13 de março de 2015

CONFIRA A ENTREVISTA CONCEDIDA PELO MAJOR ARTUNANE AO FOLHA DE CAMOCIM.

O Major Artunane Alves de Aguiar, concedeu na noite de ontem (12/3) sua primeira entrevista após assumir o comando da 3ª CIA/3º BPM. O novo comandante da companhia, muito atencioso, falou sobre sua relação com Camocim, e assuntos como o uso inadequado dos paredões, combate ao tráfico de drogas e a situação do Mercado Público.
Acompanhe os melhores momentos da entrevista exclusiva do Major Artunane à Folha de Camocim.

Folha de Camocim: - Major Artunane, boa noite. Como é para o senhor voltar à trabalhar em Camocim?

Major Artunane: - Boa noite, Jonnes. Eu sou além de patriota, muito regionalista! Eu sou “cearencês” puro! Até costumo falar que sou até demais. Mas das companhias que eu tive a oportunidade de trabalhar, como na Serra da Ibiapaba, por exemplo, que existe belezas naturais que talvez supere muitas cidades europeias por aí, não tem um pôr-do-sol bonito como tem aqui na cidade de Camocim. Camocim é uma cidade acolhedora. Aqui eu me sinto muito bem. E a melhor coisa do mundo é você trabalhar com satisfação. Primeiro, eu tenho disposição, graças à Deus. (Tenho) saúde. Amo o que faço, e gosto muito das pessoas que aqui moram. Sem falar das amizades que me trazem uma energia positiva muito grande, isso faz com que eu durma bem, trabalhe bem e assim consiga levar minha vida bem com a minha família, que é o mais importante.


Folha de Camocim: - Quais as suas primeiras impressões sobre a companhia?

MA: - A (primeira) impressão que eu tive foi negativa, profissionalmente falando. Não desmerecendo ou desprestigiando nenhum comandante anterior, mas eu me senti como se estivesse numa companhia abandonada. Abandonada no sentido amplo da palavra, porque eu encontrei uma tropa desmotivada. Uma tropa cuja faixa etária ultrapassa os 45 anos, ou seja, a minha idade, mas graças à Deus tenho muita saúde e vontade de trabalhar. E uma tropa que não cresceu, só fez diminuir com o decorrer do tempo. Mas a minha vinda pra cá foi pra enfrentar desafios. O comandante que vai para qualquer unidade operacional e passa problemas para o seu superior imediato, não tem experiência e maturidade para comandar. Eu tenho que administrar os problemas (...) trabalhar o aspecto dos recursos humanos, que é o mais importante. Se eu não tiver homens motivados eu posso ter helicóptero, posso ter jetski, eu posso ter viaturas de luxo, mas eu não tenho excelência no atendimento que é o que eu quero.

Folha de Camocim: - Como o senhor pretende alcançar essa excelência?

MA: - A primeira coisa que eu falei com a tropa hoje foi: “por favor, não atendam ninguém baixando o vidro e falando de dentro da viatura, isso é um desrespeito muito grande, não só ao contribuinte, mas ao cidadão camocinense”. Quando eu venho para comandar alguma unidade específica, eu trago minha família, porque eu não quero sentir só a “temperatura” da criminalidade da cidade, mas também o que é que o povo está achando, e como é que eu estou executando. Eu sou um cara totalmente aberto. A tropa tem abertura para falar comigo tanto pra elogiar como pra criticar, porque eu não sou perfeito e ninguém é. Mas, graças à Deus, essa (companhia) é meu sétimo comando. E nós sabemos que trabalhar como o ser humano é muito difícil, você não consegue satisfazer a todo mundo. De uma forma global, o exemplo mais específico que temos é o de Jesus Cristo que amou todo mundo e ainda tem pessoas que falam mal dele, eu não consigo entender isso. E tem pessoas que não são tão vocacionadas para o trabalho.

Folha de Camocim: - Vocação?

MA: - Antigamente, nós tínhamos os policiais militares que passavam pelo teste vocacional antes de “envergar” o uniforme da PM. Hoje, devido a esse corre-corre, essa pressão grande que o Brasil inteiro está enfrentando devido a criminalidade que tem vindo como um efeito galopante, e o Estado do Ceará não está fora disso, nós estamos “fabricando” policiais militares dentro do sistema que a Secretaria Nacional de Segurança Pública está colocando como currículo padrão para todas as policias militares, ou seja, estão formando homens com seis meses. Eu vejo que, dentre esses homens, tem os que estão lá chamados “concursistas”, aqueles que estão ali esperando um momento. Eles não tem vocação para ser policial militar. Policial militar é um sacerdócio, se você não gostar, se você não tiver uma identidade com a profissão, você não permanece muito tempo nela, (pois) vai ser um policial frustrado. E às vezes o jovem, principalmente com seus vinte e poucos anos, tem a ideia de que colocando na cintura uma pistola, se torna um super-homem. Muita gente acha que uma arma é um escudo. É uma pseudossegurança, mas nas mãos das pessoas treinadas ela é realmente uma segurança pra si e pra terceiros, já nas mãos das pessoas inexperientes ela se torna um perigo pra ela mesma e para toda sociedade.

Folha de Camocim: - Major, Camocim tem um foco turístico muito grande, e isso traz os prós e os contras. Falando dos contras: do tráfico de drogas, da prostituição... Como o senhor pretende trabalhar nesses aspectos com a PM aqui em Camocim?

