As empresas de telefonia passarão a ser
exigidas na busca da resolução de um problema antigo para o Estado do Ceará: o
uso de aparelhos celulares e outros equipamentos eletrônicos dentro dos
presídios. Ontem, o governador Camilo Santana assinou projeto de lei, que será
encaminhado e discutido na Assembleia Legislativa (AL), versando sobre a
proibição de disponibilidade de sinal telefônico em áreas destinadas às
Unidades Prisionais. Em miúdos, caberá às empresas encontrar uma maneira de
impedir a comunicação por telefone e internet dos presidiários com o mundo
externo.
Já há algum tempo o governo, através da
Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), busca encontrar uma solução para o
problema. O desconforto com o tema é notório sempre que questionado. Não por
falta de interesse: diversas tecnologias estrangeiras foram testadas, várias
reuniões realizadas, muitos especialistas consultados. Entretanto, o mais
próximo que se chegou de uma solução para a famigerada farra dos celulares
dentro dos presídios foram os bloqueadores de sinal produzidos pelo Instituto
Federal do Ceará (IFCE), que foram descontinuados, e os aparelhos de
bodyscanner, instalados nas grandes unidades. Nenhum, no entanto, produziu o
efeito esperado e impediu que detentos continuassem a comandar o crime de
dentro das celas.
Durante a primeira reunião do Comitê
Interinstitucional do Pacto por um Ceará Pacífico, no Palácio da Abolição, o
governador do Estado assinou o projeto de lei que será encaminhado à AL após o
recesso, em 1º de fevereiro.
"É fundamental que procuremos
alternativas para o bloqueio de celulares nos presídios do Estado. Qualquer
comunicação, que não a institucional, no sistema penitenciário deve ser
regulada e, se ilegal, punida. Além disso, essa lei acaba por trazer também uma
maior responsabilidade para as empresas de telefonia móvel. Todos nós devemos
estar alinhados na busca do movimento pela paz e pela vida de todos os
cearenses", destacou o governador, ao apresentar a medida.
Camilo enfatizou que a busca por solucionar o
problema visa desestabilizar o crime organizado no Estado. "Hoje em dia,
pessoas de dentro do presídio comandam crimes. E isso tem sido uma das nossas
grandes preocupações, garantir o bloqueio do uso de celulares nos presídios.
Esse é um problema não só do Ceará, mas do Brasil. Várias tecnologias são
apresentadas ao governo: israelense, americana. E até agora nenhuma nos deu
segurança. Essa medida é fundamental e estratégica. Não tenho dúvidas que vamos
dar um avanço no combate à violência se conseguirmos realizar essa ação nos
principais presídios do Ceará".
Viabilidade
O titular da Sejus, secretário Hélio Leitão,
também destacou a importância da legislação estadual no combate ao livre acesso
dos presos aos serviços de telecomunicação irregular.
"Tecnicamente, isso é viável, criar uma
área de sombra no perímetro do presídio. Unidade prisional é área de segurança.
A ideia é que as operadoras façam isso, pois Segurança Pública é uma questão
que não é só do Estado, é de toda a sociedade. As operadoras são chamadas a dar
sua contribuição pois desenvolvem uma atividade regulada, uma concessão
pública", disse.
Segundo o secretário, também caberá às
operadoras pensar em uma solução que impeça o uso das redes de telefonia dentro
dos presídios cearenses mas não interfira na oferta do serviço aos clientes que
morem no entorno das unidades. "Com essa iniciativa, as operadoras estão
sendo corresponsabilizadas. Elas dispõem de ferramentas técnicas para fazer com
que isso fique na área da unidade prisional, que é uma área de segurança,
repito", indicou Leitão.
Fonte: DN
Um comentário:
Agora sim... Os cara no presídio tem mais crédito no celular do que o cidadão.
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