Um sargento da PM, dublê de motorista e segurança do juiz Fábio Uchoa, substituto de Patrícia Acioli - assassinada no dia 11- na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, perguntou ao magistrado como seria o esquema da primeira folga de fim de semana no novo cargo. Uchoa não hesitou:
- Ué, vai para casa.
Contra todos os apelos, a máxima concessão do juiz ao medo foi um carro blindado e o sargento que o guia. Mas o limite da proteção é o deslocamento entre a casa e o trabalho. Para dispensar o resto do aparato oferecido, Uchoa teve de assinar um ofício.- Já mataram Kennedy, o juiz Giovanni Falcone e balearam o Papa. Então, se alguém quiser me matar, não será a segurança que vai impedir.
Uchoa não mudou a rotina, mantendo até o hábito das corridas diárias, porque não teme que lhe aconteça algo em São Gonçalo. Com 16 anos de magistratura, ele diz que a serenidade na condução dos processos é a melhor blindagem contra o risco:
- Tenho fama de ser rigoroso. É uma convicção minha. Não posso agir num caso de homicídio como se fosse uma mãezona. Mas o mesmo rigor que uso para prender, uso para soltar, quando é o caso. Sou juiz, não justiceiro.
Amigo de Patrícia Acioli desde os tempos em que ambos eram defensores públicos, ele garante que a fama de durão está circunscrita às sentenças, pois sempre tratou com dignidade réus, advogados e promotores dos tribunais do júri. Para Uchoa, o réu culpado está sentado ali para receber uma sanção penal, e não para ser humilhado.
- Só saí do sério uma vez, porque o réu esticou o pescoço e fixou os olhos na minha direção. Tentou me intimidar, me afrontou. Então, virei para ele e disse: "O que está olhando? Não tenho medo de você e nem da sua quadrilha, aqui ou lá fora" - lembra.
Nos primeiros dias de trabalho, Uchoa já fez dois júris e presidiu audiências no lugar da colega assassinada. Não queria perder tempo e congestionar a pauta.
No primeiro júri, ele declarou prescrita a pena por uma dupla tentativa de homicídio. No segundo, absolveu os acusados de tentativa de homicídio: um por inocência e outro por legítima defesa. Mas alerta que as pessoas não devem se enganar: a mão pesada logo vai funcionar no outro lado da Baía de Guanabara.
Uma ironia marca os tempos de defensoria pública. Se hoje Uchoa é implacável com policiais matadores, admite que, como defensor, atuou com empenho para livrar das grades membros de grupos de extermínio da Baixada Fluminense e de outras cidades da periferia do Rio:
- Fazia a contragosto, mas fazia. Não gostava deles. Aliás, ninguém pode dizer que gosta de grupo de extermínio.
- Ué, vai para casa.
Contra todos os apelos, a máxima concessão do juiz ao medo foi um carro blindado e o sargento que o guia. Mas o limite da proteção é o deslocamento entre a casa e o trabalho. Para dispensar o resto do aparato oferecido, Uchoa teve de assinar um ofício.- Já mataram Kennedy, o juiz Giovanni Falcone e balearam o Papa. Então, se alguém quiser me matar, não será a segurança que vai impedir.
Uchoa não mudou a rotina, mantendo até o hábito das corridas diárias, porque não teme que lhe aconteça algo em São Gonçalo. Com 16 anos de magistratura, ele diz que a serenidade na condução dos processos é a melhor blindagem contra o risco:
- Tenho fama de ser rigoroso. É uma convicção minha. Não posso agir num caso de homicídio como se fosse uma mãezona. Mas o mesmo rigor que uso para prender, uso para soltar, quando é o caso. Sou juiz, não justiceiro.
Amigo de Patrícia Acioli desde os tempos em que ambos eram defensores públicos, ele garante que a fama de durão está circunscrita às sentenças, pois sempre tratou com dignidade réus, advogados e promotores dos tribunais do júri. Para Uchoa, o réu culpado está sentado ali para receber uma sanção penal, e não para ser humilhado.
- Só saí do sério uma vez, porque o réu esticou o pescoço e fixou os olhos na minha direção. Tentou me intimidar, me afrontou. Então, virei para ele e disse: "O que está olhando? Não tenho medo de você e nem da sua quadrilha, aqui ou lá fora" - lembra.
Nos primeiros dias de trabalho, Uchoa já fez dois júris e presidiu audiências no lugar da colega assassinada. Não queria perder tempo e congestionar a pauta.
No primeiro júri, ele declarou prescrita a pena por uma dupla tentativa de homicídio. No segundo, absolveu os acusados de tentativa de homicídio: um por inocência e outro por legítima defesa. Mas alerta que as pessoas não devem se enganar: a mão pesada logo vai funcionar no outro lado da Baía de Guanabara.
Uma ironia marca os tempos de defensoria pública. Se hoje Uchoa é implacável com policiais matadores, admite que, como defensor, atuou com empenho para livrar das grades membros de grupos de extermínio da Baixada Fluminense e de outras cidades da periferia do Rio:
- Fazia a contragosto, mas fazia. Não gostava deles. Aliás, ninguém pode dizer que gosta de grupo de extermínio.
Fonte: O Globo/CAMOCIM POLÍCIA24HS
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