7 de dezembro de 2017

POLÍCIA FEDERAL DESCOBRE REDE CRIMINOSA FORMADA POR POLICIAIS CIVIS CEARENSES LOTADOS NA DIVISÃO DE COMBATE ÀS DROGAS


Segundo a PF, três delegados, três inspetores e 10 escrivães da Divisão de Combate ao Tráfico são investigados. Armas e drogas foram apreendidas.

Seis pessoas - entre elas policiais civis - foram presas em flagrante nesta quarta-feira (6) durante uma operação da Polícia Federal que investiga um suposto esquema criminoso de tráfico, extorsão e corrupção realizado por agentes da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), da Secretaria de Segurança Pública do Ceará. Ao todo, segundo a PF, três delegados, três inspetores e 10 escrivães da delegacia especializada são investigados. Pessoas que não são agentes públicos e colaboraram com o esquema também são investigados.
Dos três delegados investigados na operação, dois foram afastados dos cargos: Patrícia Bezerra, diretora da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas; e Lucas Aragão, delegado-adjunto da Divisão. A terceira delegada, Ana Cláudia Nery, teve busca, condução coercitiva e remoção compulsória, ou seja, foi transferida - por decisão judicial - para outro setor, na área administrativa.
O advogado Leandro Vasques, que representa os três delegados investigados, disse - por meio de nota - que somente irá se pronunciar após obter cópia integral do inquérito, mas afirma que não há qualquer comprometimento de nenhum dos delegados da polícia civil em nenhum ilícito.
"Certamente está havendo um grave equívoco de interpretação. Os três delegados não tem uma nódoa sequer em suas vidas funcionais, possuem passado inatacável, de modelares ações. Não podemos admitir acusações genéricas como as que aparentemente motivaram a presente Operação...reputações são dilaceradas, biografias de vida são vilipendiadas...lamentável estar presenciando a tudo isso", afirma o Leandro Vasques.

Afastamento

Dez agentes da Polícia Civil foram afastados das funções e outros seis foram removidos para atuação em funções administrativas. A PF também não divulgou os nomes nem os cargos dos suspeitos que sofreram as medidas administrativas. Após a operação, o titular da Secretaria da Segurança Pública, delegado André Costa, anunciou a mudança no comando da DCTD.
A Operação Vereda foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (6), com a atuação de 150 policiais civis e o apoio de agentes da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Foram 27 mandados de busca e apreensão, 25 mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor) e 10 mandados de afastamento de funções, com recolhimento das armas e identidades funcionais.
Além dissso, foram apreendidos, durante a operação, R$ 340 mil em espécie, cédulas falsas, armas e aparelhos celulares. Todo o material está sendo examinado pela pericia técnica cientifica da PF.
Segundo o delegado federal Gilmar Santos Lima, que conduziu as investigações, um grupo de policiais lotados na DCTD é suspeito de receber dinheiro de um homem que traficava substâncias anabolizantes de outros países para o Ceará. Os suspeitos são investigados, de acordo com suas participações, pelos seguintes crimes: Comercialização ilegal de anabolizantes; Peculato (apropriação ilegal de recursos públicos); Concussão (vantagem indevida exigida por servidor público); Corrupção passiva (solicitar ou receber vantagem); Associação criminosa; Falsificação de moeda e Tráfico de drogas.

CGD

Em nota, a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) informa que já tomou as providências para instauração dos procedimentos disciplinares e que foi solicitado, à Polícia Federal, cópia do inquérito policial e o compartilhamento das investigações para a devida apuração na seara disciplinar. A CGD diz, ainda, que se comprovado o envolvimento dos policiais, a punição poderá culminar até com a demissão dos mesmos.

Delação e suspeito assassinado

O delegado Gilmar Santos informou que a Polícia Federal iniciou as investigações em 2016, quando o traficante foi preso e procurou o Ministério Público Federal (MPF) para um acordo de delação premiada. O preso contou aos investigadores que os agentes cobravam dinheiro para evitar a prisão.
"Os policiais envolvidos e os criminosos faziam acordos para livrar os flagrantes com o pagamento de valores. Os valores eram pagos para que não fossem registrados inquéritos, não houvesse o processo policial. Durante a investigação, foram pedidas medidas cautelares e através de escutas telefônicas conseguimos identificar a conduta de cada pessoa envolvida".

Santos afirmou que, além dos 16 agentes civis da DCTD, também são alvos da operação 9 pessoas que não são policiais. Um dos suspeitos, que não era policial, foi assassinado no último fim de semana. A polícia investiga essa morte.

Fonte: G1Ce

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