A Polícia ainda investiga qual seria a rota
completa da cocaína, mas acredita que parte iria para a Europa.
O carregamento de cocaína transportado por uma
aeronave Cesna, prefixo PT-OID, apreendido no último sábado, está avaliado em
R$ 7,5 milhões, conforme a Polícia Federal (PF). A instituição interceptou o
monomotor, na Zona Rural de Pedra Branca (261Km de Fortaleza), mas os
tripulantes conseguiram fugir. A Polícia acredita que a droga vinha da Região
Andina, provavelmente da Bolívia, e parte dela seria enviada para a Europa.
O titular da Delegacia de Repressão a
Entorpecentes (DRE) da PF, Janderlyer Gomes, revelou que pelas características
dos narcóticos eles deveriam ser divididos entre o Ceará e a Europa. "Nem
tudo ficaria aqui. O mercado exterior, principalmente a Europa, é ávido por
cocaína com este grau de pureza".
O carregamento que veio do exterior teria
passado por um Estado da Região Norte, onde a aeronave que seguiu para o Ceará
foi abastecida. "O monomotor pertence a uma empresa de Rondônia. Estamos
investigando se a entrada desta droga é pelo Mato Grosso ou por Rondônia",
declarou o delegado.
O piloto e o proprietário da aeronave Cesna, que
transportava os 361Kg de cocaína refinada para o Ceará já foram identificados.
Janderlyer Gomes disse que não pode dar detalhes das pessoas investigadas. Ele
adiantou que a rota já vinha sendo investigada pela Polícia.
"Esta rota da Bolívia já é conhecida pela
PF. A porta de entrada aqui no Brasil era sempre os Estados do Norte. O que é
novo é a inserção do Ceará neste trajeto. Estamos trabalhando para combater e
eliminar todas as chances destas quadrilhas continuarem enviando drogas em
aviões para cá", disse Gomes.
Para o delegado, é possível que outras cargas
tenham chegado ao Ceará, em aeronaves. "Muitos outros transportes deste
tipo devem ter sido bem-sucedidos, para que as quadrilhas investissem tanto em
aeronaves. Não é barato, nem fácil aderir a esta logística. Antes, apenas as
Regiões Sul e Sudeste recebiam aeronaves com droga. Os entorpecentes que vinham
para o Nordeste eram transportados pelas rodovias. O Ceará é estrategicamente
próximo da Europa, isto é certamente um dos motivos para a escolha do
Estado".
Pistas clandestinas
Janderlyer Gomes ressaltou que a Polícia Federal
está monitorando as pistas de pouso clandestinas no Estado. Segundo ele, mais
de dez pontos já foram detectados. "Para nossa surpresa muitas pistas
foram descobertas, em várias regiões do Ceará. Estamos recebendo ajuda da
Aeronáutica neste mapeamento. Esta pista de Pedra Branca, inclusive, já tinha
sido revelada pela Aeronáutica ao nosso setor de Inteligência", revelou.
O titular da DRE afirmou que chegou ao
conhecimento da PF muitos relatos de pousos suspeitos, em diversos municípios
cearenses, que estão sendo checados. "Muita gente denunciou que já viu
aviões pousando em lugares que não costumavam aterrissar. Com o mapeamento
vamos ver o que pode ou não ser parte da rota do tráfico".
A preferência pela região em que três
monomotores já foram apreendidos, é por conta do efetivo policial ser menor, de
acordo com o delegado. "Eles procuram áreas que parecem desguarnecidas
para pousarem as aeronaves. Porém, com o mapeamento e a contribuição da PM e da
Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), estes aviões têm sido
interceptados antes do destino", declarou.
Janderlyer Gomes disse que a rota completa dos
entorpecentes ainda está sendo investigada. "Estamos apurando quem enviou
e quem iria receber a cocaína, até descobrirmos todos os responsáveis por esta
prática criminosa", afirmou.
A PF também está analisando se esta apreensão
tem relação com as anteriores, ocorridas no município de Canindé e na divisa
dos Estados do Ceará e do Piauí, no mês de abril.
Mesma organização
O delegado Wellington Santiago Silva, titular da
Delegacia de Repressão e Combate ao Crime Organizado da PF, afirmou que ainda
não é possível afirmar se esse carregamento era da mesma organização criminosa
das outras apreensões.
"As equipes ainda estão no local fazendo
diligências. Existe certa semelhança do material apreendido com o de Canindé,
mas só as investigações poderão delinear se existe uma conexão entre esses
grupos", destacou.
Márcia Feitosa
Repórter
Fonte: DN
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