O homem apontado pela Polícia como o chefe do tráfico de drogas na Barra do Ceará e de ser o mandante de vários homicídios naquela região da Cidade, Márcio Gledson Dias da Silva, conhecido por 'Márcio do Gueto', não será mais libertado. A decisão anterior da 4ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza foi revogada pelo mesmo magistrado, após o Diário do Nordeste publicar matéria, no último dia 14 de abril, informando sobre a ordem judicial de liberdade provisória. O réu, que está preso desde julho do ano passado, permanecerá na cadeia aguardando julgamento. Nesta semana, mais precisamente no dia 15, terá início a instrução (depoimentos de testemunhas e réus) do processo que apura o duplo homicídio que vitimou o soldado PM Francisco Evandro Pinto Rodrigues e o amigo do militar Cleiton Ribeiro da Silva, e no qual Márcio Gledson Dias é apontado como mandante das duas mortes.
Os dois homens foram mortos quando estavam em um bar, na Avenida 20 de Janeiro, Barra do Ceará. O duplo homicídio ocorreu no dia 25 de março de 2012. Na ocasião, um outro PM também foi baleado, Claudemir Ribeiro dos Santos, o 'Claudio Pit Bull', irmão de Cleiton. No entanto, seis meses após essas mortes, 'Pit Bull' foi morto com dezenas de tiros no Parque São José.
Provisória
Um dia depois da publicação da reportagem, o magistrado havia reconsiderado, de forma provisória, a decisão de soltar 'Márcio do Gueto'. Na ocasião, o Juízo da 4ª Vara do Júri afirmou que havia concedida a liberdade com base em "circunstâncias subjetivas referentes a pessoa do réu, após consulta ao sistema de informação processual que indicou a existência de três únicos processos em tramitação contra o mesmo, um deles com sentença absolutória, elementos esses que motivaram a decisão deste magistrado", afirmou.
No entanto, o juiz salientou que, "diante da repercussão geral em torno de sua periculosidade", determinou que fosse efetuada nova consulta sobre a existência de processos e/ou habeas corpus em tramitação nesta Comarca, inclusive na Justiça Federal contra o acusado.
O juiz ordenou, ainda, o envio de ofício à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS)com o objetivo de obter informações sobre a eventual existência de inquéritos instaurados ou em tramitação contra o réu.
No último dia 24, o juiz Fernando Antônio Pacheco de Carvalho Filho, respondendo pela 4ª Vara do Júri, concluiu que Márcio deveria permanecer preso até o julgamento. Conforme a decisão, a Delegacia de Narcóticos (Denarc), por ordem da SSPDS, enviou documentos indicando a "habitualidade e o envolvimento" do acusado Márcio Gledson em delitos de tráfico de drogas e homicídios. Outros dados sobre investigações em andamento contra 'Márcio do Gueto' foram anexados ao processo.
"Pelo que se extrai dos novos elementos de informação trazidos pela autoridade policial, que colocado em liberdade, o réu voltará a se envolver em fatos criminosos, pois que ostenta a suposta condição de líder de grupo de tráfico de drogas e mandante de vários homicídios na região da Barra do Ceará, o que traz repercussão bastante negativa no seio da sociedade e gera intranquilidade e desassossego à população, sendo mister a pronta resposta das autoridades constituídas", disse o magistrado.
Em outro trecho da decisão, o juiz afirmou também que "no conceito de ordem pública não se inclui apenas prevenção de reiteração de fatos criminosos, mas também o necessário acautelamento do meio social e da própria credibilidade da Justiça", destacou.
A decisão do Juízo da 4ª Vara do Júri afasta ainda o argumento da defesa de constrangimento ilegal, assim como a alegação de excesso de prazo na formação da culpa, ao destacar que as circunstâncias que ampararam a revogação da prisão foram afastadas e que o processo judicial já está na fase final, inclusive com audiência do réu marcada para às 13h30 de quinta-feira (15) desta semana.
Fonte: DN
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