Em tempos onde muito se discute a ideia de
desmilitarização, algo bastante oportuno e merecedor de reflexões diversas, é
preciso considerar as vantagens que existem na manutenção desse aspecto da
identidade institucional. A educação militar, através das instituições de
ensino nos mais diversos níveis, em boa parte se destaca no panorama nacional.
A que se deve esse resultado? O ideal de disciplina que persiste nas fileiras
das corporações está em desuso na sociedade. Cada vez mais os paisanos parecem
crer que na tolerância leniente, e por que não na impunidade, está embutida uma
comprovação de modernidade. A indiferença diante dos erros é vista com
naturalidade e incorporada à rotina, de modo a prejudicar qualquer processo
pedagócico.
Nas instituições de ensino militar, em geral, a pontualidade é uma
meta sempre buscada, e muitas vezes alcançada. Já as universidades, em diversos
cursos, possuem como marca o descompromisso de alunos e professores para com o
relógio. São aulas que começam atrasadas e terminam mais cedo, intervalos com
tempo indefinido e estabelecidos de modo irregular, compondo uma aura de
anarquia plena.
Os processos avaliativos cada vez mais
desestimulam a meritocracia. Parece que premiar o bem sucedido é um pecado, e
alertar quem permanece em níveis insuficientes é uma ofensa. O remédio aplicado
é a extensão de prazos, os métodos de avaliação em grupo, através de atividades
que não checam efetivamente a assimilação de conteúdo. Quando o professor
distribui o conteúdo da matéria entre grupos e nas aulas seguintes fica sentado
assistindo às apresentações, está nada menos do que poupando seu esforço e fragmentando
o aprendizado.
Tal falha já acomete até algumas escolas militares, mas o
estímulo à busca da melhor classificação ao menos estimula uma competitividade
saudável. O respeito que se mantém à figura do instrutor, evidenciado no ato de
levantar-se e manter o silêncio quando o mesmo adentra a sala de aula, é
inimaginável na maior parte das faculdades. Princípios como a necessidade de
permissão para sair do ambiente de aprendizado fortalecem o respeito que se
deve a todo professor, algo que se perdeu completamente entre os
universitários. Dessa ambiência decorre a dificuldade de muitos deles em se
submeter a qualquer tipo de poder disciplinar nas ruas, afinal são educados por
meio da libertinagem em casa e da subversão na academia. Acabam por crer que
são soberanos, absolutos, que suas liberdades não possuem limites. Ledo engano,
possuem sim, ainda bem.
A extinção do civismo, do patriotismo, de tantas outras
virtudes na sociedade civil, estão longe de representar avanços para a
sociedade. Nações desenvolvidas não chegaram a índices melhores com base em
crenças desse tipo. É claro que o militarismo carrega alguns prejuízos por suas
peculiaridades e passa por uma fase onde está sendo repensado. Mas crucificar
totalmente uma filosofia que agrega virtudes e valores essenciais, apesar de
enfraquecidos na população, é algo inconsequente e repleto de ingratidão.
Fonte: Abordagem Policial
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