmico e a
interpretação radical que têm da religião.
Acima de tudo, o objetivo do grupo não é
religioso, mas político. Se os radicais desejassem limpar os infiéis do mundo,
não restringiriam seus ataques à região da Síria e Iraque. Atacam somente os
dois países, porque enxergaram neles a oportunidade de dar o pontapé inicial no
califado. Portanto, o que os líderes do grupo querem não é a predominância do
islamismo, mas o controle político de uma região do planeta.
3 - O ISIS é parte da Al-Qaeda
O Estado Islâmico foi criado no seio da
Al-Qaeda, mas, hoje, é rival do grupo que ficou conhecido pelo 11 de setembro e
pela liderança de Osama Bin Laden. As duas facções se separaram oficialmente em
2013, porque a Al-Qaeda se recusou a aceitar a violência dos atos do ISIS
contra civis e muçulmanos.
O Estado Islâmico conseguiu expulsar a
Al-Qaeda da Síria do Iraque e, atualmente, recruta muito mais militantes que a
organização rival.
4 - O Estado Islâmico é um grupo rebelde
sírio
É verdade que o ISIS está em conflito e se
opõe ao governo do presidente síria Bashar al-Assad, mas o grupo não surgiu no
início da Guerra Civil Síria, em 2011. Como escrito acima, o Estado Islâmico
era parte da Al-Qaeda. Quando a guerra em território sírio se tornou
generalizada, o ISIS viu nessa situação uma ótima oportunidade de tentar colocar
em prática seus objetivos políticos.
Disputam o controle sobre a Síria,
atualmente, o governo oficial, liderado pelo presidente Bashar al-Assada, as
forças de oposição a ele, o Estado Islâmico, algumas milícias curdas e a Frente
Al-Nusra, uma milícia islâmica apoiada pela Al-Qaeda.
É importante pontuar, também, que as ações do
ISIS não se limitam ao território sírio e a organização tem militantes dos mais
diversos países.
5 - O governo iraquiano facilitou o
empoderamento do ISIS
O ano começou com o Estado Islâmico
controlando quase todo o território leste do Iraque. O governo afirma não ter
perspectivas ou poder de fogo para impedir o avanço das tropas extremistas ou
para tomar o controle das regiões já controladas pelo Estado Islâmico.
Mas a culpa do surgimento do ISIS não pode
ser atribuída somente à falta de ação do governo iraquiano. Quando subiu ao
poder, o atual primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, começou,
gradativamente, a deixar o governo do país cada vez mais democrático, tirando
poderes que eram de extremistas islâmicos.
Percebendo a ira de seus militantes, o Estado
Islâmico se aproveitou deste sentimento de revolta para influenciar seus
exércitos a combater a soberania do primeiro-ministro al-Maliki. Logo, qualquer
governo que tivesse intenções democráticas sofreria com a represália do ISIS.
6 - O Estado Islâmico é invencível
Como o ISIS já mantém o poder de boa parte
dos territórios que conquistou por mais de um ano e expandiu suas ações até
para países ocidentais – como os atentados de 13 de novembro, em Paris –, o
mundo parece pensar que o Estado Islâmico é invencível. Mas não é.
Somente no ano passado, tropas sírias,
iraquianas, norte-americanas, russas e diversos outros grupos rebeldes e
terroristas recuperaram cerca de 25% dos territórios que o ISIS conquistou em
2014 e pouco mais de 9% do que já tinha sob controle até o fim de 2013.
Pouco a pouco, todos os antigos aliados se
afastam do grupo, que se vê quase isolado e sem grandes perspectivas de
conquistas novos territórios ou de manter os que já têm sob controle. Com
paciência, cautela e estratégia, é possível derrotar o grupo, concordam
diversos especialistas em política internacional.
Galileu
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