13 de julho de 2013

NO CEARÁ, EXPECTATIVA DE VIDA DOS JOVENS CAI POR CONTA DA VIOLÊNCIA


O Ceará ficou em 9º lugar no ranking nacional com essa redução. Alagoas tem o pior índice.

Estudo divulgado, ontem, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que a morte violenta de jovens em todo o País causa uma redução de sua expectativa de vida de até dois anos e sete meses. No Estado do Ceará, a expectativa de vida ao nascer de jovens do sexo masculino entre 15 e 29 anos diminuiu um ano e meio. O levantamento considerou como morte violenta aquelas derivadas de homicídios, acidentes de transporte, suicídios, e mortes indeterminadas, levando em consideração dados de 2010.

O Ceará ficou em 9º lugar no ranking nacional com essa redução. Alagoas e Espírito Santo encabeçam a lista dos estados com a maior redução da expectativa de vida ao nascer dos homens, com uma diminuição de dois anos e sete meses e dois anos e um mês, respectivamente. Entre as localidades do Nordeste, a Bahia é a segunda com a maior perda, com um ano e oito meses a menos de expectativa de vida do jovem do sexo masculino. De acordo com o Instituto, apenas três estados brasileiros têm perda estimada menor que o período de um ano: São Paulo, com redução de 0,78 anos, Acre, com 0,95 e Santa Catarina, com 0,98.

Já a perda entre as mulheres é bem inferior do que a dos homens. As cearenses têm uma expectativa de 0,16 anos a menos de vida ao nascer.

Diferença

O estudo revela uma grande diferença também nas taxas de mortalidade violenta no Ceará por cada grupo de 100 mil jovens. Enquanto, entre os homens, os números passam de 256 para cada 100 mil jovens, as mulheres registram apenas 18,4 nessa mesma proporção.

Entre os fatores que provocam o aumento da mortalidade entre os jovens, o mais relevante, segundo o sociólogo César Barreira, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC), está na sua maior disponibilidade, deixando-os mais propícios a atos de violência. "Tem a questão da ousadia, o jovem não tem barreiras, as amarras são muito tênues e, neste sentido, ele circula muito mais e se torna mais vulnerável", explica.

Associado ao fato, destaca o pesquisador, está o problema das drogas, que de certa forma, está relacionado com grande parte dos homicídios. César Barreira esclarece que, na entrada do mundo das drogas, muitas vezes os jovens passam a comercializar, se tornando, assim, a mão armada do grande traficante. "Ele resolve as dívidas do grande traficante, e vão criando inimigos. Esse dado está claramente ligado à violência".

Armas

Em relação quase que direta ao fato, o sociólogo destaca a facilidade com que esses jovens têm acesso a armas de fogo, o que os coloca muito mais em posição de vítimas do que agressores. Enquanto não houver políticas sociais voltadas especificamente para a juventude, diz César Barreira, o problema não se resolverá. Segundo ele, a implantação de escolas em tempo integral, promoção do lazer e do esporte estão entre as atividades positivas na luta contra o problema.

De acordo com o professor, é preciso ir mais além e se trabalhar muito mais no âmbito familiar, se antecipando, assim, diante desse cenário. "Hoje, existe muito essa questão da infância abortada, e elas entram no mundo adulto muito jovens. Teríamos que dar ênfase maior a essas etapas que a juventude deve viver. As pesquisas relacionadas ao assassinato de jovens não chegam nem a 5 %".

César Barreira ressalta, ainda, que a violência é uma característica muito masculina e por isso, existe uma maior incidência de homens vitimados. "A sociabilidade masculina é muito mais pública. Eles circulam mais e por isso são mais vulneráveis", diz.

RENATO BEZERRA/REPÓRTER 
FONTE:DN

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