18 de dezembro de 2010

GATE FAZ DESARME DE BOMBAS

Policiais do grupo de elite da PM cearense estão capacitados para combater crimes com o emprego de artefatos.


Manhã de quarta-feira, dia ensolarado em Fortaleza. Os "homens de preto" da Polícia Militar cearense desembarcam em mais uma missão contra o terror imposto pelos traficantes na Comunidade Pôr-do-Sol, na Grande Messejana. Nos dias anteriores, policiais civis e integrantes do Batalhão de Policiamento Comunitário (Ronda) trocaram tiros com bandidos da área que insistiam em fechar algumas ruas do bairro para impedir o acesso de viaturas à área.

"Chegamos lá, as barreiras haviam sido colocadas de novo. Tiramos tudo e ocupamos a área. A tranquilidade voltou para os moradores", conta o capitão PM Antônio Cavalcante, comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

Treinados 
Dessa mesma forma tem acontecido em outros pontos da Capital e até mesmo do Interior do Estado. Quando a situação complica para o policiamento ostensivo, o Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque) mobiliza suas forças especiais. "São homens que se mantêm mais aquartelados, em treinamento pesado, e que têm uma preparação especial para ocorrências de maior gravidade. Os nossos homens estão prontos para atuar, a qualquer momento, no desarmamento de bombas, ocorrências em penitenciárias e para o resgate de reféns, por exemplo", destaca o oficial.

No dia da visita da Reportagem ao quartel do Gate, a equipe do Esquadrão Antibombas realizava mais um treinamento. As ações são desencadeadas sem nenhuma diferenciação de uma operação real. "Seguimos o protocolo, fazemos o passo a passo que seria realizado numa situação real. Nada aqui é de brincadeira", salienta o capitão Cavalcante.

E a operação começa. Enfileirados, quatro policiais treinados para lidar com todos os tipos de explosivos chegam a um gramado de futebol onde existe um artefato preparado para explodir. Inicialmente, os PMs conversam e analisam rapidamente a situação. "Tudo tem que ser avaliado: o lugar, o tipo de artefato, todos os riscos envolvidos", diz o comandante, que acompanha de uma distância segura o trabalho de sua equipe.

Após a análise, é feito o check (verificação) de equipamentos, a observação por um binóculo e um ou dois PMs aproximam-se do objeto suspeito. Em seguida, como se trata de uma caixa de papelão fechada e o local é propício para explosão, uma carga d´água é utilizada para desmantelar a embalagem. É a chamada contracarga. Em poucos segundos, a caixa é detonada com a carga d´água e a granada que estava dentro fica exposta.

"Sempre em situações reais, fotografamos tudo, antes e depois. É uma maneira de os peritos terem acesso ao material, já que não podem se aproximar dele", conta o capitão.

Um dos policiais que participaram do treino é o soldado José Alex Sampaio Mendes. Com 12 anos na PM e metade deste tempo integrando a tropa de elite da Polícia do Ceará, Mendes passou, recentemente, uma semana em Brasília adquirindo novos conhecimentos na área ´Antibombas´.

Explosivos 
Tranquilidade, responsabilidade, alto grau de inteligência e um ótimo preparo físico são, para ele, requisitos essenciais para o trabalho que desenvolve.

"Quando lidamos com explosivos, há uma tensão natural do trabalho. Por isso, temos que seguir os protocolos de segurança e estar o mais tranquilo possível na hora da ação", assinala.

Ricardo Santos, soldado, com dez anos na PM e três no Gate, é um dos poucos ´caveiras´ atualmente, no Ceará. O título - que é o mesmo dos policiais que conseguem completar o difícil curso para ingressar no Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM do Rio de Janeiro - foi adquirido depois de cinco meses e meio de treinamento no Bope. "A turma começa com dezenas de candidatos, mas termina sempre com poucos, entre 15 a 20. Meu curso começou com 69 e terminou com 17".

PROTAGONISTA

Capitão PM Antônio Cavalcante

Considerado um dos mais preparados oficiais da Polícia Militar, Cavalcante comanda o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), unidade do BpChoque responsável pela resolução de ocorrências consideradas de altíssima complexidade, como resgate de reféns em cativeiros, veículos ou aeronaves, e contenção de motins

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