MA: - Hoje eu tive a grata satisfação de encontrar-me com os magistrados daqui da comarca de Camocim e também a Promotoria. A PM pode muito, eu digo que a única instituição pública que está presente em todos os municípios, não só do estado do Ceará, mas do Brasil, chama-se Polícia Militar. (...) Nós aprendemos que não se pode fazer segurança pública sozinho. Muita gente tem a concepção que segurança pública se faz através de polícia na rua. Polícia na rua é só uma das etapas da segurança pública. Nós temos a segurança indireta, que inclusive, conversando com a prefeita Monica Aguiar, e fui muito bem recebido por sinal, ela me falou que está trabalhando para a cidade ser bastante iluminada, isso é segurança indireta. Se eu tenho uma criança que está dentro da escola, a questão da Educação, também é segurança indireta, se estiver fora estará ociosa, e costumava meu pai falar, que “mente vazia é oficina do cão” (...). Não adianta eu estar aqui todo dia prendendo bandido, colocando detrás das grades e a justiça for maleável. Graças à Deus, eu senti uma sinergia muito grande com relação ao juiz da comarca de Camocim, e com a Promotoria.(...)

Folha de Camocim: - Quais são as ações imediatas que o senhor pretende executar?

MA: - Sempre eu cito meu pai porque ele foi e continua sendo um grande exemplo pra mim, ele sempre falava que primeiro se você quer que o vizinho ele tenha uma atitude correta, primeiro se corrija e ajeite sua casa. Então eu sempre trabalho com meus recursos humanos primeiro, trabalhando através do exemplo e a reboque do meu exemplo faço com que eles trabalhem motivados. Eu não dou mau exemplo pra ninguém. Quando eu venho trabalhar, repito novamente, eu fico na cidade com a minha família para todos sintam também a segurança. E fiquei muito, mas muito triste quando cheguei na cidade, antes de ontem, por volta das 10h30, e assim que eu entrei na cidade vi logo um paredão de som. Então eu acho um absurdo, porque além de tornar as pessoas que querem dormir reféns daquela música, geralmente muito “bate-estaca”, essas músicas de funk, que eu não tenho nada contra, mas vamos ter que respeitar o direito alheio. Também, depois que eu cheguei aqui, eu vi o mercado também com muitas reclamações, uma senhora que é amiga minha disse que não andava mais no mercado, porque pessoas de bem não andam mais lá, inclusive tem prostíbulo e boca de fumo dentro do mercado. Eu garanto pra você que em uma semana vai acabar esse negócio, porque a partir de amanhã, eu começo a trabalhar não só efetivamente com o serviço de investigação, estive até na delegacia conversando com Dr. Herbert, nós vamos trabalhar pesado identificando esses elementos.

Folha de Camocim: - Quanto aos usuários de drogas?

MA: - Aqueles que consomem drogas infelizmente são vítimas do tráfico, mas o traficante não tem perdão. Ele não quer saber se você vai morrer, se você vai ter sua saúde abalada, ele não vai estar preocupado com isso não, ele vai estar preocupado é com o lucro. E é um lucro nocivo, então esse é o meu alvo. Eu costumo falar que PM não é policia militar não, PM é pai e mãe. Nós temos que tratar, dar educação ao cidadão, mesmo ele sendo um infrator, como um pai e mãe, as vezes o pai tem que puxar a orelha do filho. A princípio é isso aí, mas nós temos cinco municípios, com Camocim sendo o polo.

Folha de Camocim: - Major, e os preparativos de segurança para a Semana Santa, já que o fluxo de pessoas aumenta?

MA: - Camocim agora na Semana Santa, por incrível que pareça, parece até contraditório, ela, que tem nome de santa, é o período em que registramos o maior número de homicídios. Pra você ter ideia muito maior que o Carnaval. Nós nos preparamos para esse feriado com um efetivo e força total. Já solicitei reforço principalmente para os pontos turísticos daqui. (...) A praia do Maceió, ela é típica em receber 40, 50 ônibus que eu já cheguei a testemunhar, de pessoas que vem da Serra da Ibiapaba, de Sobral, de outros estados como do Piauí, pessoas de bem que vem pra cá para desfrutar das belezas naturais que hoje tem um acesso maravilhoso. Então eu terei que colocar policiamento lá, e fazer um trabalho com excelência. Colocar ele (policiamento) lá motivado para que trabalhe bem para não acontecer do cidadão voltar ao seu ônibus e um infrator da lei chegue lá e leve suas coisas.

Folha de Camocim: - Major Artunane, agradecemos a sua atenção à Folha de Camocim e desejamos sucesso em sua nova empreitada.


Major Artunane: - Jonnes eu é quem agradeço, digo a você que o oficial comandante de uma unidade que tranca as portas para a imprensa, seja ela escrita, falada ou televisionada, eu acho uma hipocrisia muito grande. Eu sou servidor público, meu trabalho diz que é pra servir ao público, então eu tenho que dar satisfação à sociedade, ao contribuinte que paga os impostos, do trabalho que eu estou executando. E eu consigo fazer isso através da amplitude do seu trabalho. Então eu agradeço novamente, porque você consegue fazer com que os jovens adolescentes, que são os que mais acessam a web, vejam informações positivas como as suas, e é essa geração que formarão os futuros policiais militares, os futuros médicos, os futuros advogados, os futuros juízes, enfim, os futuros trabalhadores camocinenses. O seu trabalho está sendo um trabalho de utilidade pública. Eu agradeço e digo que estou sempre à disposição no quartel da 3ª CIA.

5 comentários:

RENAN disse...

SENTI FIRMEZA, DEUS LHE DÊ UMA BOA SORTE!

Anônimo disse...

Caraca que palavras graciosa comandante. parabaens

Anônimo disse...

Que Deus seja contigo e essa tropa

Alberto t disse...

Seja bem vindo,o conheço de perto e merece respeito em todas as suas ações, no nosso linguajá, é cabra macho mesmo, um dos melhores q passou por aqui, parabéns.

Anônimo disse...

Que Deus o abençoe