23 de maio de 2011

DESFEITO O MISTÉRIO: ITALIANO FOI ASSASSINADO E SEU CORPO ENTERRADO EM COVA RASA.

Mário Procópio sumiu no Ceará em outubro de 2009. Agora, um exame de DNA atestou que ele foi brutalmente morto
 
Iraniano acusado de ser o mandante da morte do italiano

Um ano e sete meses após o misterioso desaparecimento do empresário italiano Mário Procópio, no Ceará, a Polícia Civil conseguiu, na semana passada, comprovar o que já era uma forte suspeita. O estrangeiro foi assassinado e teve o seu corpo ocultado em uma cova rasa. Com exclusividade, o Diário do Nordeste obteve os detalhes da investigação.
O caso vinha sendo investigado paralelamente pelas polícias Civil e Federal, já que o homem tido como principal suspeito de ter ´encomendado´ a execução é outro estrangeiro. 


Italiano assassinado
 
Trata-se do também empresário iraniano Farhad Marvizi, o ´Toni´, alvo principal da ´Operação Canal Vermelho´ da PF no ano passado. Os indícios colhidos até agora pela Inteligência indicam que Procópio foi mais uma vítima da extensa lista de pessoas assassinadas por ordem de Marvizi.

Sumiu
Mário Procópio foi visto vivo, pela última vez, na tarde de 29 de outubro de 2009, quando saiu de sua residência, uma casa de praia na Prainha, em Aquiraz (Região Metropolitana), na companhia de dois homens - já identificados pela Polícia - sob o pretexto de irem resolver negócios. Na ocasião, Procópio tinha em seu poder cerca de 30 mil euros (aproximadamente R$ 78 mil, na época).


A princípio, o caso foi tratado como um suposto sequestro e coube ao órgão específico da Polícia Civil, a DAS (Divisão Antissequestro), conduzir as investigações. Posteriormente, a Polícia Federal assumiu o caso, já que o nome do iraniano surgiu no andamento da apuração.

Há cerca de dois meses, a Polícia finalmente descobriu onde estava o corpo do italiano, um sítio localizado nas margens da Estrada da Coluna, no Município de Aquiraz. Foi ali que Mário Procópio tombou sem vida ao ser atingido por um tiro de pistola na cabeça.

Segundo atestou a Polícia, Procópio teve uma morte brutal. Pela posição e trajetória do disparo, provavelmente, ele teria sido obrigado a ajoelhar-se e recebeu um balaço na cabeça. Logo em seguida, os assassinos trataram de jogar o cadáver numa cova rasa.

Corpo do italiano morto

Com a descoberta dos restos mortais do italiano, o passo seguinte das autoridades foi o de ter a certeza de que a ossada era realmente de Mário Procópio. O exame de DNA foi encomendado à Perícia Forense.

Na semana passada, o laudo comprovando a identificação da vítima foi entregue aos delegados Francisco Carlos Crisóstomo e Sâmia Rios, do Departamento de Inteligência Policial (DIP).

Iraniano
As suspeitas em torno de um crime de ´encomenda´ estão robustecidas em vários depoimentos tomados pela Polícia Federal e repassados ao DIP. O nome de Farhad Marvizi surgiu de forma contundente nas investigações. Mário Procópio teria sido morto pelo motivo que outras dez pessoas, nos últimos três anos, cujos crimes são atribuídos diretamente ao iraniano e ao seu pistoleiro.

O homem que recebia a missão de executar os inimigos ou concorrentes de Marvizi era o sargento da Polícia Militar Jean Charles da Silva Libório, já preso juntamente com o patrão. Atualmente, os dois encontram-se recolhidos na Penitenciária Federal de Segurança Máxima do Mato Grosso do Sul.

O motivo da execução de Procópio seria um desentendimento em torno de negócios dele com o iraniano. Além disso, a Polícia suspeita que existiu ainda o roubo como componente deste enredo sangrento, já que o dinheiro, joias e a caminhoneta importada do italiano sumiram depois de seus suposto sequestro. Posteriormente, a Hilux dele foi encontrada incendiada em uma estrada ainda no Município de Aquiraz.

