O Major Artunane Alves de Aguiar, concedeu na
noite de ontem (12/3) sua primeira entrevista após assumir o comando da 3ª
CIA/3º BPM. O novo comandante da companhia, muito atencioso, falou sobre sua
relação com Camocim, e assuntos como o uso inadequado dos paredões, combate ao
tráfico de drogas e a situação do Mercado Público.
Acompanhe os melhores momentos da entrevista
exclusiva do Major Artunane à Folha de Camocim.
Folha de Camocim: - Major Artunane, boa noite.
Como é para o senhor voltar à trabalhar em Camocim?
Major Artunane: - Boa noite, Jonnes. Eu sou além
de patriota, muito regionalista! Eu sou “cearencês” puro! Até costumo falar que
sou até demais. Mas das companhias que eu tive a oportunidade de trabalhar,
como na Serra da Ibiapaba, por exemplo, que existe belezas naturais que talvez
supere muitas cidades europeias por aí, não tem um pôr-do-sol bonito como tem
aqui na cidade de Camocim. Camocim é uma cidade acolhedora. Aqui eu me sinto
muito bem. E a melhor coisa do mundo é você trabalhar com satisfação. Primeiro,
eu tenho disposição, graças à Deus. (Tenho) saúde. Amo o que faço, e gosto
muito das pessoas que aqui moram. Sem falar das amizades que me trazem uma
energia positiva muito grande, isso faz com que eu durma bem, trabalhe bem e
assim consiga levar minha vida bem com a minha família, que é o mais
importante.
Folha de Camocim: - Quais as suas primeiras
impressões sobre a companhia?
MA: - A (primeira) impressão que eu tive foi
negativa, profissionalmente falando. Não desmerecendo ou desprestigiando nenhum
comandante anterior, mas eu me senti como se estivesse numa companhia
abandonada. Abandonada no sentido amplo da palavra, porque eu encontrei uma
tropa desmotivada. Uma tropa cuja faixa etária ultrapassa os 45 anos, ou seja,
a minha idade, mas graças à Deus tenho muita saúde e vontade de trabalhar. E
uma tropa que não cresceu, só fez diminuir com o decorrer do tempo. Mas a minha
vinda pra cá foi pra enfrentar desafios. O comandante que vai para qualquer
unidade operacional e passa problemas para o seu superior imediato, não tem
experiência e maturidade para comandar. Eu tenho que administrar os problemas
(...) trabalhar o aspecto dos recursos humanos, que é o mais importante. Se eu
não tiver homens motivados eu posso ter helicóptero, posso ter jetski, eu posso
ter viaturas de luxo, mas eu não tenho excelência no atendimento que é o que eu
quero.
Folha de Camocim: - Como o senhor pretende
alcançar essa excelência?
MA: - A primeira coisa que eu falei com a tropa
hoje foi: “por favor, não atendam ninguém baixando o vidro e falando de dentro
da viatura, isso é um desrespeito muito grande, não só ao contribuinte, mas ao
cidadão camocinense”. Quando eu venho para comandar alguma unidade específica,
eu trago minha família, porque eu não quero sentir só a “temperatura” da
criminalidade da cidade, mas também o que é que o povo está achando, e como é
que eu estou executando. Eu sou um cara totalmente aberto. A tropa tem abertura
para falar comigo tanto pra elogiar como pra criticar, porque eu não sou
perfeito e ninguém é. Mas, graças à Deus, essa (companhia) é meu sétimo
comando. E nós sabemos que trabalhar como o ser humano é muito difícil, você
não consegue satisfazer a todo mundo. De uma forma global, o exemplo mais
específico que temos é o de Jesus Cristo que amou todo mundo e ainda tem
pessoas que falam mal dele, eu não consigo entender isso. E tem pessoas que não
são tão vocacionadas para o trabalho.
Folha de Camocim: - Vocação?
