Governo entregou 329 novos
carros há um mês. APS diz que 30 veículos estão fora de circulação um mês após
a entrega da frota.
Um mês após o Governo do
Ceará entregar 329 novos carros para compor a frota da segurança pública,
"pelo menos" 30 veículos já estão fora das ruas devido colisões e
problemas mecânicos, segundo denuncia a Associação dos Profissionais de
Segurança (APS). Policiais também reclamam da baixa potência do motor, do
desconforto e do elevado consumo de gasolina das novas viaturas. A Secretaria
da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que os carros foram
aprovados pela polícia e que, atualmente, somente cinco automóveis estão no
conserto.
Os novos carros da polícia
do Ceará, modelo Renault Duster, foram entregues no dia 11 de julho. Ao todo, o
governo investiu mais de R$ 28 milhões na compra dos veículos e dos
equipamentos automotivos. Atualmente, a frota da Segurança Pública é composta por
carros do tipo utilitário esportivo (conhecido como SUV) modelo Renault Duster
e as caminhonetes Toytota Hillux; as Hillux, segundo agentes de segurança
ouvidos pelo G1, são "melhores para o trabalho policial".
No mesmo dia da entrega dos
329 automóveis, dois carros da Polícia Militar colidiram na Região do Cariri.
Durante o percurso, na cidade de Ocara, um dos veículos teve um dos pneus
furados, e a viatura que vinha logo atrás bateu. Os carros precisaram ser
levados para reparos.
No dia 30 de julho, um veículo
apresentou problemas mecânicos e incendiou durante uma patrulha na rodovia
CE-065, em Maranguape. Os próprio policiais utilizaram baldes com água e
mangueira para controlar as chamas. O carro ficou destruído. Ninguém ficou
ferido.
Consumo de gasolina
O presidente da Associação
dos Profissionais de Segurança (APS), sargento Reginauro Sousa, diz que os
policiais militares que passaram a trabalhar com os novos carros têm
apresentado reclamações quanto ao desempenho do Duster nos patrulhamentos. Uma
das queixas é o elevado consumo de gasolina, em comparação com as antigas
caminhonetes. O SUV está percorrendo, em média, quatro quilômetros com um litro
de gasolina. Segundo a APS, isso faz com que os carros tenham que permanecer
mais tempo parado a fim de economizar combustível.
"É um consumo muito
alto para o policiamento ostensivo, que pede que a viatura esteja se deslocando
ao máximo nas ruas. Então, com esse consumo maior e o custo no orçamento, a
tendência é que a viatura fique mais tempo parada. E isso não é bom para a
segurança pública. Precisamos de uma viatura cada vez mais em movimento. Porque
se a viatura fica mais tempo parada, isso causa uma sensação de
insegurança", comenta.
Já a Secretaria da Segurança
informou que os automóveis policiais "têm autonomia para percorrer sete
quilômetros com um litro de gasolina".
Reclamações
Além do consumo, Reginauro
diz que os policiais se queixam do tamanho interno dos veículos e do câmbio
manual, já que o agente precisa passar o dia transitando pelas ruas durante as
rondas. Um policial militar, que preferiu não se identificar, comentou que os
novos veículos também não apresentam o mesmo desempenho das caminhonetes
durante perseguições policiais.
O presidente da APS
acrescentou que alguns carros dos novos modelos apresentaram problemas de
superaquecimento no motor e desgaste recorrente em algumas peças internas.
"A Hillux tem um valor
maior, mas é um carro mais durável, tem mais força. Esses novos carros deixam a
desejar, pois tem durabilidade menor e não estão resistindo às perseguições
policiais. A PM precisa de um carro durável. Em breve pode ter um acúmulo de
viaturas dando problema e que acabam saindo das ruas. Pra mim, foi uma troca
cara para o estado que [o novo veículo] pode não aguentar um ano [de uso]",
reclama o agente.
Viaturas em 'pleno
funcionamento'
Em nota, a SSPDS comunicou
que 270 viaturas foram destinadas para a Polícia Militar e que, atualmente,
cinco estão em oficinas para reparos mecânicos. A pasta acrescentou que esses
modelos de veículos são utilizados em outros 17 estados do país. No Ceará, a
secretaria diz que os novos carros estão em pleno funcionamento e foram
aprovados pela polícia.
"A SSPDS esclarece que
as viaturas do modelo Duster estão em pleno funcionamento, atendendo a demandas
dos policiais militares e da população, incrementando o reforço da frota, bem
como aprimorando a atuação policial no estado."
Especialista opina
O engenheiro e jornalista
especializado no ramo automotivo Fernando Calmon defende que os utilitários
esportivos não são os veículos ideais para uma atividade que exige maior força,
com é o caso da polícia. Ele diz que, nesse caso, o valor do veículo não deve
ser o primeiro fator levado em consideração no momento da aquisição.
"No geral, o carro
policial você não pode ser comprado pensando somente no bolso [preço]. O
problema não é o Duster, é o tipo SUV. Não podemos comparar uma pick-up com um
SUV. Nesse caso, em específico, é lógico que a Hillux é melhor para esse tipo
de atividade [policial], que exige uma robustez maior", comenta.
Apesar de defender as
pick-ups para a polícia, o especialista diz que o tipo de veículo também pode
variar de acordo com cada atividade desempenhada.
"Com certeza, uma
pick-up é mais resistente que um utilitário esportivo. Mas tem que fazer o peso,
potência e desempenho, pois o tipo de carro depende de vários fatores. Uma
polícia florestal, por exemplo, vai precisar de um carro mais robusto, porque
vai andar em terrenos mais arenoso, com buraqueira. Agora, se é um carro que
vai permanecer um tempo parado, que não exige tanta força, aí usa um SUV
pequeno, que não tem nenhum problema. Tudo vai depender da especificidade da
atividade e da rotina do trabalho", disse.
Sobre o consumo de
combustível, o engenheiro opina que "um veículo que consome muita gasolina
não é aconselhado para esse tipo atividade. O ideal é que a polícia, que roda
muito durante o dia, utilize um carro a diesel, que apresenta um desempenho
melhor".
Fonte: G1Ce
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