Dados mostram que em 2018 houve 35 casos de
suicídio entre policiais militares, número 84% maior do que em 2017. Ouvidor
considera 'alarmante'
O ano de 2018 teve 35 casos de suicídios
cometidos por policiais militares do Estado de São Paulo, superando em 84% o
número do ano anterior. Esses são os dados levantados pela Ouvidoria de Polícia
de São Paulo.
Embora não tenha o perfil das pessoas que se
mataram, o ouvidor de polícia responsável pelo levantamento, Benedito Mariano,
acredita que “a maioria absoluta é praça”, ou seja, os policiais militares que,
hierarquicamente, ocupam os cargos mais baixos — como soldados e cabos.
A alta do ano passado com relação a 2017
acontece, segundo a Ouvidoria de Polícia, principalmente por causa do salto de
quatro para 15 suicídios cometidos entre policiais militares aposentados. O
levantamento ainda mostra que 17 policiais civis se mataram nos dois anos.
Mariano acredita que o número é
"alarmante" e afirma que já foram feitas recomendações ao Governo do
Estado para criar um “grupo de acompanhamento da saúde mental dos policiais com
profissionais de fora das instituições policiais”.
A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do
Estado de São Paulo) disse que “a Polícia Militar dedica especial atenção aos
cuidados psicológicos dos policiais que integram o quadro da instituição
fornecendo todo o suporte necessário”.
De acordo com ouvidor, está sendo montado uma
comissão com psicólogos para “analisar exatamente quais são as motivações dos
suicídios”. A expectativa, segundo Mariano, é que o grupo faça um relatório
sobre os problemas que atinge os policiais em 90 dias.
O pesquisador de segurança pública Adilson
Paes de Souza, coronel reformada da Polícia Militar paulista, explica que
conversas sobre suicídio são um tabu nas corporações, assim como é na sociedade
em geral, e que não tem conhecimento de debates sobre o assunto entre os PMs.
"Para prevenir ou entender o que está
acontecendo para ter os suicídios, é preciso ter acesso aos dados. Por isso, os
números de casos entre policiais deveriam ser divulgados. Tendo acesso à essa
informação, se tem elementos para trabalhar sobre esses dados, fazer pesquisas
e tentar fazer frente a esse quadro para combater o suicídio", afirma o
coronel.
O R7 questionou a SSP-SP sobre o perfil dos
policiais militares que se mataram, como é especificamente o tratamento
psicológico dos PMs e qual a frequência que este é oferecido. A pasta, no
entanto, não respondeu essas perguntas até a publicação.
Por meio de nota, a secretaria disse que “o
Sistema de Saúde Mental da PM disponibiliza aos policiais serviços de
atendimentos psicossociais realizados por psicólogos e assistentes sociais do
Caps (Centro de Atenção Psicológica e Social), sediado na capital, bem como nas
unidades policiais que possuem Naps (Núcleos de Atenção Psicossocial).
Fonte: R7
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