Alugado
O cenário do assassinato de Mário Procópio, conforme as investigações, teria sido previamente preparado pelo sargento Libório. Ele próprio teria alugado o sítio onde o corpo do italiano foi ocultado. Existe ainda indícios de que ´um homem branco, gordo´, teria estado na cena do crime, presenciando o momento em que Procópio foi levado para atrás da casa do sítio, obrigado a ficar de joelhos para, em seguida, ser fuzilado.

O ´homem branco e gordo´, segundo suspeitas Polícia, seria Farhad Marvizi.

A retirada da ossada do italiano foi processada por uma equipe de peritos da Pefoce, com a presença dos dois delegados do DIP. Diversas fotografias constantes nos vários volumes do inquérito mostram o material coletado para a análise de DNA. Para a Polícia, o mistério em torno do caso está desfeito.

INDÍCIOSIraniano é acusado de várias mortes
Crimes em sequência, todos praticados por atiradores que fogem em motocicletas. O rastro de sangue deixado por Farhad Marvizi no Ceará não tem precedentes, já que se trata de um estrangeiro. Desde o início das investigações da Polícia Federal em torno de seu nome, vários assassinatos ou tentativas que estavam sem esclarecimento começaram a ser elucidados.

Entre as vítimas das execuções sumárias estão comerciantes e empresários que teriam, voluntariamente ou não, entrado no caminho de Marvizi. Nas mãos da Polícia Judiciária cearense um leque de inquéritos busca esclarecer os crimes.

De fora
Para a Polícia Federal a surpresa veio na semana passada, quando a Justiça Federal decidiu por impronunciar (excluir do processo) o iraniano pelo crime de tentativa de assassinato contra o fiscal da Receita Federal, José Jesus Ferreira, crime ocorrido no dia 9 de dezembro de 2009.

E foi exatamente a tentativa de assassinato contra o servidor que gerou uma investigação por parte da PF. Em seguida, veio a descoberta de que Farhad Marvizi comandava um milionário esquema de contrabando.

Entre os crimes que estão no rol daqueles investigados com a indicação de que teriam partido do iraniano a ordem de executar as vítimas estão os que vitimaram os empresários Luzimário Ferreira da Silva e Francisco Francélio Holanda Neto.

Fuzilado
Luzimário era dono de um posto de combustível situado na esquina das avenidas João Pessoa e Eduardo Girão, no Porangabuçu. Na manhã do dia 7 de dezembro de 2009, ele foi executado com vários tiros de pistola de calibre Ponto 40 (0.40). O crime foi presenciado por vários funcionários e clientes do posto. "Ele (o pistoleiro) desceu da moto e mandou todo mundo se afastar. Depois disso, foi logo atirando", contou, na ocasião, uma das testemunhas.

Na morte do empresário Francisco Francélio, os assassinos estavam numa moto e perseguiram a vítima desde o momento em que ela saiu de seu estabelecimento comercial, a loja ´American Celular´, na Avenida Domingos Olímpio. O rapaz guiava sua caminhonete quando os bandidos o alcançaram na Rua João Cordeiro. Ele recebeu vários tiros´, mas o carro só parou após chocar-se contra um poste. Francélio ainda foi levado para o IJF-Centro, mas faleceu.

Com o impronunciamento de Marvizi, a defesa dele agora tenta revogar sua prisão preventiva A Polícia teme que, com ele solto, ocorram novos crimes.

INVESTIGAÇÃOSargento apontado como o executor

Sargento da PM acusado de ser o executor

Jean Charles da Silva Libório, o sargento da PM que se tornou matador de aluguel a serviço do iraniano Farhad Marvizi, surge em vários inquéritos como sendo o responsável pela execução das vítimas previamente escolhidas pelo mandante dos crimes.

Em dos crimes, segundo as autoridades, ele assassinou um casal e fugiu somente por alguns momentos. Logo depois, reapareceu na cena do duplo homicídio como se de nada soubesse e ainda indagou dos demais policiais que estavam ali o que havia acontecido.
Fonte: DN

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