O relatório final do 'Mutirão
Carcerário' realizado no Ceará, no ano passado, traz uma grave constatação. O
documento, já aprovado e publicado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
aponta que, pelo menos, 1.109 presos da massa carcerária do Estado estão
"desaparecidos" ou "sumidos", isto é, nem a Justiça, nem o
Sistema Penal Estadual sabem o paradeiro deles, pois "não foram
encontrados ou estão foragidos", diz o relatório.
A constatação do CNJ vem junto
com fortes críticas ao Judiciário e ao Sistema Penal locais. "Há que se
registrar que as Varas Criminais e de Execução Penal não possuem controle da
população que se encontra recolhida nas casas prisionais, seja na condição
provisória ou no efetivo cumprimento da pena. Nessa realidade, o juiz da Vara
de Execução Penal e até mesmo o juiz criminal, não possui real conhecimento
onde se encontra custodiado o apenado ou o acusado que está sob a sua
jurisdição".
Sumiram
O relatório é composto de 400
páginas e traça uma radiografia do Sistema Penal cearense, após um trabalho de
vistorias e consultas feito entre os dias 6 de agosto e 13 de setembro de 2013.
O documento é assinado pelos juízes Paulo Augusto Irion e Maria de Fátima Alves
da Silva, que dividiram os trabalhos nas comarcas de Fortaleza (e sua Região
Metropolitana) e Juazeiro do Norte. As críticas dos dois magistrados se
estenderam também à Secretaria Estadual de Justiça e da Cidadania (Sejus),
responsável pela administração, disciplina e vigilância dos estabelecimentos
carcerários.
Segundo o relatório, "não
existe no Estado um sistema de controle de reclusos da Secretaria de Justiça
integrado que compartilhe dados com o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará,
possibilitando acesso aos magistrados na localização dos presos. O que se
constatou foi um sistema deficiente, que, não raras vezes, abriga o controle
dos presos em listagens elaboradas manualmente", aponta.
Os juízes responsáveis pelo
Mutirão falam, ainda de uma "desorganização" em relação à separação e
caracterização da situação dos detentos. "Pelo que se constatou, tanto o
Poder Judiciário como a Sejus, em seus registros inconfiáveis, a partir de uma
prisão cautelar começam a computar este preso como sendo um preso provisório,
desprezando, assim, sua situação de preso com execução penal ativa, quando o
correto seria o contrário, isto é, computar-se como sendo preso da execução
penal, já que a prisão cautelar por ser revogada e/ou relaxada a qualquer
momento", atestam os juízes.
Presídios
Entre as sugestões do Mutirão,
estão, a construção de cinco novas unidades prisionais no Ceará em seis meses;
a criação de novas varas de Execução Penal e mais uma Câmara Criminal.
A Sejus rebateu as críticas,
informando que, "o Ceará possui o controle de todos os presos em um
sistema chamado Sispen, que é referência para outros Estados no País". E
ainda, "que, com a finalidade de padronizar a parceria com o Tribunal de
Justiça, implantou a Central Integrada de Apoio à Área Criminal no Fórum Clóvis
Beviláqua".
Já o presidente do TJCE, desembargador
Luiz Gerardo de Pontes Brígido, disse que está acordo com as sugestões do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele explicou que está estudando formas de
atendê-las, evitando gastos excessivos para o Erário.
Interior
A juiz Luciana Teixeira, nova titular
da Vara das Execuções Penais e Corregedoria dos Presídios, afirma que grande
parte das críticas feitas no relatório do CNJ se refere às dificuldades
enfrentadas pelas comarcas do Interior, onde, os juízes acumulam a condução dos
processos de diversas áreas, criminal, cível, e também são os responsáveis pela
Execuções. Segundo ela, em relação à Fortaleza, houve nos últimos anos
importantes avanços neste setor do Judiciário, inclusive a criação de mais duas
Varas de Execuções Penais.
"Não se pode negar que no
Interior, não em todas as comarcas, há muitas dificuldades e falhas, não
somente da Justiça, mas também da Defensoria Pública, do Ministério Público e
do Executivo". Ela ressalta que muitas incorreções apontadas nos mutirões
de 2010 e 2011 foram sanadas e não apareceram mais no de 2013 do CNJ porque
foram devidademente corrigidas. Citou também pontos positivos no relatório,
como o 'Projeto Fábrica', de sua iniciativa, ressaltado pelos membros do
Conselho.
Fernando Ribeiro/Editor de polícia
Fonte: DN
2 comentários:
CHIBATA NELES, POLÍCIA.
IRÁO MATA-LOS,EH!!
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