4 de julho de 2011

GREVE NA POLÍCIA CIVIL CONGESTIONA AS DELEGACIAS.

Cidadão esperando dia inteiro para fazer B.O., viaturas paradas nas portas das DPs. Assim foi o início da greve

Horas de espera e muita paciência. Foi assim a rotina de quem procurou uma das delegacias de plantão, ontem, durante todo o dia, em Fortaleza e Região Metropolitana, para fazer o registro de alguma ocorrência policial. Com a greve dos policiais civis e a redução do efetivo em atividade, aliada ao movimento "Tolerância Zero" por parte de policiais militares, o jeito para o cidadão foi aguardar, resignadamente, a vez de ser atendido e sair da unidade com o Boletim de Ocorrência, o popular B.O. Em que pese a situação, não foram registrados tumultos. Contudo, sobraram reclamações dos cidadãos.

No 30º DP (Conjunto São Cristóvão), uma das delegacias de plantão em Fortaleza ontem, a movimentação começou bem cedo.

A sala de espera esteve sempre lotada. Pessoas que aguardavam a vez de fazer o B.O. se misturaram com policiais militares que conduziram à delegacia autores de pequenos delitos para os devidos procedimentos legais. Os delinquentes também acabaram sendo colocados próximos aos cidadãos, numa junção que gerou constrangimentos mútuos.

Muitas pessoas que buscaram o 30º DP já tinham passado no 5º DP, na Parangaba, durante a madrugada, mas não conseguiram ser atendidas. Foi o caso da cabeleireira Joana Santos, vítima de assalto. "No 5º Distrito, estava lotado na madrugada. Então, mandaram eu procurar o 30º DP hoje (ontem) de manhã. Mas, aqui tá igual lá. Já tô há quase três horas esperando pra ser atendida e registrar o B.O. Perdi meu domingo", comentou.

O organizador de eventos Francisco José da Silva também foi vítima de assalto e, igualmente, se dirigiu ao 30º DP, ontem de manhã, para fazer o B.O. "Já perdi a noção de quanto tempo faz que eu tô esperando a minha vez de ser atendido. E não tem nem previsão", disse, criticando a morosidade do atendimento ao público naquela unidade policial, onde havia apenas um escrivão trabalhando.

A comerciante Gorete Marques também esteve no 30º DP ontem pela manhã. "Com essa greve da Polícia Civil e o atendimento lento, imagino a hora que eu vou sair daqui. Com essa paralisação, deviam fazer um esquema melhor de atendimento à população", avaliou. Indagado sobre a situação na distrital por conta da greve dos policiais civis e da "Tolerância Zero" dos PMs, o delegado de plantão, Marcos André Rodrigues Silva, foi enfático: "Vamos fazer o possível para atender todo mundo. Mas, vai ser preciso paciência".

O quadro não foi diferente no 7º DP (Pirambu), outra delegacia de plantão no domingo. Durante a manhã, faltaram assentos na sala de espera para quem se dirigiu à unidade a fim de fazer um B.O. ou registrar alguma outra ocorrência. Policiais civis, usando colete informativo da greve da categoria, pediam paciência ao público e apoio à paralisação. Policiais militares também tiveram que aguardar, pacientemente, a vez de "despachar" com os plantonistas.

A Delegacia Metropolitana de Maracanaú (DMM) foi a única unidade policial da Região Metropolitana de Fortaleza a funcionar durante o dia de ontem, mas também com o contingente reduzido de policiais civis para atendimento à população.

Pela manhã, o estacionamento da unidade ficou repleto de viaturas de policiais militares engajados no movimento "Tolerância Zero". "Estamos trazendo pra cá toda e qualquer ocorrência, desde as mais simples até as mais complexas", afirmou um PM que não quis se identificar. O delegado plantonista Wagner Jorge Cavalcante disse: "Considerando a situação de greve e o movimento da PM, estamos trabalhando na medida do possível".

Sem diálogoO Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpoci) confirmou que somente 30% das delegacias de Polícia, entre unidades distritais, metropolitanas e especializadas de Fortaleza e do Interior, estarão funcionando durante a greve dos policiais civis. A presidente da entidade, Inês Romero, reiterou que uma das principais reivindicações da categoria é uma solução para o problema do baixo efetivo da Polícia Civil do Estado, sobretudo de inspetores e escrivães. Aumento salarial também está na pauta. Inês Romero garantiu que a adesão ao movimento é de 100%, destacou o apoio da população ao movimento grevista e criticou a falta de diálogo por parte do governo.
Fonte: DN

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