17 de março de 2011

ESTUDANTE PASSA 7 MESES PRESA POR ENGANO

Universitária foi acusada de homicídio. Somente no último dia 11, o verdadeiro culpado confessou o crime

"Foi uma emoção muito grande. Me ajoelhei e agradeci a Deus". Essa foi a reação que a universitária Carla Gleydiane Marques Almeida, 23, teve quando tomou conhecimento da notícia de que o verdadeiro culpado do crime ao qual ela estava sendo acusada e que lhe custou sete meses presa na Cadeia Pública de Crateús (distante 354 Km de Fortaleza), havia sido finalmente detido e confessado o crime.

Na época do fato, Carla cursava Serviço Social quando sua vida tomou um rumo inesperado. Ela foi indiciada, denunciada pelo Ministério Público e pronunciada pela Justiça acusada da morte de Tais Duarte Matos, 16, ocorrida no dia 13 de julho de 2007. Na ocasião, a Polícia Civil encontrou em Carla a única suspeita do crime, pelo fato de ela ter um relacionamento amoroso com a vítima, que foi encontrada morta a facadas.Aliviada, mas ainda com as tristes lembranças na memória, Carla falou à Reportagem sobre os momentos de angústia que passou desde que foi acusada da morte de Taís.

Humilhações

Com lágrimas nos olhos, ela revelou o drama antes e depois da prisão. "Tomei um susto quando fui presa. Não conseguia acreditar. Passei por humilhações. Meus pais eram chamados de pais da assassina e tiveram que sair da cidade. Mesmo depois que saí da cadeia, quando eu passava na rua, as pessoas falavam: olha a assassina", contou.

Segundo Carla, quatro dias depois do assassinato, ela foi presa quando dormia em sua residência em Crateús, por força de um mandado de prisão. A partir daí, apesar de alegar inocência e não haver provas concretas contra ela, permaneceu recolhida na unidade prisional do município, onde teve problemas hepáticos e só conseguiu sair em fevereiro de 2008.

Depois de recorrer ao Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), e ter o pedido de liberdade negado, os advogados criminais Paulo Quezado e João Marcelo Pedrosa impetraram um habeas corpus, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que teve como relator o ministro Paulo Galloti.

No dia 12 de fevereiro, o ministro do STJ decidiu pela liberdade da jovem e, desde então, mesmo fora do cárcere ela viveu anos de angústia, incertezas e recursos judiciais tentando provar a sua inocência. Até que, no dia 11 deste mês, o verdadeiro culpado confessou o crime.

Investigação

Diante dos pedidos da defesa e das dúvidas que pairavam sobre o caso, o atual delegado regional de Crateús Ricardo Savu, deu continuidade às investigações, juntamente com inspetores daquela regional. As ações policiais culminaram na prisão de Josimar Alves da Costa, 23.

Segundo o delegado, depois de algumas diligências e de uma denúncia anônima, eles chegaram ao verdadeiro autor do crime. Preso por conta do roubo a uma casa de shows juntamente com um adolescente, Josimar foi interrogado sobre o assassinato da adolescente.

De acordo com a Polícia, ele confessou ter sido autor do crime e apontou outras pessoas que também teriam participado da trama criminosa, entre elas uma mulher que, na época do fato, era adolescente. Conforme as investigações, o crime teve motivações passionais.

Josimar teria cometido o crime por gostar da adolescente apontada como mandante, que por sua vez, seria apaixonada pela vítima e como não era correspondida resolveu orquestrar o assassinato dela. Josimar foi ouvido pelo Ministério Público (MP) estadual e teve a prisão preventiva decretada pela juíza Carla Suziane Alves, da Comarca de Crateús.

Absolvição

Carla ainda aguarda que seu nome seja excluído do processo em que figura como ré. "Esperamos a absolvição por inexistência de responsabilidade", afirmou Quezado. Depois da exclusão, a estudante ingressará com uma ação de reparação de danos contra o Estado do Ceará. 
Fonte: DN

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