Abalado com a morte de quatro policiais no fim
de semana, o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou,
nesta segunda-feira, 23, que ‘‘a polícia está sozinha no combate à criminalidade no
Rio’’. Ele fez o desabafo durante o velório do policial civil Thiago Thomé de
Deus, de 29 anos, assassinado na manhã de domingo no bairro do Fonseca, em
Niterói. À tarde, ele criticou ainda o modelo orçamentário estabelecido pela
Constituição Federal, que impede um maior repasse de verbas para as polícias
dos estados:
— Acho que as pastas de saúde e educação
precisam mesmo ter maior peso na participação orçamentária, pois são setores
importantes, mas me considero só nessa luta de cobrar mais para a segurança dos
estados. É muito desigual. O governo federal só nos ajuda mandando recursos
para a formação de policiais. Não há um orçamento anual previsto. As pessoas se
esquecem que todos têm de participar. A polícia é o único ente do poder público
dentro de uma área conflagrada. A polícia é sempre a bucha do canhão. Não
existe uma polícia como a nossa no mundo. É o policial que põe o peito na
frente e encara esse estado de barbárie.
Sem citar nomes, Beltrame cobrou um maior apoio
de instituições à política de pacificação implantada no estado.
— A polícia está sozinha nessa selvageria toda
com essas pessoas que não tem apego algum pela vida e matam por um celular.
Precisamos da ajuda das outras instituições que compõem o conceito de segurança
pública. A ponta disso tudo é a polícia, e ela continua sozinha nessa luta —
afirmou o secretário, que repetiu um alerta. — A polícia está se esgotando. A
situação de impunidade impera, há uma banalização da vida. Tiram a vida das
pessoas de uma maneira muito natural, tiram por causa de um carro, de R$ 30, de
um celular. Isso tem a ver com impunidade.
Aparências de adolescentes
Thiago Thomé de Deus e a mulher voltavam para
casa após assistirem ao Desfile das Campeãs na Sapucaí quando um grupo de
jovens abordou o carro do casal. De acordo com investigadores, o agente tentou
reagir e sacou uma pistola, mas a arma teria falhado. Segundo testemunhas, alguns
dos assassinos aparentavam ser adolescentes.
O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando
Veloso, também esteve no velório do policial no Cemitério do Maruí. Fazendo
coro às críticas de Beltrame, ele defendeu uma discussão sobre a reincidência
criminal e o tratamento dado a adolescentes infratores:
— Já passou da hora de a nossa legislação sair
do mundo da fantasia e vir para a realidade.
Fonte: O Globo
Um comentário:
O problema da criminalidade no Brasil está dependendo de decisões acertadas do Governo Federal. Com as fronteiras do Brasil desguarnecidas,torna-se fácil a entrada de drogas e armas.
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