A cidade parou!
Literalmente.
Não havia espaço mais no
ginásio para tanta gente e a multidão se concentrou do lado de fora. Mas nem
mesmo o calor intenso arrefeceu o ânimo daquelas pessoas que foram lá,
prestigiar o filho da terra, que virou celebridade apodiense da forma mais
indesejável possível.
Compareceram os
representantes das diversas igrejas, evangélicas e católicas; autoridades
parlamentares potiguares, a polícia militar do Rio Grande do Norte,
representada por homens de vários grupamentos, guardas municipais, agentes
penitenciários, bombeiros, que fizeram a condução do corpo até o cemitério em
carro aberto, a imprensa e a grande massa da população local, que fez do
cortejo, o maior funeral da história da cidade.
Mas estávamos também lá, nós
que fazemos a segurança pública do Estado do Ceará. O Corpo de Bombeiros mandou
seu representante, a Polícia Militar do Ceará, merece um destaque especial
nessa nota. Parecia que Apodi era bem ali, a poucos quiilômetros de Fortaleza. Um
quantitativo imenso de policiais de diversas companhias, da capital e do
interior, se fizeram presente para as honrarias necessárias.
E quando digo que a PMCE
merece um destaque nessa nota, é para que se faça justiça. Havia muita queixa,
em tempos passados, sobre a ausência da Instituição em situações como essa, mas
precisamos dizer que isso é sim coisa do passado. Deixo aqui meu reconhecimento
ao Comando Geral, na figura do Coronel Franco Neto, representando o Comandante
Geral, e à Secretaria de Segurança, na pessoa do Coronel Prado, que desde o dia
da ocorrência que vitimou o Hudson, não mediram esforços para que ele tivesse
todo o amparo possível. Sabemos que o sistema é precário e que ele precisava
ter sido imediatamente transferido para a UTI, o que não se deu. E nem sei até
que ponto isso pode ter sido determinante ou não para sua morte. Mas sei que
não foi omissão dos nossos comandantes.
Agora, a pergunta é: estavam
todos lá? E infelizmente a resposta
mais uma vez é, NÃO!
Não vimos nem nos dois dias
que Hudson passou no IJF, ou no funeral, nenhum membro das comissões de
direitos humanos. Sua jovem esposa, agora viúva, está lá, precisando de apoio,
de acompanhamento psicológico para esse momento de extrema dor. Será que eles
se preocuparam com isso? Parece que não.
Aos meus amigos e amigas,
operadores dos Direitos Humanos, me desculpem, não é nada pessoal, não é nada
contra a valorização dos Direitos Humanos para todos os Humanos, é apenas o desejo
de que nos reconheçam como detentores também desses direitos. Além da farda e
do mito, há um homem, uma mulher; pais e mães, esposas, maridos, filhos,
amigos, que também precisam ser lembrados.
Texto extraído da página do facebook do Reginauro Sousa