Existem vários discursos em relação à doação que cada policial deve
admitir em relação ao trabalho. A depender da carreira policial de cada
indivíduo, dos grupos a que pertence, da atividade que desempenha, sua
motivação pode chegar ao máximo desejado até o total desprezo às
necessidades corporativas.
Observando estas variações, surge a necessidade de refletir sobre alguns pontos:
A desmotivação conveniente
Conheço policiais que praticamente não enxergam algo de positivo na
organização que trabalham. Mesmo a mais bem intencionada e beneficente
medida que seus chefes adotam servem ao achincalhamento e negativação.
Com esta rechaça a tudo que é institucional, justificam para si mesmos a
desídia em sua atuação: omitem-se, escondem-se e até desfazem dos
propósitos profissionais.
Ao que parece, muitas distorções costumam se assentar em ambientes
onde a ignorância a certas regras se faz comum. Com isto quero dizer que
tomar como errôneos certos mandamentos institucionais como se fossem
uma condenação a todas as suas práticas é justamente fazer crescer o que
é digno de repulsa. Pressupor negativamente algo ou alguém é condená-lo
previamente ao negativo, hábito bem conveniente aos preguiçosos.
A motivação perigosa
Por outro lado, há certas motivações que devem ser cuidadosamente
esmiuçadas. Primeiro, a motivação acrítica, que ignora as implicações e
complicações que podem ocorrer após o ímpeto de fazer o certo. Se é
absurdo viver em estado de paralisia institucional, é perigoso tornar-se
o “bom soldado”, que executa ordens irrefletidamente, sem entender as
variáveis no contexto em que a missão deve ser cumprida.
Do mesmo modo, é bem possível que, mal intencionadamente, alguém
queira fazer do policial mera massa de manobra, expondo a vida do
sujeito a complicações. Há muita gente que manda sem ter capacidade,
coragem e ingenuidade de cumprir tal ordem.
A balança motivacional
Cremos que é possível um meio termo entre esses extremos, situado
entre a completa omissão e pessimismo sobre as possibilidades
profissionais e a adesão inconsciente a práticas que podem ser trágicas
para o indivíduo e a própria instituição.
Uma pergunta poderia ser feita por todos os policiais: o que eu
poderia fazer de melhor profissionalmente, orientando a organização em
que trabalho para algo positivo? O que eu deveria deixar de fazer, dado
que esta prática tem efeitos perversos para a polícia e a sociedade?
Sempre há uma boa resposta a ser dada…
Fonte: Abordagem Policial
2 comentários:
Bom texto. A reflexão se aplica a várias áreas profissionais, até a propria prática das pessoas.
Muito boa reflexão.
A sociedade está a cada dia mais insensata e pessoas que a compõe envolvendo-se em crimes banais e fúteis,sobrando prá Polícia enxugar gelo por causa de leis fragilizadas!
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