Dois adolescentes são apontados pela Polícia como executores do policial militar Paulo Henrique de Farias Nobre, 35, morto na manhã de ontem, no Conjunto Ceará, em Fortaleza, durante um assalto. Um homem foi preso por ter recebido o material roubado pela dupla. Os menores estão foragidos. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), os autores materiais do crime já foram identificados, após análises de câmeras de segurança instaladas próximas ao local do crime e pelo depoimento do homem preso. Paulo Henrique Cunha Parente, 23, foi capturado na tarde de ontem, após ação conjunta das Polícias Civil e Militar. Parente é proprietário de uma casa no bairro Quintino Cunha que, de acordo com as investigações, estava alugada para um traficante, que por sua vez, alugava armas.
Os dois adolescentes teriam ido ao local devolver as armas que alugaram para o assalto, além de entregar o material obtido no assalto.
Na casa, foram encontrados objetos de propriedade do policial militar, como talões de cheque, além de duas armas e uma certa quantidade de drogas. O homem preso já responde por roubo e identificou a dupla de adolescentes que realizou a ação que tirou a vida do PM.
O policial militar Paulo Henrique de Farias Nobre era lotado na 7ªCia do 1ºBPCom (Ronda da Parangaba). Ele foi morto, na manhã de ontem, depois de reagir a um assalto, na Rua 864, na 3ª Etapa do Conjunto Ceará. Os dois suspeitos do latrocínio (roubo seguido de morte) fugiram no veículo do PM, levando sua arma de fogo.
De acordo com informações do tenente Elano Moraes, do Ronda do Quarteirão, Farias, como era conhecido, voltava da padaria e estava indo em direção à casa dos pais, quando foi abordado por duas pessoas, que ocupavam uma motocicleta. A dupla anunciou o assalto e o PM teria reagido, tentando sacar sua arma, mas acabou sendo alvejado antes de conseguir disparar.
O policial foi baleado na cabeça. A esposa da vítima, que também estava no carro, foi ferida na altura do quadril. Os dois foram socorridos por um vizinho dos pais do militar e levados para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, na 4ª Etapa do Conjunto Ceará.
Informações prestadas por policiais que estiveram na unidade de saúde, mas não quiseram se identificar, deram conta que o soldado morreu logo que chegou ao hospital. A esposa dele foi encaminhada ao Instituto Doutor José Frota (IJF), onde foi feito um procedimento cirúrgico para a retirada do projétil que a lesionou. De acordo com o hospital, ela não corre risco de morte.
A professora Karine Azevedo disse que mora no bairro há 35 anos e que a área em que o soldado Farias foi atacado é bastante perigosa. "Adolescentes de outras áreas vêm até aqui para assaltar, porque sabem que é inseguro e mal iluminado", afirmou.
Investigações
O comandante do Ronda do Quarteirão, coronel Cláudio Mendonça, afirmou que uma terceira pessoa estaria dentro do carro do policial morto e que ela já teria prestado seu depoimento às autoridades policiais. O comandante do Ronda disse também que, logo que a esposa da vítima tiver condições de relatar o ocorrido, ela também será ouvida pela Polícia.
Foram apreendidos, na casa do homem preso, um aparelho de som automotivo; os documentos da picape Strada, de cor vermelha, placas OZA-6479, roubada do policial, que foi abandonada nas proximidades da Avenida Bezerra de Menezes, no bairro Parquelândia; os documentos de um automóvel Polo, de cor cinza, placas OSV-9833, que consta como roubado; dois relógios; um talão de cheques em nome de Farias; algumas pedras de crack; e dois revólveres calibre 38, municiados, com dois projéteis deflagrados.
Este é o segundo policial da ativa assassinado, neste ano, de acordo com a Assessoria de Comunicação da PM. Nos dois casos, os militares estavam de folga quando foram mortos.
Sepultamento
O corpo do policial está sendo velado desde a noite de ontem na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará. O sepultamento será às 16h30, no Cemitério Jardim do Éden.
Vítima
Policial era querido no bairro onde morava
Paulo Henrique de Farias Nobre, de 35 anos, sempre morou no Conjunto Ceará. Muitas pessoas, que eram parentes e amigos dele, lamentaram sua perda, na manhã de ontem, e disseram que ele era um homem trabalhador e de boa índole. Além de PM, ele era empresário e tinha uma loja de acessórios militares no bairro em que residia. Por algum tempo, Farias teve a patente de sargento, por força de uma liminar, mas a decisão judicial caiu e ele voltou ao posto de soldado. Há 15 anos, ele fazia parte da Corporação.
Márcia Feitosa/Levi de Freitas
Fonte: DN
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