'O Casulo Dandara' reúne histórias sobre a
vida da travesti assassinada em 2017
O ano de 2017 trouxe consigo um dos crimes
mais brutais já cometidos no Ceará. No dia 15 de fevereiro, Dandara dos Santos
foi brutalmente assassinada no bairro Bom Jardim, em Fortaleza. Quase dois anos
depois, um livro conta histórias desconhecidas da travesti que se tornou
símbolo da luta contra a homofobia. A biografia foi escrita por Vitória
Holanda, inspetora da Polícia Civil e amiga de infância de Dandara. Atualmente,
"O Casulo Dandara" aguarda apoio de editoras interessadas em publicar
as peculiaridades da vida da travesti.
"O livro é uma homenagem a todas as
travestis que ousaram em mudar de corpo e identidade e resolveram encarar o
lado escuro de suas escolhas, que preferiram trocar a paz de uma vida
convencional pela rua, que resolveram viver e buscar a felicidade", diz a autora.
Na década de 1980, Vitória e Cleilson (nome
de batismo de Dandara) tinham apenas seis anos de idade e habitavam um Conjunto
Ceará que dava seus primeiros passos como bairro de Fortaleza. De acordo com
Vitória, a chegada da família dela ao local foi o pontapé para o início da
amizade. “Enquanto nossas mães faziam a mudança, a gente corria para o
parquinho para brincar”.
Intimidade de Dandara
O livro traz vários relatos íntimos de quem
acompanhou a infância e a adolescência de Dandara de perto. De acordo com
Vitória, a travesti, quando criança, gostava de imitar a cantora Gretchen e,
ainda pequena, mostrava-se uma exímia jogadora de futebol. A sexualidade
feminina ganhou fortes contornos a partir dos 20 anos. “A primeira coisa que
ele fez para se travestir foi tirar a sobrancelha”, relata.
Ao longo de 170 páginas, o leitor descobre
que a vida de Dandara passou por altos e baixos. Aos 26 anos, começou a se
prostituir junto com outras amigas. Segundo Vitória, a ponte aérea entre São
Paulo e Fortaleza trouxe a Dandara a bagagem de quem sobreviveu ao lado mais
sombrio da prostituição. “Foi lá onde ele se prostituiu, algumas vezes em
cabarés na beira da estrada”.
A volta definitiva a Fortaleza aconteceu em
2008, época em que Dandara descobriu que era portadora do vírus HIV. Segundo
Vitória, o tratamento médico não era levado a sério por Dandara. “Ele não
seguia à risca. Chegou a emagrecer bastante, perdeu o corpo atlético”, afirma.
Nos últimos anos de vida, Vitória relata, também, que Dandara se dedicou a fazer
pequenos serviços, como faxinas em casas de vizinhos. No último dia de vida,
ela havia feito a limpeza da casa da inspetora.
Investigação e homenagem a Dandara
Além de amiga pessoal, Vitória foi também
peça-chave para a resolução do crime. Após o assassinato, a inspetora coletou
evidências e ajudou a montar o quebra-cabeça que culminou na prisão e
condenação de parte dos criminosos. “Ninguém se torna policial e espera
investigar o homicídio de alguém que você ama. Descobrir como aconteceu e quem
foram os autores do homicídio de Dandara foi a mais difícil tarefa que recebi
do destino em todos os meus anos de polícia", diz a inspetora.
Para que a homenagem à amiga chegue às
prateleiras, Vitória busca apoio de alguma editora que deseje publicar a obra.
Os interessados em ajudar podem entrar em contato com a inspetora por meio do
e-mail vitoriaholanda@hotmail.com ou pelo telefone (85) 98749-3052.
Fonte: O Povo
2 comentários:
ACHO ENGRAÇADO QUE TODOS SE COMOVEM E TUDO,POREM,MEU POVO,ESSE RAPAZ,SER HUMANO FOI ESPANCADO NO MEIO DA RUA,SERA QUE NINGUEM VIU? SERA QUE NENHUMA VIATURA FOI CHAMADA,TEM TANTA GENTE QUE LIGA PRA POLICIA POR BESTEIRA(SOM ALTO NA RUA) E NAO SE ENCOMODA OU MELHOR NAO SE COMOVE COM UM PEDIDO DE SOCORRO,UM CHORO DE DOR.
VA ENTENDER O SER HUMANO,ESPECIE QUE SE INCOMODA COM COISAS FUTEIS E FAZ VISTA GROSSA PARA O QUE VERDADEIRAMENTE É IMPORTANTE
Isso é a mesma coisa que dizer que só podemos tapar um buraco na rua quando acabarmos com a fome na África. perturbação do sossego alheio também é crime, assim como o assassinato. Os dois devem ser punidos.
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