Em um ano, o número de prisões em flagrante por
conta de pornografia infantil, crime enquadrado no Estatuto da Criança e
Adolescente, cresceu 127% no Brasil. No total, foram 134 prisões em 2013, ante
59 em 2012. Os números constam de um balanço da Polícia Federal, ao qual a
Folha teve acesso exclusivo.
O ano passado também concentrou 40% das 333
prisões em flagrante dos últimos 15 anos.
Esse tipo de crime tem basicamente origem no
mundo digital e na internet, pois envolve a produção, distribuição,
comercialização, divulgação e posse de material em que crianças aparecem
fazendo sexo ou simulando o ato, como fotos e vídeos.
As prisões, portanto, não incluem casos de
estupro de crianças ou de abuso sexual infantil.
Quando se fala em investigações em curso, o
número mais do que dobrou entre 2013 e 2012, indo de 860 para 1.789. Em 2013,
os indiciados foram 484 (o número de 2012 para esse tópico não está
disponível).
Segundo a PF, o salto é resultado de uma nova
abordagem adotada pela corporação, que em vez de grandes operações prioriza
ações menores e mais frequentes.
Apesar do crescimento, números reportados nos
Estados Unidos indicam que os casos de tais crimes na internet são grandes. Em
2011, por exemplo, o Facebook reportou ao NCMEC (centro nacional para crianças
abandonadas e abusadas, na sigla em inglês) 81.017 casos de pornografia
infantil. O Google registrou 55.960.
SÃO PAULO LIDERA
O Estado de São Paulo lidera o número de
investigações de pornografia infantil. No ano passado foram 534, ou 30%. dos
inquéritos. O Rio vem em seguida, com 210.
Com exceções de Amazonas e Pará, as últimas
colocações do ranking são todas ocupadas por Estados da região Norte.
De acordo com Thiago Tavares Nunes de Oliveira,
presidente da ONG Safernet, especializada em segurança na rede, o menor alcance
da internet na região é uma das explicações para tais números.
Segundo o Cetic (Centro de Estudos Sobre as
Tecnologias da Informação e da Comunicação), 44% da região Norte é coberta, o
menor índice do Brasil.
Entre 1999 e 2008, o perfil dos indiciados era
majoritariamente jovem. Pessoas entre 18 e 37 anos concentraram 63% dos
indiciamentos.
"Isso não significa que existam menos
criminosos mais velhos. O uso da internet é maior entre os mais novos. Além
disso, o sexting [troca de mensagens com imagens e vídeos caráter sexual]
resulta, em muitos casos, na divulgação de conteúdo. Isso faz a prática estar
ligada aos mais jovens", diz Oliveira.
Os números do Cetic mostram que 83% dos
brasileiros entre 16 e 24 anos já acessaram a internet. Entre aqueles com mais
de 60 anos, o número cai para 10%.
Fonte: Folha.com
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