3 de dezembro de 2013

CABO E SOLDADO FORAM EXPULSOS ACUSADOS PELA MORTE DE JOVENS NO BAIRRO ELLERY

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) expulsou da Polícia Militar o cabo Raimundo Vieira da Costa, 44 anos, e o soldado José Raphael Olegário França, 27. Eles são acusados de cometer um duplo homicídio no bairro Ellery, durante o Pré-Carnaval, em janeiro deste ano.
A CGD também acatou a decisão do Conselho de Disciplina do próprio órgão recomendando que os soldados Maria Euzene Rodrigues e Thiago Lopes Simplício sejam inocentados. A dupla havia sido acusada pelos homicídios após falha da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) em análise das armas usadas no crime.

As decisões foram tomadas na tarde de ontem pelo titular da CGD, o delegado Santiago Fernandes, que encaminhou o parecer para publicação no Diário Oficial do Estado (DOE). Depois da divulgação, ambos os acusados deixarão os quadros da PM. “Analisei os documentos e decidi homologar na íntegra a expulsão do cabo Vieira, a demissão do soldado Olegário, além da absolvição da soldado Euzene e soldado Simplício”, disse o controlador.

De acordo com o Código Disciplinar da Polícia e do Corpo de Bombeiros do Ceará, a expulsão de praças é aplicada em casos de afronta à segurança das instituições nacionais ou atos desonrosos ou ofensivos ao decoro profissional.

“A expulsão tem efeitos bem mais severos. Justamente os tiros que atingiram fatalmente as vítimas Igor e Mayara partiram da arma do cabo Vieira. Foi ele o responsável pela morte dos dois. A conduta dele é muito mais grave”, disse Santiago Fernandes.

Conforme o delegado, ainda cabe recurso contra a decisão. Segundo o controlador, o Ministério Público pode oferecer denúncia contra os policiais, que podem ser julgados e até presos.

Mortes

Por causa de falha da Pefoce, as mortes de Ingrid Mayara Oliveira Lima, 18, e Igor de Andrade Lima, 16, foram atribuídas à policial Maria Euzene, que, segundo a Polícia Federal (PF), sequer chegou a atirar durante a abordagem no bairro Ellery. Mesmo com o exame residuográfico com resultado negativo para Euzene, a Pefoce sustentou que os tiros haviam saído da arma da soldado.

A pedido da CGD, a PF entrou no caso, corrigiu o erro e atribuiu os tiros que mataram os jovens e feriram dois rapazes às armas do cabo Vieira e do soldado Olegário.
  
Saiba mais

O advogado Nazareno Avelino, representante do soldado Vieira, disse que espera relatório da CGD para entrar com recurso. Segundo ele, não houve contraprova do laudo feito pela Polícia Federal.

“Se o exame da PF deu sustentação para a Comissão pedir a expulsão do cabo, deveria ter sido contraditada. É importante dizer se o projétil foi o mesmo examinado pela Pefoce”, defendeu Nazareno.

O advogado do soldado Olegário, Delano Cruz, também pretende recorrer. “Os laudos são contraditórios porque as testemunhas que foram ouvidas dizem que ele (Olegário) não atirou”, disse.

Fonte: O POVO

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