Conforme a Polícia Federal, a droga que chega ao
Estado vem do exterior e é enviada para a Europa e África.
Em meio a uma rede de tráfico aéreo que
movimenta grandes quantidades de droga em três continentes, o Ceará é visto
como ponto estratégico para a distribuição de narcóticos. As apurações da
Polícia Federal (PF) deram conta de rotas em que a cocaína sai da Região
Andina, entra no Brasil pela Região Norte e quando chega aqui é distribuída
para a Europa e África. Membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) participam
da negociação, que seria financiada por grandes empresários cearenses, conforme
a PF.
O Diário do Nordeste publicará durante três dias
uma série de reportagens contando detalhes do esquema criminoso. De acordo com
o delegado Janderlyer Lima, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes
(DRE) da PF, os três monomotores que traziam mais de 800Kg de cocaína do
exterior para o Ceará apreendidos do dia 11 de abril até agora, foram
contratados por quadrilhas ricas e bem estruturadas, que têm contatos em
diversas categorias, incluindo o empresariado e servidores públicos de várias
instituições.
"Este é um sistema complexo, o tráfico tem
uma logística muito bem elaborada. Há uma rede montada por pessoas que já
conhecem todo o trâmite para que grandes quantidades de droga voem
clandestinamente, sem serem percebidas pelo esquema de segurança que existe
para detectá-las. Em relação ao Ceará, não existe um cartel, são diversas
quadrilhas que enviam drogas de outros Países para cá. Embora se comuniquem
entre si, são bandos diferentes", declarou Lima.
Segundo o delegado, o próximo passo das
investigações é a prisão dos responsáveis por trazer os entorpecentes para o
Estado. Isto inclui os traficantes que manipulam a droga e também quem financia
o esquema.
"Os 'importadores' dos entorpecentes são
pessoas que se travestem de grandes empresários cearenses, mas são de fato
financiadores do tráfico. Não tocam na droga, não sujam as mãos, mas auferem
lucros elevadíssimos com o sistema. Eram eles os reais responsáveis pela
cocaína apreendida nas aeronaves", declarou o titular da DRE.
Intermediários
Segundo o delegado, a negociação da cocaína é
feita por integrantes do PCC, que são intermediários entre pessoas enviadas por
traficantes da Região Andina, com os representantes de empresários cearenses.
"A rede de negociação parece com a dos produtos lícitos. É preciso que
existam garantias. Muita gente faz parte da teia, já prendemos até um PM do
Paraguai, que estava aqui fazendo o serviço de atravessador do esquema",
revelou.
Janderlyer Lima afirmou que empresários que estão
lucrando com o tráfico aéreo de drogas já foram identificados e estão passando
por investigações financeiras. "Temos nomes, ramos de atuação, mas para
prendê-los é preciso que algo comprove suas verdadeiras fontes de renda".
Denúncias
A PF pede que quem tiver informações, que possam
ajudar nestas investigações, entre em contato com a DRE pelo número 3392-4933.
O sigilo é garantido
Márcia Feitosa
Repórter
Fonte: DN
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