MA: - Antigamente, nós tínhamos os policiais
militares que passavam pelo teste vocacional antes de “envergar” o uniforme da
PM. Hoje, devido a esse corre-corre, essa pressão grande que o Brasil inteiro
está enfrentando devido a criminalidade que tem vindo como um efeito galopante,
e o Estado do Ceará não está fora disso, nós estamos “fabricando” policiais militares
dentro do sistema que a Secretaria Nacional de Segurança Pública está colocando
como currículo padrão para todas as policias militares, ou seja, estão formando
homens com seis meses. Eu vejo que, dentre esses homens, tem os que estão lá
chamados “concursistas”, aqueles que estão ali esperando um momento. Eles não
tem vocação para ser policial militar. Policial militar é um sacerdócio, se
você não gostar, se você não tiver uma identidade com a profissão, você não
permanece muito tempo nela, (pois) vai ser um policial frustrado. E às vezes o
jovem, principalmente com seus vinte e poucos anos, tem a ideia de que
colocando na cintura uma pistola, se torna um super-homem. Muita gente acha que
uma arma é um escudo. É uma pseudossegurança, mas nas mãos das pessoas
treinadas ela é realmente uma segurança pra si e pra terceiros, já nas mãos das
pessoas inexperientes ela se torna um perigo pra ela mesma e para toda
sociedade.
Folha de Camocim: - Major, Camocim tem um foco
turístico muito grande, e isso traz os prós e os contras. Falando dos contras:
do tráfico de drogas, da prostituição... Como o senhor pretende trabalhar
nesses aspectos com a PM aqui em Camocim?
MA: - Hoje eu tive a grata satisfação de
encontrar-me com os magistrados daqui da comarca de Camocim e também a
Promotoria. A PM pode muito, eu digo que a única instituição pública que está
presente em todos os municípios, não só do estado do Ceará, mas do Brasil,
chama-se Polícia Militar. (...) Nós aprendemos que não se pode fazer segurança
pública sozinho. Muita gente tem a concepção que segurança pública se faz
através de polícia na rua. Polícia na rua é só uma das etapas da segurança
pública. Nós temos a segurança indireta, que inclusive, conversando com a
prefeita Monica Aguiar, e fui muito bem recebido por sinal, ela me falou que
está trabalhando para a cidade ser bastante iluminada, isso é segurança
indireta. Se eu tenho uma criança que está dentro da escola, a questão da
Educação, também é segurança indireta, se estiver fora estará ociosa, e costumava
meu pai falar, que “mente vazia é oficina do cão” (...). Não adianta eu estar
aqui todo dia prendendo bandido, colocando detrás das grades e a justiça for
maleável. Graças à Deus, eu senti uma sinergia muito grande com relação ao juiz
da comarca de Camocim, e com a Promotoria.(...)
Folha de Camocim: - Quais são as ações imediatas
que o senhor pretende executar?
MA: - Sempre eu cito meu pai porque ele foi e
continua sendo um grande exemplo pra mim, ele sempre falava que primeiro se
você quer que o vizinho ele tenha uma atitude correta, primeiro se corrija e
ajeite sua casa. Então eu sempre trabalho com meus recursos humanos primeiro,
trabalhando através do exemplo e a reboque do meu exemplo faço com que eles
trabalhem motivados. Eu não dou mau exemplo pra ninguém. Quando eu venho
trabalhar, repito novamente, eu fico na cidade com a minha família para todos
sintam também a segurança. E fiquei muito, mas muito triste quando cheguei na
cidade, antes de ontem, por volta das 10h30, e assim que eu entrei na cidade vi
logo um paredão de som. Então eu acho um absurdo, porque além de tornar as
pessoas que querem dormir reféns daquela música, geralmente muito
“bate-estaca”, essas músicas de funk, que eu não tenho nada contra, mas vamos
ter que respeitar o direito alheio. Também, depois que eu cheguei aqui, eu vi o
mercado também com muitas reclamações, uma senhora que é amiga minha disse que
não andava mais no mercado, porque pessoas de bem não andam mais lá, inclusive
tem prostíbulo e boca de fumo dentro do mercado. Eu garanto pra você que em uma
semana vai acabar esse negócio, porque a partir de amanhã, eu começo a
trabalhar não só efetivamente com o serviço de investigação, estive até na
delegacia conversando com Dr. Herbert, nós vamos trabalhar pesado identificando
esses elementos.
