10 de novembro de 2011

POLICIAIS MILITARES E CIVIS BRIGAM POR PRISÃO DO TRAFICANTE "NEM DA ROCINHA"

A prisão do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi marcada por confusão que envolveu policiais militares, civis e federais, além de advogados do criminoso. Os PMs que abordaram o Toyota Corolla em que o chefe do tráfico da Rocinha (zona sul do Rio) foi capturado na madrugada de quinta-feira (10) dizem que um dos homens que acompanhava o bandido chamou um suposto delegado da Polícia Civil por telefone.
O telefonema aconteceu antes de o traficante ser descoberto no porta-malas do carro.

Segundo o cabo André Souza, que participou da prisão, o suposto delegado compareceu ao local com dois inspetores e queria levar o veículo para a delegacia e assumir a ocorrência.
- Chegaram ao local um delegado da Polícia Civil e dois inspetores que foram chamados por um dos advogados dele [do Nem]. O delegado quis assumir o caso, mas, como naquele momento a ocorrência era nossa, solicitamos a presença do tenente (que estava na supervisão da operação) para que pudéssemos abrir o porta-malas.

O primeiro tenente Disraeli Gomes contou que, àquela altura, já desconfiava que o chefe do tráfico da Rocinha estivesse no porta-malas do Toyota Corolla, cujo um dos ocupantes se identificou como cônsul honorário do Congo. O veículo estava com a suspensão traseira muito baixa. Além disso, o carro se movia, mesmo quando todos os ocupantes estavam fora dele.

Os advogados do traficante já haviam oferecido propina duas vezes aos PMs. Da primeira vez, chegaram a assumir um crime de evasão de divisas para justificar o motivo pelo qual não queriam abrir o porta-malas do carro. De acordo com os policiais, os suspeitos disseram que tinham R$ 1 milhão no veículo e pediram que os PMs determinassem quanto eles queriam para liberá-lo.

Diante da negativa, eles pediram para o tenente se afastar do grupo de PMs que estavam no local, para que a mala fosse aberta. Poucos metros adiante, veio a segunda investida dos advogados. Um deles teria dito: “Vamos resolver a questão. Para que isso? Estamos com pressa, R$ 20 mil resolve?”. Neste momento, os PMs deram voz de prisão aos ocupantes do veículo. Durante a confusão, chegaram os policiais civis, chamados pelos advogados e, logo em seguida, os agentes federais acionados pelos PMs, já que um dos ocupantes do carro seria um cônsul.

No tumulto, um PM teria usado uma faca para cortar o pneu do veículo em que o traficante estava para impedir que o carro fosse retirado sem que a revista tivesse sido finalizada. Um dos PMs também afirmou que Nem estava no veículo, mesmo antes que a mala tivesse sido aberta.

Sabendo que o traficante não conseguiria fugir, um dos advogados chamou um agente da Polícia Federal e admitiu que Nem estava no veículo. Com isso, a mala foi aberta, revelando o traficante mais procurado do Rio com uma expressão assustada. Não se tem informações sobre quem são os supostos policiais civis.

O R7 procurou a assessoria de imprensa da Polícia Civil, que informou não ter conhecimento do caso. A reportagem também fez contato com a corregedoria do órgão, mas até a publicação desta matéria não havia obtido retorno.
No veículo, foram encontrados 50,5 mil euros (R$ 121 mil) e R$ 59,9 mil (ao todo R$ 180 mil). Todos foram levados para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá (centro), e transferidos nesta quinta-feira para o Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste.
Os advogados vão responder por favorecimento ao tráfico e corrupção ativa. Já o suposto cônsul do Congo foi solto e deve responder em liberdade por favorecimento ao tráfico.
 






R7

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