12 de abril de 2011

REALENGO: "SAUDADES É ESTAR NO QUARTO DO FILHO QUE JÁ MORREU"

Rio - Retomar os afazeres do cotidiano após choque tão grande como o assassinato de um ente querido é o desafio de parentes e amigos dos 12 alunos mortos na Escola Tasso da Silveira, em Realengo. Cinco dias após o massacre, dor e perplexidade permanecem. “Hoje queria chegar no culto e encontrar minha filha louvando”, disse ontem o segurança Robson Moreira Atanázio, 36 anos, pai de Larissa Atanázio, 13.

A igreja presbiteriana ao lado da escola era ponto de encontro de pai e filha, que não moravam juntos.
Toda segunda-feira, às 19h, eles cumpriam a rotina exigida pela fé. “Ela era muito religiosa e adorava ir aos cultos. Sempre pedia seus louvores preferidos, dançava e cantava bem alto”, lembrou Robson, orgulhoso da filha que integrava o grupo de dança da igreja, onde também frequentava aulas de informática e violão. “Se eu estivesse lá daria minha vida por ela”, afirmou a irmã, Laís Atanázio, 11, com o instrumento nas mãos.

A avó paterna, Sônia Moreira Torres, 53, criou a jovem desde os seis meses de vida com o marido e ainda não consegue falar da amada neta sem se render a um choro convulsivo. “Ela dormia na minha cama. De manhã, levantava pra ir à escola e fazia tudo devagar pra não me acordar. Ainda vejo minha neta toda hora na cozinha”.
As famílias de luto só encontram um pouco de conforto no apoio dos vizinhos. O motorista aposentado Clóvis Martins, 56, e a mulher Maria José, 47, pais de Laryssa Silva Martins, 13, receberam ontem a visita de dezenas.
“O que seria de nós se não fosse essa gente de bom coração? É o que nos dá forças para continuar, embora saiba que a imagem da minha filha caída no meio das colegas, ensaguentada, não vai sair da memória”, disse Clóvis.
Na semana passada, ele teve um sonho que parecia premonição: “Levava dois quilos de carne nas mãos e um caiu num rio cheio de lama. Não encontrei mais. Interpreto isso como se os dois quilos fossem, em sentido figurado, minhas filhas (além de Laryssa, ele é pai de Camila, 23)”, relata Clóvis, revelando que, no dia da tragédia, a gata de estimação de Laryssa amanheceu passando mal e ela queria levá-la ao veterinário.

Ontem, os parentes de Larissa Atanázio também notaram que a cachorrinha da casa, um poodle, se entregou ao silêncio, como se soubesse que um membro da família não voltará mais. “Ela latia na varanda quando a Larissa chegava do colégio. Agora acabou”, recorda a avó, Sônia.

Adolescência interrompida

“O prato dela era de pedreiro. Desse tamanho! Comia tudo e ainda conseguia ficar magrinha”, diz, rindo, Sônia Moreira, lembrando o apetite da neta Larissa Atanazio. Nos últimos dias, o pai, Robson, estava às voltas com situação de que não gostou muito, mas com a qual, em seguida, aprendeu a lidar: “Peguei ela de mãos dadas com um garoto na rua”.

O namorado, Jefferson, 13 anos, foi logo aceito pela família e hoje também sofre com a perda. “Soube que ele está muito mal”, lamentou Robson, lembrando que a família juntava dinheiro para a festa de 15 anos da jovem, que seriam comemorados em 18 de dezembro do ano que vem.
Outra vítima que não sobreviveu ao atentado, Luiza Paula da Silveira, 14 anos, também planejava com os familiares uma grande festa de debutante.

“Estávamos todos focados nessa linda festa que faríamos para ela no dia 5 de setembro. Os pais já haviam alugado salão de festas e reservado dois vestidos de gala. Infelizmente, tudo se foi por causa de um louco”, desabafou Paulo Júnior, 45, tio da menina.


Fonte: O Dia/Camocim Polícia24hs

Um comentário:

Anônimo disse...

LARISSA DOS SANTOS ATANAZIO:´(

TE AMO MUITO!13 DIAS DEPOIS E EU AINDA NÃO ACREDITO AMR:(
NUNCA VO ESQUECER TEU JEITO.
NUNCA VO TE ESQUECER!S2