Folha de Camocim: - Quanto aos usuários de
drogas?
MA: - Aqueles que consomem drogas infelizmente
são vítimas do tráfico, mas o traficante não tem perdão. Ele não quer saber se
você vai morrer, se você vai ter sua saúde abalada, ele não vai estar
preocupado com isso não, ele vai estar preocupado é com o lucro. E é um lucro
nocivo, então esse é o meu alvo. Eu costumo falar que PM não é policia militar
não, PM é pai e mãe. Nós temos que tratar, dar educação ao cidadão, mesmo ele
sendo um infrator, como um pai e mãe, as vezes o pai tem que puxar a orelha do
filho. A princípio é isso aí, mas nós temos cinco municípios, com Camocim sendo
o polo.
Folha de Camocim: - Major, e os preparativos de
segurança para a Semana Santa, já que o fluxo de pessoas aumenta?
MA: - Camocim agora na Semana Santa, por
incrível que pareça, parece até contraditório, ela, que tem nome de santa, é o
período em que registramos o maior número de homicídios. Pra você ter ideia
muito maior que o Carnaval. Nós nos preparamos para esse feriado com um efetivo
e força total. Já solicitei reforço principalmente para os pontos turísticos
daqui. (...) A praia do Maceió, ela é típica em receber 40, 50 ônibus que eu já
cheguei a testemunhar, de pessoas que vem da Serra da Ibiapaba, de Sobral, de outros
estados como do Piauí, pessoas de bem que vem pra cá para desfrutar das belezas
naturais que hoje tem um acesso maravilhoso. Então eu terei que colocar
policiamento lá, e fazer um trabalho com excelência. Colocar ele (policiamento)
lá motivado para que trabalhe bem para não acontecer do cidadão voltar ao seu
ônibus e um infrator da lei chegue lá e leve suas coisas.
Folha de Camocim: - Major Artunane, agradecemos
a sua atenção à Folha de Camocim e desejamos sucesso em sua nova empreitada.
Major Artunane: - Jonnes eu é quem agradeço,
digo a você que o oficial comandante de uma unidade que tranca as portas para a
imprensa, seja ela escrita, falada ou televisionada, eu acho uma hipocrisia
muito grande. Eu sou servidor público, meu trabalho diz que é pra servir ao
público, então eu tenho que dar satisfação à sociedade, ao contribuinte que
paga os impostos, do trabalho que eu estou executando. E eu consigo fazer isso
através da amplitude do seu trabalho. Então eu agradeço novamente, porque você
consegue fazer com que os jovens adolescentes, que são os que mais acessam a
web, vejam informações positivas como as suas, e é essa geração que formarão os
futuros policiais militares, os futuros médicos, os futuros advogados, os
futuros juízes, enfim, os futuros trabalhadores camocinenses. O seu trabalho
está sendo um trabalho de utilidade pública. Eu agradeço e digo que estou
sempre à disposição no quartel da 3ª CIA.
Fonte: Folha de Camocim
5 comentários:
SENTI FIRMEZA, DEUS LHE DÊ UMA BOA SORTE!
Caraca que palavras graciosa comandante. parabaens
Que Deus seja contigo e essa tropa
Seja bem vindo,o conheço de perto e merece respeito em todas as suas ações, no nosso linguajá, é cabra macho mesmo, um dos melhores q passou por aqui, parabéns.
Que Deus o abençoe
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