Segundo a Secretaria de Justiça do Ceará, 60% das mulheres presas no
Ceará cumprem pena por tráfico de droga e 57% delas chegam ao presídio
sem ter antecedentes criminais na família. Os dados fazem parte de uma
pesquisa inédita no Ceará, feito pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia
Econômica do Ceará (Ipece) e será divulgada na íntegra nesta
quinta-feira (8).
Ainda segundo o 95% das presidiárias que se encontram presas no
Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa (IPF), no município de
Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza, são atendidas pela
defensoria pública do Ceará.
Isso significa que as presidiárias recebem gratuitamente assistência
jurídica. São feitos pedidos de liberdade, progressão de regime,
livramento condicional, indulto e prescrição. Atualmente 452 mulheres
dividem as celas no presídio.
Outro dado levantado pela pesquisa é que a idade média das presidiárias
fica entre 20 e 35 anos. Número que preocupa a diretora adjunta do
Instituto Auri Moura Costa, Mônica Damasceno. "Faixa etária muito jovem.
O que observamos é que essa mulher tem uma faixa etária mais ou menos
entre 20 e 35 anos, baixa escolaridade e ocupa hoje uma posição
secundária no tráfico. Também provedora da casa, por isso a preocupação
delas de se envolverem em atos ilícitos", afirmou.
Diagnóstico carcerário feminina
O questionário revela a nacionalidade, etnia, estado civil, faixa etária, nível de escolaridade, uso de drogas ilícitas ou licitas, tipificação penal, situação jurídica e social, tipo de assistência jurídica recebida, pena aplicada, regime em que se encontram aspectos relativos à saúde da mulher em situação de prisão.
Os dados colhidos, analisados e tabulados serão apresentados no
lançamento do diagnóstico “Mulheres em Situação de Prisão no Ceará –
Quem são e como estão”, em 8 de novembro, às 9h, no auditório Eudes
Veras da Secretaria da Justiça e Cidadania, na Rua Tenente Benévolo,
1055, no Bairro Meireles.
Espera por julgamento
Mesmo com o apoio da defensoria pública que ajuda a agilizar vários processos, a espera deixa algumas presidiárias apreensivas. A presidiária Helena Mendes não foi julgada e espera por uma definição. "Quando dá seis horas da tarde e vamos para as selas nos dá uma tristeza. Aquela solidão, saudade. Nunca mais eu quero voltar para cá", lamenta.
Trabalho interno
160 detentas trabalham em penitenciáriaa. Elas possuem vantagens como o pagamento de três quartos do salário mínimo que é administrado pelas famílias e redução da pena. Três dias de serviço representam um a menos de prisão. "Estou perdendo a melhor fase das minhas filhas, que é a adolescência. Fico aqui contanto os dias e estou muito ansiosa", disse a detenta Cristiane Silva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário