Quarenta e dois casos que
envolvem furto, roubo ou extravio de armas em poder de agentes das Forças de
Segurança Pública do Estado (polícias Civil e Militar, Bombeiros, Peritos e
Agentes Penitenciários) estão em investigação na Controladoria Geral de
Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD). Os
dados são referentes ao último dia 24. Sobre os processos em
investigação, a Assessoria de Comunicação da CGD não detalhou as ocorrências e
informou que "os números informados resultam de pesquisa em bancos de dados
que poderão conter algumas inconsistências, visto o fato da área de informática
da CGD estar ainda desenvolvendo um novo sistema visando o melhor detalhamento
dos dados herdados da extinta Corregedoria e os registrados após a sua
criação".
Se até mesmo a Controladoria
tem dificuldades em saber quantas armas ´desapareceram´ nas mãos dos agentes,
como é feito o controle por parte da Secretaria da Segurança Pública e Defesa
Social (SSPDS)?
No último dia 7, o titular do
órgão, delegado federal Servilho Silva de Paiva, determinou a criação de uma
comissão especial mista temporária para descobrir a real quantidade e a
situação das armas à disposição dos órgãos vinculados à Pasta, como as polícias
Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e Perícia Forense.
O documento que determina a
implantação da comissão, obtido pelo Diário do Nordeste, considerou "a
imperiosa necessidade do efetivo registro e controle na utilização das armas de
fogo que estão sob a responsabilidade dos órgãos vinculados da Secretaria".
O trabalho da Comissão deve durar, no máximo, 60 dias e será acompanhado e
fiscalizado por integrantes da Controladoria Geral.
No fim dos levantamentos, o
grupo, que será formado por dois delegados da Polícia Civil, dois oficiais da
Polícia Militar, um oficial integrante do Corpo de Bombeiros e um perito
forense da Pefoce, deve apresentar ao secretário de Segurança um banco de dados
digitalizados sobre a situação do armamento.
A Comissão fará o levantamento
junto aos órgãos vinculados da SSPDS, com o objetivo de obter todas as
informações sobre as armas de fogo, "inclusive indicando sobre a
existência de cautela individual da(s) mesma(s), sob pena de responsabilidade
administrativa".
Provimento
Não são raros os casos de
"sumiços" de armas de quartéis, delegacias ou das mãos de policiais
nas ruas. No ano passado, o próprio secretário, quando ainda era
controlador-geral, emitiu provimento correcional determinando a comunicação à
Polícia Federal de qualquer "extravio, perda, roubo, furto, recuperação ou
apreensão de armamento em procedimentos policiais".
Segundo o documento publicado
no Diário Oficial do Estado (DOE), em fevereiro de 2012, a medida considerava
seguidas prisões de bandidos com armamento das forças policiais e, na maioria
desses casos, o setor responsável pelo controle das armas das instituições não
era informado dos fatos, tão pouco inseriam os dados na Rede Infoseg. O
provimento mencionava ainda as "constantes comunicações de perda ou
extravio de armas", por parte dos agentes públicos de segurança.
Os dois casos recentes que mais
chamaram a atenção ocorreram entre 2011 e 2012. Em 2011, uma metralhadora que
pertencia à Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC) sumiu da
central de armas da Especializada. Em janeiro de 2012, uma pistola foi roubada
por travestis de um delegado da Polícia Civil. Outros casos emblemáticos
marcaram o setor de armamento da SSPDS, como o "desaparecimento" de
12 fuzis do Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar, em 2007, e o
"sumiço", em 2009, de mais de 30 armas de uma companhia da PM, em
Caucaia.
Informações
Solicitamos informações à SSPDS
sobre a criação da comissão e os desdobramentos da medida. Indagamos também da
Assessoria do órgão quem eram os integrantes da comissão especial, mas até o
fechamento desta matéria a resposta não havia sido enviada.
EMERSON RODRIGUES/REPÓRTER
FONTE: DN
FOTO: BRUNO GOMES
Nenhum comentário:
Postar um comentário